Desenvolvido pela Dogubomb, Blue Prince proporciona uma grande mistura de emoções. Ao mesmo tempo que pode ser intrigante e recompensador, ele também pode ser incrivelmente frustrante e confuso. Muito disso é consequência de soluções de design que, se ajudam a tornar o jogo bastante distinto, também colaboram para que muitos não vão ter a paciência necessária para descobrir suas qualidades.
Nele, assumimos o papel de um jovem convocado ao Mt. Holly, lugar em que reside a grande mansão pertencente a seu tio, que acaba de falecer. Como único herdeiro do local, cabe ao protagonista cumprir uma missão aparentemente simples: chegar à Sala 46, que simplesmente não deveria existir dentro da estrutura com 45 espaços para salas.
No entanto, essa tarefa é muito mais difícil do que parece em um primeiro momento, dado o fato de que, a cada dia, a mansão muda sua disposição de salas. Conforme começamos a entender como funciona o local, essa tarefa vai ficando cada vez mais de lado — novos mistérios, quebra-cabeças e revelações mostram que chegar à Sala 46 é a coisa menos interessante a se fazer.
Em suas primeiras “partidas” de Blue Prince, é fácil confundi-lo com um mero “walking simulator”, que vai entregando aos poucos sua história de forma natural. No entanto, conforme você entra nas diferentes salas e investiga seus elementos, em poucas horas vai perceber que as partes mais interessantes do título estão escondidas — muitas vezes na sua cara, enquanto você não tem o contexto necessário para entendê-las.
Divulgação/Raw Fury
O título funciona a partir do “sorteio” de novas salas, que acontece toda vez que o jogador abre uma porta. A partir de uma seleção de três cartas, você deve escolher qual caminho a seguir e qual tipo de item vai levar para sua jornada. Aos poucos, fica evidente que algumas salas são melhores que as outras, tanto por nos levar mais longe quanto por fornecer recursos úteis.
Os mais comuns são as chaves e as gemas: as primeiras abrem portas trancadas, enquanto as segundas abrem locais com características mais especiais. Solucionando alguns quebra-cabeças, você pode aumentar o quanto ganha desses recursos, fazer o upgrade de salas, descobrir caminhos alternativos e diminuir um pouco a aleatoriedade da experiência.
No entanto, esse elemento aleatório nunca desaparece — e pode ser muito frustrante. Não é incomum se ver prestes a finalmente chegar a seu objetivo, simplesmente para descobrir que não há escolhas a não ser criar um beco sem saída e ter que recomeçar tudo do início. Em outros casos, você pode até conseguir o caminho de que precisa, mas não tem como chegar ao objetivo (sua quantidade de movimentações também é limitada a cada dia).
Divulgação/Raw Fury
Assim, descobri que a melhor forma de não se frustrar com Blue Prince é encarar cada dia sem grandes expectativas. Ao terminar um deles abrindo uma nova sala sequer, ou resolvendo um pouco de um mistério específico — que pode não ser lá grande coisa — já era suficiente para me dar por satisfeito.
Nesse sentido, o game da Dogubomb subverte um pouco o que se espera de um videogame moderno. Enquanto a grande maioria é voltada a objetivos e a uma progressão clara, o título oferece uma experiência em que “não fazer grandes coisas” também é algo que deve ser apreciado.
Enquanto isso é algo que me agradou pessoalmente (com algumas frustrações pontuais, admito), sinto que Blue Prince não é ideal para pessoas ansiosas ou que desejam otimizar seu tempo ao máximo. E, nesse sentido, reside sua principal qualidade: ao não querer ser um jogo que agrada a todos, ele consegue ser marcante — e justifica as boas impressões que vêm obtendo desde que seus primeiros reviews foram publicados.
Blue Prince não é um jogo que se revela totalmente logo de cara, exigindo paciência e determinação para que você realmente saiba apreciar o que ele tem a oferecer. Mas não é uma questão clássica de “depois de 20 horas fica bom”. Ele já é bom desde o início, e o ritmo lento e progressivo é justamente o que permite que seus segredos se desenvolvam tão bem.
Divulgação/Raw Fury
No entanto, quem é mais ansioso ou gosta de trabalhar com objetivos claros tem grandes chances de só ficar decepcionado a experiência — por mais horas que dedique a ela. Assim, se você gosta que um game faça sentido desde o início e não aprecia elementos aleatórios, provavelmente não vai entender os elogios que o trabalho da Dogubomb vem recebendo.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm