Quem já está entrando atualmente na casa dos 40 anos, teve a oportunidade de viver em um mundo no qual os cavaleiros Jedi eram algo místico e misterioso. No entanto, com o lançamento dos episódios I, II e III (e a posterior trilogia da Disney), muita dessa mística se perdeu, criando uma caracterização conflitante dessa ordem tão interessante.
Enquanto por um lado os Jedi eram representados como figuras ascéticas e controladas, que só lutam quando estritamente necessário, por outro eles viraram verdadeiros bailarinos cujos sabres servem mais para fazer firulas do que para derrotar adversários. Nesse contexto, Star Wars Jedi: Survivor se destaca por não seguir exatamente nenhum desses caminhos.
No novo jogo desenvolvido pela Respawn Entertainment, o protagonista Cal Kestis está mais próximo de um caçador de recompensas como Han Solo do que de um protagonista tradicional da série. Isso significa que, embora ele use um sabre de luz, a ferramenta não é apresentada com nenhuma espécie de temor ou caráter sagrado, mas sim como um artifício do qual ele usa para cumprir seus objetivos.
E é justamente esse “desrespeito” às antigas (e confusas) regras da franquia que faz da nova aventura tão divertida. Gostaria muito de conseguir estar presente nas reuniões que a desenvolvedora fez com a Disney para convencê-la de que, mais do que ser algo respeitoso ao “lore oficial”, o projeto deveria só se preocupar em ser um bom game — que é justamente o que ele consegue fazer.
Ao deixar de lado as regras do que se espera de um comportamento de um Jedi, o novo jogo consegue ser a adaptação mais divertida da série e superar com facilidade seu antecessor. Somente nas primeiras horas da aventura você vai derrotar sozinho exércitos de soldados, eliminar um grande adversário e fazer altos malabarismos em uma cidade futurista.
Enquanto tudo isso certamente gera preocupações sobre Cal poder ter pelo menos um “pezinho” no lado sombrio da força, a trama do jogo — acertadamente — não liga para isso. Assim como ela não se importa que o personagem destrua seus inimigos em pedaços, ela também não dá importância para o quão pouco “realista” é quicar várias vezes na mesma parede para vencer algum obstáculo.
De certa forma, o fato de Star Wars Jedi: Survivor abraçar mais seu lado game do que qualquer pretensão de “fidelidade” ou de uma “narrativa séria” o aproxima muito da série Uncharted — e das perigosas discussões batidas sobre dissonância ludonarrativa. De certa forma, é como se a história e o gameplay convivessem em planos paralelos, que, ao mesmo tempo que se complementam, não influenciam negativamente um com o outro.
Embora isso não livre o jogo de enfrentar problemas — especialmente de ordem técnica —, sinto que há uma boa lição a ser aprendida aqui. Ao mesmo tempo em que há espaço no mundo dos games para experiências que “se levam mais a sério”, é refrescante ver um grande título que quer primeiramente ser divertido, mesmo que para isso tenha que quebrar algumas regras.
Infelizmente, as questões técnicas que Star Wars Jedi: Survivor está enfrentando e o fato de ele ter saído muito próximo a The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom poluíram completamente qualquer discussão mais aprofundada sobre ele. No entanto, passado esse período conturbado, espero que o game receba a atenção que merece, mesmo que isso só aconteça em um período posterior a seu lançamento.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm