Quando adolescente os RPGs da Bethesda sempre me chamaram atenção pela liberdade de exploração e de construir sua própria história, talvez por pegar tanto no sonho jovem de ser livre e sentir que o mundo é teu. Obviamente, conforme você cresce e observa que a liberdade que você sonha é bem diferente das que esses jogos te apresentavam, parte da magia se perde e você quer focar mais em histórias e progressões atuando como um personagem bom ou cruel, dependendo das suas preferências.
O último RPG de mundo aberto que joguei, em especial da Bethesda, foi em 2012 — o famigerado The Elder Scrolls: Skyrim. Depois de ter passado quase 80 horas no jogo, um belo dia eu cheguei a conclusão que eu não gostava do mundo ou da liberdade que o jogo dava. Desde então eu gosto de pensar que virei um rabugento, nem sequer tocando em jogos que remetessem minimamente ao estilo de Skyrim (mas passando muitas mais horas que o saúdavel em RPGs) e deixei os eventuais lançamentos do gênero com pequenas olhadas em análises e afins. Desde seu anúncio, The Outer Worlds nunca chamou minha atenção até eu ler suas análises e contestar que talvez ele pegasse a fórmula e conseguisse adicionar coisas o suficiente para deixar mais único o jogo. Eu fiquei curioso, mas fiquei sabendo que uma versão para o Nintendo Switch logo seria lançada, então preferi esperar para ter a experiência portátil.
Depois de ter jogado 24 horas de The Outer Worlds e fazer ambas as rotas possíveis da história principal, o meu veredito é divisivo — ao menos a versão do Switch. Seu universo é rico em detalhes e extremamente ácido, remetendo aos CRPG de anos atrás, mas conseguindo ser simpático o suficiente pra você querer se aventurar pelos vários mundos e conhecer seus habitantes — mesmo que eles não sejam as melhores flores para se cheirar. O jogo se esforça nitidamente para te passar uma sensação de imersão, mostrando bem o mundo reagindo às suas ações e se adaptando. O problema no fim é algo que acredito ser exclusivo da versão de Switch: independente de estar em áreas abertas, chegando em certa parte delas o jogo congela no meio de batalhas ou de caminhadas para dar carregar algum asset ou cenário, atrapalhando completamente o fluxo do gameplay.
Fluxo de gameplay é algo importantíssimo, principalmente em jogos como The Outer Worlds. A imersão é diretamente proporcional à qualidade desses fluxos, e um jogo que depende de imersão ter quebras contínuas constantemente tira muito da experiência. Em uma das missões principais, você deve cruzar um mundo deserto a pé por mais de 40 minutos para chegar numa torre. É óbvio pelos comentários de seus companheiros e dos próprios desafios encontrados que aquele é um dos grandes momentos narrativos (setpieces da campanha). Porém, na versão de Switch, fui interrompido três vezes para loading nos momentos que eu chegava no “próximo estágio” da caminhada. Tirar o ritmo dessa caminhada intensa para os carregamentos não otimizados matou grande parte do meu aproveitamento da jogabilidade, o que me deixou um tanto quanto decepcionado. Nem falo tanto do visual do jogo nessa versão, já que para mim embora seja um demérito óbvio em relação às outras versões, ele ainda consegue ser bem mais bonito que jogos da época do PS3 e Xbox 360. O meu problema é esse corte de ritmo mesmo — que, acredito eu, pode ser arrumado com uma atualização.
Exceto pela performance não muito agradável no Nintendo Switch, The Outer Worlds é, sem dúvidas, um dos melhores RPGs que já joguei. Sua escrita não é boba ou infantilizada, os dilemas morais são bem apresentados e cada local que você explora tem uma identidade única. Se essa análise fosse da versão de PS4 ou Xbox One, é bem possível que a minha recomendação seria muito mais indispensável. No Switch, infelizmente, eu não posso desconsiderar os óbvios problemas de performance — que tornam a experiência pouco fluida e em alguns momentos frustrantes. Se você não tiver outro lugar para jogar The Outer Worlds e nenhum outro jogo que te interesse no Switch no momento, pelo menos um pouco de diversão ele irá te dar — só não sei se vai compensar a frustração com os loadings no meio de batalhas importantes.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm