Síntese: Balan Wonderworld - Neo Fusion

Balan Wonderworld

30 de março de 2021
Cópia digital da versão de PS4 cedida pela Square Enix.

O mais recente lançamento da Square Enix, Balan Wonderworld, é um artefato de 20 anos atrás. Se fosse lançado para o Nintendo 64 ou para o Sega DreamCast, talvez até teria uma recepção melhor. Não foi o caso. Lançado para consoles modernos, inclusive para os poderosos Playstation 5 e Xbox Series, o jogo tenta prometer a partir de cores e designs um tanto quanto descolados uma experiência diferente e divertida. O que ele consegue é acabar com a felicidade de quem o joga. 

Yuji Naka, designer japonês renomado e conhecido por ter criado Sonic The Hedgehog e Nights Into Dreams, é o grande responsável por essa obra. É inegável que, ao ligar Balan Wonderworld, o DNA desse cara está presente tanto nos personagens controláveis, que remetem à essência de ser “maneiro” dos anos 1990, quanto na companhia que embarca nas jornadas pelos mundos do jogo, Balan — honestamente bastante parecido com o personagem Nights.

O problema é que todos eles, em geral, evoluíram com o passar do tempo: a percepção do público, o que é considerado legal, divertido, muda de tempos em tempos. Quem cresceu nos anos 90 acha jogos de plataforma 2D incríveis, mas quem cresceu na metade dos anos 2000 tem um carinho especial pela franquia Call of Duty. Talvez Naka estivesse querendo apelar para uma parcela nostálgica dos Collect-A-Thon, mas o que ele errou foi que eles sentem falta de Collect-A-Thon novos!

Eu fiquei bastante impressionado em como o jogo tenta, a todo momento, reinventar a própria roda, mas como quase toda tentativa parece muito mais “chover no molhado” do que qualquer outra coisa. Em um mundo cheio de água, por exemplo, use a roupa que te permite nadar. Na próxima fase, porém, você será introduzido a uma roupa que permite nadar e pular, tornando inútil a roupa anterior. Não faz sentido.

Antes fosse com um distanciamento, alguns mundos de diferença, mas não. É literalmente na fase seguinte. O jogo parece que respira à base da durabilidade artificial, e honestamente isso não seria um grande problema. Jogos como Super Mario Odyssey fazem isso. O problema é que o citado jogo do encanador faz isso em rotas alternativas e bem mais pra frente no jogo, não no primeiro mundo. 

Não ajuda nem um pouco também que as fases de Balan Wonderworld parecem ter sido construídas para não fazerem sentido. Em um viés lúdico, elas flutuam num mundo vazio, e são construídas acima de tudo de cubos. É óbvio que vários lugares delas estão sendo limitados por, olhe só, roupas com habilidades específicas, mas ao mesmo tempo uma grande quantidade de mecânicas e de física mal implementadas permitem que o jogador os acesse bem antes. 

É impressionante. É um produto de 60 dólares que faz com que você constantemente quebre o jogo para atingir os resultados que espera. Honestamente, eu arrisco dizer que nem como kusoge, os jogos quebrados japoneses, ele se encaixa. Aqui não tem diversão no jogo, e não fazer sentido é lei.

Porém, o que mais me intriga, é como esse jogo é vendido para crianças. A implicação do jogo é clara: você está no coração deprimido de pessoas restaurando a felicidade delas. Restaurando uma nadadora que sofreu um acidente após um golfinho destruir o equipamento respiratório dela e a deixou em coma e traumatizada. Isso é exibido em uma cena, que por sinal, é muito pesada. E as fases parecem carnavais ao mesmo tempo. Isso me incomoda muito. Eu entendo aqui a mensagem que Yuji Naka quis passar, mas porra, não dava pra ter um subtexto? É impressionante a falta de tato.

E no fim, Balan Wonderworld é isso: um jogo que parece ter saído dos anos 2000 e que talvez também não tenha o tato que a humanidade desenvolveu nesse tempo. É triste, mas eu não recomendo. Se querem algo que tem alguma coisa de Yuji Naka, Sonic Mania está aí nas lojas virtuais.

Nota do editor: o jogo é tão esquecível que o autor escreveu Balan Wonderland no título e no discorrer no texto, e eu mesmo tive que editar. Realmente…fascinante.

Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm