Análise: 80's Overdrive - Neo Fusion
Análise
80's Overdrive
8 de dezembro de 2017
Código do jogo fornecido pela Insane Code.

Muitos jogos apostam no saudosismo como fruto de seu apelo. Basta ver a enorme quantidade de jogos com visuais em pixel art lançados hoje em dia. Gráficos, sons e jogabilidade similares ao que víamos nos anos 1980 e 1990 não são frutos de limitação, mas sim de direção artística. Os criadores simplesmente acreditam que, por mais que a tecnologia tenha avançado, aqueles jogos ainda têm seus méritos até hoje.

No caso de 80’s Overdrive, a mensagem é que, em meio a Forza Motorsport 7 em 4K e Gran Turismo Sport em VR, ainda há espaço para jogos de corrida com gráficos em 2D, remetendo a títulos como Out Run e o queridinho do Brasil, Top Gear.

Curiosamente, não é a primeira vez que vemos algo do tipo. Horizon Chase, um jogo gaúcho de 2015, revisita de forma similar o estilo, prestando tributo explícito a Top Gear. Apesar das similaridades, a abordagem dos dois jogos é notavelmente distinta, o que se torna aparente pelos visuais: enquanto Horizon Chase adota gráficos poligonais modelados de acordo com a estética do estilo, 80’s Overdrive aproveita a baixa resolução do 3DS para apresentar belos cenários e objetos em pixel-art.

Mesmo sendo novo demais para ter conhecido os jogos originais em suas épocas, achei todo o visual do jogo lindo. Há uma variedade de cenários, como cidade, praia e deserto, que garantem que o jogador nunca canse de uma estética em particular. O jogo também emprega o 3D estereoscópico do 3DS, mas o resultado é menos impressionante do que eu imaginei que seria.

Acompanhando esses visuais, há uma estética sonora condizente. O próprio logo do jogo me faz pensar em um estilo musical que interpreto como “rock neon”, caracterizado pelo forte uso de sintetizadores em ritmos marcantes (aliás, já perceberam que a música-tema do nosso podcast, Joy Connection, é nesse estilo?). 80’s Overdrive conta com cerca de 20 músicas instrumentais que combinam perfeitamente com a direção visual do jogo, porém não achei nenhuma delas particularmente memorável. Todas funcionam dentro do contexto do jogo, mas não é o tipo de trilha que irei atrás para ouvir depois.

Em termos de jogabilidade, 80’s Overdrive não é particularmente inovador (e nem se propõe a ser), seguindo de perto o que esperaríamos dele considerando suas inspirações. Por boa parte do jogo, chegar em primeiro lugar não é difícil, mas basta um deslize para o jogador rapidamente cair para décimo lugar, onde provavelmente ficará até o final da partida. Os oponentes geralmente andam muito próximos uns dos outros, fazendo com que todos eles rapidamente ultrapassem o jogador se ele descuidar. É meio chato que as corridas sejam tudo-ou-nada dessa forma, mas também é uma característica do gênero.

No entanto, o aspecto de gerenciamento de dinheiro da campanha faz dela curiosamente empolgante. Para participar de corridas, devemos pagar uma taxa de entrada, e somos recompensados quando terminamos no pódio. Mas, além dessa conta básica de renda – custo = lucro, devemos levar em consideração combustível, consertos e melhorias para o veículo.

O simples fato de cobrar a entrada de cada corrida é um grande diferencial quando se trata de jogos de corrida. Faz o jogador ter em mente que, caso ele gaste todo o seu dinheiro, não vai mais poder participar de corridas mais difíceis (que pagam melhor) e deverá recomeçar do zero. Ao mesmo tempo, ele deve cuidar para não danificar seu carro durante as corridas, pois o custo de restauração pode facilmente ultrapassar os ganhos de uma vitória, e lembrar que é preciso abastecer o carro de vez em quando (felizmente, gasolina nos anos 1980 é barata).

Aliado a tudo isso, há ocasionais missões secundárias durante corridas. Elas podem ser coisas como coletar fitas cassete na pista, chegar em uma determinada posição (que pode ser bem mais difícil do que chegar em primeiro) ou causar dano a um oponente em particular. As missões, assim como a presença de polícia em algumas corridas, adicionam uma variedade bem-vinda à jogabilidade, apesar de que muitas vezes é mais vantajoso ignorá-las e focar no pódio.

Começamos o jogo com um carro simples, e temos a opção de melhorá-lo aos poucos ou comprar carros melhores. Eventualmente, um dos dois se faz necessário, pois os carros dos oponentes também ficam mais rápidos. Eu optei por melhorar meu carro inicial. É legal economizar a grana para sentir essas melhorias entre uma corrida e outra, mas, perto do final do jogo, quando eu já havia feito quase todos os upgrades disponíveis, não havia mais motivo para comprar outro carro ou sequer guardar dinheiro.

E, de fato, é perto do final que o jogo se torna realmente desafiador, ao ponto de ser um tanto frustrante. Oponentes são mais rápidos que qualquer carro do jogo, nos obrigando a adotar estratégias arriscadas e recomeçar corridas inúmeras vezes para ter alguma chance de vitória. É legal que o desafio esteja lá para quem quiser, mas eu fiquei desanimado por ter dinheiro, mas não haver mais formas de melhorar meu carro, me fazendo passar por frustração que eu podia viver sem.

Os trajetos das pistas em si não são particularmente interessantes. Elas sempre são no formato “ponto A a ponto B”, com retas e curvas genéricas que parecem ter sido criadas com o próprio editor de pistas do jogo. Sim, há um editor de pistas, mas é na verdade uma série de parâmetros que podemos passar para um gerador procedural. Assim como as pistas das campanhas, as criadas pelo jogador são desinteressantes.

Os visuais de 80's Overdrive são ótimos, mas, em outros aspectos, o jogo é apenas bom. A trilha sonora combina com o jogo mas não é memorável; a campanha tem diversas boas ideias, mas nenhuma é executada perfeitamente e sempre nos deixa pensando "podia ser melhor". Dito isso, título vale bastante a pena para fãs do estilo e pode ser divertido para qualquer um, e espero ver uma continuação melhorada no futuro.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

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Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm