Alex Kidd in Miracle World DX

Qual é o propósito de um remake? Para mim, um bom remake pega um jogo que, por limitações tecnológicas ou até de game design, não atingiram todo seu potencial originalmente. Isso envolve pegar o que foi aprendido em jogos posteriores e incorporar esses elementos ao clássico defasado. Exemplos disso incluem, é claro, Metroid: Zero Mission e Resident Evil 2, que para mim são dois dos melhores remakes já feitos. Em alguns casos, como Demon’s Souls, o jogo original não era tão defasado assim, então basta uma nova camada de tinta e alguns aprimoramentos de qualidade de vida para justificar o relançamento.

Alex Kidd in Miracle World DX pode servir como uma experiência nostálgica para os jogadores que cresceram com um Sega Master System. Na minha opinião, porém, fracassa no objetivo que deveria ser central de um remake, que é trazer a experiência para um novo público. A proposta aqui é oferecer novos visuais e trilha sonora ao jogo, mas mantendo o level design e a física do jogo intactos. Porém, rapidamente se vê que foi uma decisão infeliz por parte dos desenvolvedores.

As atualizações visuais e sonoras ao jogo são, realmente, muito agradáveis — gostei bastante do pixel art e dos novos arranjos das músicas. Mas esse visual modernizado apenas serve para enganar o jogador sobre a jogabilidade ser igualmente modernizada, que é onde tudo despenca. Alex Kidd é difícil de controlar e escorrega por toda parte, morre em um hit para absolutamente tudo, caixas podem conter itens ou um fantasma que te persegue, e os bosses são ridículos (mais da metade deles são apenas partidas de jokenpo). Naturalmente, se você não tem familiaridade com o jogo original, recomendo ativar o modo de vidas infinitas, que é a maior mudança oferecida nesta versão do jogo.

Com apenas um botão, é possível trocar a versão modernizada do jogo por uma aproximação dos gráficos e sons originais em 8-bit. É feio, mas pelo menos há um efeito mental que me prepara para o tipo de besteira que realmente só vemos em jogos dos anos 80. Além disso, parece que as hitboxes dos inimigos e do próprio Alex Kidd fazem mais sentido em 8-bit, pois as proporções de alguns sprites mudaram.

Fora isso, o level design faz pouco para melhorar a experiência. Na maioria das vezes (como todo bom jogo 8-bit), é mais sensato seguir estratégias de speedrun e percorrer a fase mais rapidamente possível do que calmamente tentar abordar inimigos e coletar dinheiro. Esse dinheiro pode até ser útil, pois nos permite comprar itens para usar depois, mas descrições do que os itens fazem não estavam na lista de elementos de qualidade de vida que poderiam ser incorporados nesse remake.

A pior parte do jogo, para mim, foi esta:

Os controles aquáticos são um pouco estranhos (sem apertar nada, Alex flutua para cima), então imaginei que a solução seria rápidos toques para baixo enquanto navego horizontalmente entre os espinhos. Na verdade, a solução é mais simples, mas nada no jogo me levou a entender que a cabeça do personagem é resistente aos espinhos. Então a fase vai de impossível para trivial, pois por algum motivo o cabelo de Alex Kidd também serve de capacete. Só descobri isso depois de dúzias de tentativas e uma conversa com outro amigo que, por acaso, também estava jogando o jogo naquele dia.

Alex Kidd in Miracle World DX é uma adaptação excessivamente autêntica do clássico jogo de Master System. Não entendo bem quem é o público-alvo deste lançamento, pois fãs do jogo nunca deixaram de curtir o original, enquanto um público moderno é melhor servido por outros jogos de plataforma por aí. É realmente uma pena, porque um jogo verdadeiramente moderno com a estética deste remake poderia ser bem divertido, mas a física escorregadia torna tudo frustrante, enquanto as fases em si têm poucos elementos criativos de design.