Apesar de descender de uma família tradicionalmente ligada em jogatina — nada muito preocupante, meu tio passou “apenas” 72 horas em uma mesa de carteado para recuperar um carro —, eu nunca fui grande fã de Vinte-e-Um, jogo de cartas originalmente concebido e/ou replicado por Miguel de Cervantes em Dom Quixote. Conhecido formal e internacionalmente como blackjack, a viciante atividade se tornou um dos maiores fenômenos dos cassinos — figurando, inclusive, minigames embutidos em jogos de grande orçamento. Foi em uma dessas oportunidades que comecei a me interessar pelo jogo: de five finger fillet a queda de braço, o primeiro Red Dead Redemption apresentava uma diversidade impressionante de disputas para matar o tempo no velho-oeste, e entre elas estava o Blackjack.
No auge de minha juventude — alguns anos após minhas dezenas de horas investidas (lê-se “perdidas”) nesse tipo de conteúdo desprezível —, tive a oportunidade de visitar o Seminole Hard Rock Hotel & Casino em 2014. Como uma pessoa que na época era a própria representação humana da badalação, imbuído do espírito desbravador e larápio do intercambista brasileiro, não pensei duas vezes em levar pelo menos uns 50 dólares para torrar sem qualquer pudor na ocasião. O dólar estava na casa dos R$2,30 quando viajei, então esse valor certamente não reflete a cotação atual, quase equivalente ao PIB do Principado de Mônaco. Entrei no recinto e, em meio àquele show de brilhos e sons hipnotizantes, avistei uma mesa com dois jogadores (além do crupiê, responsável por distribuir as cartas e gerenciar as fichas da mesa). Não hesitei em me aproximar e apostar dez dólares na mesa de Blackjack, que sumiram num piscar de olhos sem eu nem mesmo me dar conta de que havia perdido.
Rápida também foi minha experiência com Blackjack Hands. Finalmente chegamos ao jogo em questão, uma mistura de 21 com 2048. Para quem não conhece, o último foi popularizado especialmente em dispositivos Android nos anos 2010, e se trata de um jogo no qual devemos arrastar um número de valor X para próximo de outro do mesmo valor a fim de somar quantias cada vez maiores até atingir 2048 (daí o famigerado título). Assim como 1 e 1 podem ser combinados para formar 2, cartas de diferentes cores podem ser agrupadas em Blackjack Hands, somando ou subtraindo valores a cada movimento. Falando em movimentação, essa pode ser controlada por tela de toque (no modo portátil) e pode revelar uma carta sobressalente de diferentes espaços na mesa.
Há cartas com valores positivos e negativos, e os diferentes símbolos correspondem a pontos específicos assim como no Vinte e Um. Ao aglutinar mais e mais cartas, o resultado pode ser menor, igual ou maior que 21 — e é por aqui que os conceitos do jogo de cartas se tornam práticos. Se por acaso sua pontuação for maior que 21, você estoura o limite e deve reiniciar o estágio. Se a sua pontuação atingir exatamente 21, você ganha automaticamente. Os resultados que ainda não atingiram ou ultrapassaram o objetivo competem diretamente com o resultado do oponente, representado na porção superior direita da mesa. A comparação entre seu total e o dele, porém, só será realizada quando esgotados os movimentos possíveis.
Não é muito difícil vencer as partidas, já que há bastante espaço (e tempo ilimitado) para usar estratégias e chegar à pontuação exata. A quantidade de cartas disponíveis para serem combinadas, mesmo em estágios mais avançados, é mais do que suficiente. Após meus 30 minutos na campanha (sim, ele é bem curtinho), voltei até as fases intermediárias e fiz um teste: fechei os olhos e mexi aleatoriamente. E não é que em parte das “mãos” eu acabei vencendo? Isso não descredibiliza o produto, mas o torna bem simples. Por outro lado, cabe praticamente no bolso de qualquer um — seja pela portabilidade no Switch ou por ser bem barato, especialmente na Steam. Mostrando ele para pessoas pouco familiarizadas com videogames, mas que gostam bastante de um carteado, cheguei à conclusão que remete bastante às experiências de Paciência Spider e FreeCell, sucessos dos tempos áureos de Windows 98/XP.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm