Síntese: Timelie - Neo Fusion

Timelie

11 de janeiro de 2022
Cópia digital da versão de Switch cedida pela Urnique Studio.

Enquanto jogava Timelie, pensei bastante no título do jogo. Pelo logo, obviamente é uma brincadeira com a palavra timeline (linha do tempo). Sem o N, porém, podemos interpretar como time lie (mentira temporal) ou timely (pontualmente). Acho o título simples e inventivo, pois de fato o jogo carrega todos esses conceitos com si. Trata-se de um jogo de puzzle de premissa simples, mas design inspirado, daqueles que geram verdadeira satisfação ao concluir os desafios. Acompanhamos uma garota e, em certos momentos, um gato que estão presos em um mundo misterioso cheio de robôs tentando capturá-los. A narrativa aqui é apresentada não-verbalmente, deixando muitos detalhes à interpretação do jogador. Por mim é algo positivo, pois em vários jogos os diálogos me distraem dos quebra-cabeças que realmente me interessam…

As mecânicas centrais do jogo são fáceis de explicar. Em cada fase, navegamos por portas, botões, painéis e robôs controlando a garota e/ou o gato indiretamente. Os dois personagens também têm habilidades únicas: a garota pode reconstruir pontes ou desmantelar robôs enquanto o gato pode miar para chamar a atenção dos robôs. Não movemos os personagens diretamente com o analógico, mas “clicamos” aonde queremos que eles cheguem. É bem perceptível que o jogo foi criado para ser controlado pelo mouse e a conversão para analógicos e botões nem sempre funciona muito bem. Por sorte, a versão de Switch também conta com controles de toque que funcionam bem — recomendo fortemente jogar Timelie em modo portátil por isso. Infelizmente nem tudo pode ser executado só pelo toque (mantenha os Joy-Con por perto), mas senti que a combinação de toque + botões deixou a experiência mais satisfatória do que apenas com os analógicos.

O fator distintivo do jogo, como o nome indica, é que podemos ajustar a linha do tempo livremente em cada fase. Avançamos o tempo para verificar padrões e rebobinamos (esse termo ainda existe?) para experimentar diferentes estratégias. Em vários momentos, Timelie é como um jogo de stealth menos punitivo, pois podemos explorar oportunidades sem correr o risco de precisar fazer tudo de novo. Geralmente o jogo é generoso o suficiente ao não exigir precisão completa — janelas de oportunidade duram alguns segundos, nos permitindo pausar para pensar no próximo comando. Porém, em alguns casos é importante sermos perfeitamente pontuais para andar ou usar um poder, mas sempre é possível ajustar a linha do tempo até encontrar esse momento preciso.

Timelie conta com cinco capítulos e há uma progressão bacana entre eles. Seguindo bons princípios de jogos de puzzle, as fases começam simples e relativamente triviais e, ao longo da campanha, novas mecânicas são introduzidas e eventualmente combinadas em situações mais complexas e até inesperadas. Há algumas lombadas na curva de dificuldade, porém; em alguns momentos senti que uma fase era muito mais fácil que a anterior e pareceu um pouco sem-graça. Contudo, ao longo da campanha inteira não fiquei entediado das mecânicas nem das fases. Em duas ou três delas fiquei empacado e precisei dar um tempo para voltar depois com a cabeça fresca. Para mim, esse é outro sinal de um ótimo quebra-cabeça.

A minha única (pequena) reclamação persistente com o jogo é que, após completar cada fase, o jogo automaticamente exibe um replay dos movimentos sem os ajustes na linha do tempo. Às vezes é legal ver como as coisas se encaixam, mas não é algo que realmente acrescenta à satisfação de completar a fase. Eu gostaria de ver uma opção para desabilitar isso, mas, pelo menos, é sempre possível pular esses replays segurando um botão.

 

Por fim, vale notar que Timelie possui também um DLC gratuito (já incluso na versão de Switch) que inclui fases mais diabólicas que precisam ser desbloqueadas completando objetivos específicos nas fases normais (por exemplo, não matar um robô ou usar a linha do tempo eficientemente). Só experimentei algumas delas e já pude sentir que a criatividade da equipe Urnique, da Tailândia, ainda vai tirar mais alguns dos meus cabelos.

Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm