Quando o assunto é ação frenética representada sob uma roupagem cartunesca ou pixelada, a aposta é certa: há grandes chances da Devolver Digital estar envolvida. A publicadora independente que arranca risos e gritos de surpresa anualmente em sua cômica conferência na E3 escolhe a dedo os projetos e estúdios que decide apoiar, muitos deles focados em entregar experiências mecanicamente satisfatórias — como My Friend Pedro, Katana Zero e Hotline Miami.
Ao esbarrar em uma correspondência eletrônica contendo uma cópia digital de Ruiner, assisti a um trailer para saber do que se tratava. Ao contrário da impressão confeccionada dentro da minha cabeça antes de me aventurar pelas vívidas esquinas e becos que ardem os olhos em tons de vermelho e preto, percebi que o jogo é muito mais competente em ambientação, narrativa e construção do universo que outros deste tipo, deixando um pouco a desejar (pasmem) justamente na jogabilidade.
Ruiner funciona muito bem mecanicamente falando, mesmo que haja muitas coisas acontecendo na tela ao mesmo tempo. Das mais letais espadas aos futurísticos canhões a laser, nota-se uma variedade considerável de armas. As habilidades ativas e passivas, desbloqueadas quando investimos pontos adquiridos na progressão de níveis, expandem ainda mais as possibilidades — especialmente graças à opção de remanejar pontos para trocar suas habilidades a qualquer momento.
Entre as habilidades que podem ser aprendidas, há algumas que gastam pontos de energia, um recurso tão abundante quanto pontos de vida no jogo. Mas não se engane: abundância de recursos requer dedicação e bons reflexos por parte do jogador na hora de eliminar as constantes ameaças ao seu redor. Hordas de inimigos humanos armados até os dentes — que podem ser brutalmente finalizados à la Doom Eternal — dividem o antagonismo com maquinários autômatos — com aquele “estilão” visto em jogos como Sine Mora.
Por mais que isso seja divertido, atirar e desviar podem se tornar ações exaustivas. Seu universo distópico, por outro lado, é bem trabalhado e interessante quando pensamos no tipo de experiência que ele propõe. Sair atirando e eliminando inimigos na pele (ou na carcaça, para ciborgues e afins) de um mercenário parece uma motivação bem clichê, mas Ruiner dribla bem essa falha recorrente das obras cyberpunk. Sua trama subverte as expectativas em cada novo ato — dividido em missões —, apresentando e desenvolvendo personagens por meio de diálogos. Nesse ponto, ele remete muito à estética encontrada em visual novels e graphic adventures, com figuras em poses tão caricatas quanto o memorável Tales from the Borderlands.
O desempenho da versão de Switch é muito bom, logo é fácil recomendá-la para doses homeopáticas de apreciação e “porradaria”. No fim, Ruiner é um jogo que pode te motivar a seguir sua aventura de formas diferentes — como seu ágil combate e um bom universo fictício. Pegue sua arma favorita do chão, arrange suas habilidades favoritas e bom jogo!
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm