Fiquei sabendo sobre Paradise Lost poucas semanas atrás e fiquei intrigado com a ideia de explorar um bunker nazista numa história alternativa da Segunda Guerra Mundial. Poderia, talvez, ser uma visão um pouco mais “pé no chão” das maluquices que vemos nos jogos Wolfenstein.
Infelizmente, este jogo não está pronto para ir a público. Inclusive, não consegui terminá-lo — desisti após encontrar dois crashes e dois outros bugs diferentes que me impediram de progredir. Pelo que percebi, estava perto do final da campanha (capítulo 4 de 5) e a narrativa tem um aspecto em particular que me deixou minimamente intrigado e com vontade de ver o final, mas, após tantas tentativas, tive que desistir.
Paradise Lost é, de acordo com os próprios desenvolvedores, um “walking simulator” dos mais puros. Não tinha a expectativa de decapitar nenhum nazista, porém, mesmo sem combate, o jogo (ou não-jogo?) não tem quase nada de interessante com o qual engajar. Não existem puzzles nem desafios de exploração. A progressão é sempre no formato de ver uma passagem bloqueada e andar no cenário até tropeçar em algum objeto que talvez seja o que precisamos para desbloquear o caminho. Às vezes, o objeto nem tem alguma relação direta com o objetivo — muitas vezes basta interagir com algum elemento narrativo para ouvir um diálogo, por exemplo, para só então podermos progredir, inexplicavelmente. No meio tempo, podemos ver fotos e ler documentos que mostram como era a vida naquele bunker.
Tudo isso seria menos cansativo se o andar do personagem não fosse tão lento. Simplesmente andar ao redor de uma sala procurando algum objeto torna-se uma tarefa monumental quando tudo é tão devagar. Eu acho que o gatilho esquerdo aumenta a velocidade, mas, se sim, é uma diferença tão pequena que até agora estou em dúvida se não foi só impressão minha. Eu entendo que nem todo jogo precisa ter um personagem que parece ter cheirado um balde de cocaína à la Doom Eternal, mas a lentidão de Paradise Lost me fez literalmente cair no sono em duas ocasiões diferentes.
Não quero desmerecer os esforços dos desenvolvedores, que claramente são iniciantes e com orçamento baixo, mas acredito que algumas coisas técnicas teriam sido muito fáceis de melhorar. Naturalmente, aumentar a velocidade do andar ajudaria imensamente. Quando há um flashback, a tela fica inteiramente branca por um tempo, de forma a irritar quando jogamos no escuro. A câmera balança demais ao andar, uma característica que pode causar enjoo a alguns jogadores. Autosaves também deveriam ser mais frequentes, ainda mais considerando o quanto o jogo tende a quebrar nas últimas partes. Em algumas partes, usamos uma espécie de computador que registrava eventos que ocorriam nos bunkers, e essas partes são sempre muito mais longas do que necessárias (e, claro, não podem ser puladas).
Por fim, o aspecto positivo: ao longo do jogo, interagimos por meio de microfones e alto-falantes com uma garota chamada Ewa, localizada em alguma parte remota do bunker. Nosso personagem, por sua vez, é um garoto que recentemente perdeu a mãe e entrou no local em busca de respostas sobre seus pais. Essa interação entre os dois é, de fato, a parte mais charmosa da experiência inteira, me remetendo a algo similar em Firewatch. Os dubladores claramente não são profissionais e têm um autêntico sotaque polonês que ainda adiciona ao charme (eu também teria aceito uma opção de ouvir as falas em polonês para algo mais autêntico). Porém, há uma alusão a um grande plot twist sobre isso no final do jogo e, graças a todos os problemas citados anteriormente, acho que não vou saber a conclusão dessa história tão cedo.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm