Análise: Alan Wake Remastered - Neo Fusion
Análise
Alan Wake Remastered
9 de novembro de 2023
"Pesadelos existem fora da lógica, e há pouca diversão em explicações; elas são antiéticas para a poesia do medo” - Stephen King

Após uma sequência de lançamentos de Max Payne, uma das séries que se tornaria clássica anos depois e com um dos rostos mais conhecidos dos anos 2000, a Remedy Entertainment decidiu apostar em uma trama sobrenatural sem perder os elementos de ação que tanto gosta de explorar. O resultado foi o nascimento de mais um clássico: Alan Wake, de 2010, que, mais de uma década depois, ganhou uma versão remasterizada.

Na pequena cidade fictícia Bright Falls, um escritor de sucesso aluga uma cabana situada na ilha de Cauldron Lake, na zona florestal, para um descanso criativo com sua esposa Alice. Já faz dois anos que Alan Wake não “desperta” (como um trocadilho bobo mesmo) e escreve algo digno de bestseller. Sua esperança é que as férias o tirem da estagnação. De fato, isso acontece, mas não por um bom motivo: Alice desaparece na água e ele parte em busca de alguma resposta.

Elemento cinematográfico em Alan Wake Remastered

Alan Wake Remastered

Com uma dose generosa de metalinguagem, o jogo é muito consciente de si: ele quer entregar uma experiência cinematográfica dividida em seis episódios principais — e dois extras. Cada início de capítulo um resumo do anterior é apresentado. Alan Wake narra sua própria história presente como se fosse produtor, ator e diretor ao mesmo tempo. A voz onisciente acompanha o jogador do começo ao fim, e descreve tudo ao seu redor.

Do ponto de vista narrativo, Alan Wake Remastered não poderia ser mais camp, isto é, observar e reagir ao mundo pela ótica do exagero, assim como Wes Anderson faz com seus personagens no cinema. O elemento inusitado torna seu trabalho único perante os demais jogos de ação. Inclusive, esse é, sobretudo, um jogo de ação. De dia, o foco é traçar planos e rotas. À noite, ou na penumbra dos pensamentos perturbados do protagonista, o desafio é sobreviver a qualquer tipo de ataque que possa acontecer.

Uma lanterna e um sonho (ou pesadelo)

Alan Wake Remastered

Desde o início da campanha, fica muito claro que Alan é um homem cheio de traumas. Em certos momentos, ele é inimigo de si mesmo por não conseguir encontrar uma solução para o que está acontecendo ao seu redor. Como base do gameplay, o personagem precisa usar uma lanterna para enfraquecer criaturas da escuridão e eliminá-las aos tiros de uma arma. Existem alguns itens que vão sendo apresentados ao longo do jogo — uma bomba de luz, uma arma sinalizadora —, mas a base de tudo é usar a luz como objeto de poder.

Indo de ponto A para B, o jogador ingressa nessa jornada desconhecida com o mesmo conhecimento e domínio que Alan: nenhum. Segredos e memórias ajudarão a esclarecer o que de fato está acontecendo, mas o jogo brinca com a falsa sensação de familiaridade. Afinal, é uma situação mais absurda que a outra acontecendo em frente aos olhos. Nem veículos escapam da possessão do mal.

Jogabilidade decorada

Alan Wake Remastered

Talvez o que Alan Wake carece nessa loucura genial é um sistema de gameplay mais elaborado e, em alguns momentos, mais responsivo. Pode ser que certos jogadores se cansem da monotonia, enquanto outros passem por ela despercebidos por estarem muito engajados na história. No entanto, como um tudo, o jogo é um tanto cru em seu acervo de ferramentas. 

Outro ponto discutível é a falta de variação nos inimigos humanoides. São basicamente de três a quatro tipos, com modus operandi distintos, mas decorados. Estamos falando de um título originalmente projetado há muito tempo atrás, claro, mas são detalhes que engradeceriam ainda mais a experiência.

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Alan Wake Remastered

Com uma gama de personagens simpáticos, Alan Wake Remastered entrega o seu melhor quando não tem medo de expor o ridículo em tela. Para quem já jogou ou ainda vai testar, fica de lembrança o ato do show de rock. Não há nada mais camp do que aquilo. O mais interessante é que, de alguma forma, apenas tal escritor de ego afobado poderia servir algo parecido.

13 anos depois do lançamento original, tempos de jogos muito distintos aos de hoje, a produtora da franquia lançou a sequência Alan Wake 2, um dos destaques do ano. Novos personagens protagonizam o jogo que agora é muito mais thriller e survivor horror do que ação. Com um catálogo expressivo incluindo Quantum Break e Control, as chances da longa experiência influenciarem o dom de qualidade que a Remedy tem nesse novo jogo são grandes. Mas é preciso ver para crer. Ou, neste caso, jogar para alucinar.

Consciente de si, Alan Wake Remastered é uma entrada interessantíssima na mente e na concepção dessa franquia para os entusiastas de ação com foco em narrativa e sobrenatural. O jogo possui diversos exageros, de estilo e de personalidade, e são neles que os momentos mais genuínos afloram. Sua estrutura de série televisiva reforça o teor da trama, que atrai muito mais pela autonarração do que pela jogabilidade.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm