Análise: 9 Years of Shadows - Neo Fusion
Análise
9 Years of Shadows
19 de dezembro de 2023

Na minha análise de Blasphemous II, eu afirmei que os fãs de Metroidvanias estão muito bem servidos há um bom tempo, com lançamentos constantes ano após anos e quase todos os títulos tendo qualidade honestamente acima da média. Em 2023, além do já citado Blasphemous II, também fomos agraciados pelo mais novo título dos mexicanos da Halberd Studios, 9 Years of Shadows, lançado no começo do ano para PC e agora em novembro para Nintendo Switch.

UM MUNDO SEM CORES

9 Years of Shadows conta a história de Europa, protagonista que vive num mundo amaldiçoado por um fenômeno que simplesmente acabou com suas cores, o transformando num lugar sombrio, frio e repleto de monstros que vão atrás dos humanos – matando inclusive as pessoas que Europa mais amava. A premissa é simples, assim como muitos dos conceitos e mecânicas explorados pelo jogo como um todo (para o bem e para o mal).

Europa, sendo uma das poucas sobreviventes da maldição que assola o mundo e imune a ela, decide após 9 anos (daí o título) encontrar uma maneira de reverter essa situação e restaurar as cores ao seu devido lugar. Para isso, a protagonista vai até o castelo em que a jornada toda se passa e onde está guardada a chave para resolver tal mistério.

Nesse castelo, Europa encontra Apino, um ursinho fantasma (sim) capaz de restaurar temporariamente as cores de cada cenário. Como em diversos outros jogos do gênero, Apino funciona como um companheiro de Europa mecânica e narrativamente, indo além do simples papel de um familiar, como os do lendário Symphony of the Night, que funcionam mais como verdadeiros summons.

Após o contato com Apino, o jogador se vê livre para explorar o castelo e, diferente de clássicos como Super Metroid, a progressão se dá de uma forma muito mais linear – inclusive, Europa não passa pelo já tradicional beat de “personagem começa extremamente poderoso, mas logo perde todos os seus poderes e precisa explorar o mapa a fim de recuperar suas forças”. E linear também é a forma de se explorar o castelo, já que o jogo raramente dá uma sensação real de se perder e exigir que o jogador memorize cenários ou busque segredos de uma forma mais deliberada. Nesse sentido, vejo o game muito mais como uma boa introdução às pessoas que nunca jogaram algo do gênero do que um verdadeiro atrativo a veteranos que vêm acompanhando os jogos desde 94 ou 97.


Outra simplificação de 9 Years of Shadows é que ele não segue um modelo de level como nos Castlevanias, optando por apenas dar forças aos jogadores a partir da obtenção de equipamentos, habilidades e transformações. Isso, no entanto, está longe de ser algo ruim, já que o senso de evolução de Europa é bacana e geralmente bem balanceado, algo complementado pelo contato com NPCs e pequenos desvios de rota com tarefas secundárias.

No que tange os aspectos visuais e sonoros, 9 Years of Shadows acerta em cheio. A arte do jogo tem claras influências de animes dos anos 80 e 90, em particular da obra de Masami Kurumada, Saint Seya/Cavaleiros do Zodíaco, algo percebido claramente no design de armaduras de Europa, mas também nos inimigos e chefes. A atmosfera do jogo se utiliza bem do conceito de cores/sombra e seus contrastes, bem como o layout do castelo como um todo. Já as músicas têm autores do calibre de Norihiko Hibino, que compôs para Metal Gear Solid, e Michiru Yamane, que já trabalhou com Castlevania. Essa união visual e sonora é um dos meus aspectos favoritos do jogo.

NA MINHA MÃO, UMA ALABARDA

Como já dito na outra seção, a progressão de 9 Years of Shadows começa com Europa tendo pouquíssimas habilidades. Você basicamente só consegue atacar, esquivar para trás e pular. No começo, é obviamente o suficiente para passar pelas áreas iniciais, mas não é como se fosse o combate mais engajante do mundo logo de cara. Isso, no entanto, começa a mudar a partir do momento em que Europa adquire novas armaduras com efeitos elementais, abrindo o leque de possibilidades de exploração e de combate.


Uma característica interessante no aspecto de risco-recompensa das lutas de 9 Years está no fato de que vida e magia são interligados e funcionam como um esquema de feedback negativo: tomou muito dano, mas tem magia acumulada? Gaste-a para recuperar sua vida e corra para abraçar Apino a fim de restaurar a magia. Pode parecer fácil e quebrado, mas no calor da batalha os espaços para manejar as duas barras não é dos mais livres.

A variedade de inimigos não é nada de outro mundo, mas os que estão ali cumprem seu papel. Já os chefes são um destaque valioso para o jogo, tanto em design quanto no desafio, sendo algumas das lutas bastante memoráveis. Em termos de dificuldade, no entanto, pesa o que eu já citei: 9 Years of Shadows não é exatamente difícil, especialmente se você já jogou muitos jogos do gênero, sendo então mais convidativo a iniciantes. De todo modo, o que está no prato é algo bem servido num geral.

E onde o jogo mais peca é no quesito performance. Por se tratar de um metroidvania, a qualidade das animações de ataque e esquiva, bem como a responsividade do controle são cruciais e nem sempre isso é bem feito no jogo, faltando polimento. O framerate também é inconsistente em diversas áreas, independente de se jogar com o Switch no modo portátil ou no dock. Espero que esses pontos sejam corrigidos/melhorados com futuros patches, já que são importantíssimos para que o jogo tenha um game feel impecável 

9 Years of Shadows é um Metroidvania competente e que funciona bem para iniciantes. Ele se destaca por não ter medo de explorar conceitos e mecânicas mais simples e também apresentar pixel art lindíssimo e uma boa história, especialmente se você for fã dos animes dos anos 90.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm