Durante os anos 1990, era difícil não entrar em um arcade e não se deparar com diversos games desenvolvidos pela Capcom. Competindo de forma intensa com a SNK, a empresa construiu boa parte de sua fama com o desenvolvimento de jogos de luta de qualidade, que traziam uma grande variedade de gameplay e temática.
Enquanto Street Fighter era sem dúvida o carro-chefe da empresa, ela também teve sucesso com experimentos relacionados às franquias da Marvel e com misturas de diversas figuras do mundo do terror. Em Darkstalkers, a desenvolvedora reunia vampiros, lobisomens, homens-peixes, múmias e zumbis para trocar muitos socos e chutes.
Em Capcom Fighting Collection — que poderia muito bem se chamar Darkstalkers Collection —, a empresa retoma parte de sua história passada e oferece um pacote acessível formado por jogos de alta qualidade inspirados diretamente em suas versões para arcade. A empresa oferece um total de 10 jogos acompanhados por novas opções de acessibilidade, modos treino inéditos e galerias de imagens de seus bastidores, entre outros elementos. Confira a lista:
Neste review, vou me focar mais nos aspectos que a coletânea traz do que necessariamente na qualidade dos games presentes nela — que, digo sem muitas barreiras, que é bastante alta. Todos eles ganharam novos recursos online bem implementados, mas não necessariamente perfeitos — jogando no Switch conectado por cabo à internet, tive desde batalhas perfeitas até algumas em que houve alguns travamentos e slodowns.
A Capcom também acertou ao trazer tanto a versão norte-americana quanto japonesa de todos os jogos — com exceção de Vampire Hunter 2: Darkstalker’s Revenge e Vampire Savior 2: The Lord of Vampire, que nunca saíram por aqui. Isso permite aos jogadores observar as pequenas disparidades entre cada uma delas, que podem ser mais ou menos difíceis (ou visualmente censuradas) dependendo da opção escolhida.
Outra escolha certeira aconteceu nos jogos que acompanham o “recheio” formado pela franquia completa de Darkstalkers. Hyper Street Fighter II, por exemplo, é uma versão divertida de tão “quebrada” que é o jogo: ela não somente permite escolher diversas versões de cada personagem, como também traz ritmos de velocidade insanos que tornam a experiência de jogo tão caótica quanto divertida (e desafiante).
Para quebrar o ritmo competitivo, também vale a pena conferir Red Earth, uma experiência um tanto inusitada da empresa. Essencialmente um jogo de luta single player, ele mistura uma jogabilidade tradicional do gênero (com direito a dois lutadores, cada um ocupando uma metade da tela) com elementos de beat ’em up. Essa mistura nem sempre funciona e é especialmente difícil de dominar, mas é uma mostra do quanto a Capcom podia se arriscar no passado.
Também é positiva a inclusão de Super Puzzle Fighter II Turbo e, principalmente, de Super Gem Fighter Mini Mix. Ambos os jogos trazem sistemas de luta mais acessíveis e, no caso de Mini Mix, fogem completamente do gênero — aqui temos um game muito mais ligado à tradição de Tetris quanto a dos games de luta desenvolvidos pela empresa japonesa.
Confesso que, entre o pacote, o título que me chamou menos atenção é Cyberbots. Ele até faz algumas experimentações interessantes, combinando diferentes lutadores a máquinas variadas, mas sinto que sua temática acabou não me sendo muito atraente. Não é um problema do jogo em si, somente que, entre as demais opções disponíveis, essa não é uma para qual eu daria muita prioridade.
Além de adicionar modos online aos jogos de Capcom Fighting Collection, a desenvolvedora também trabalhou para torná-los um pouco mais completos em suas ofertas de acessibilidade. Isso envolveu adicionar sistemas de controle com execução simplificada de golpes e novos recursos de treinamento para cada um dos títulos.
Como as versões do jogo disponíveis são aquelas que saíram para arcade, a opção de treino acaba sendo um tanto simples se comparado ao que é oferecido por jogos mais modernos. Aqui há simplesmente a liberdade de testar golpes e combos sem limite de tempo contra adversários parados (ou realizando ações simples), mas não há sugestões de sequências de comandos ou treinos avançados que ensinem conceitos básicos do jogo.
Em contraponto, isso não é exatamente algo que faça falta, contanto que você tenha acesso a materiais de treinamento adicionais. Como os títulos da coletânea são antigos e bastante conhecidos, não é difícil encontrar vídeos no YouTube com sugestões de combinações e de táticas explorando o potencial de cada personagem.
Também é positivo que a Capcom tenha trazido ajustes à dificuldade para todos os títulos — que, por sua característica original de cobrar fichas, podia ser bem cruel. Na maioria dos jogos inclusos, o modo Arcade oferece uma experiência original bem acessível até você chegar ao terceiro ou quarto adversário, quando a inteligência artificial parece “acordar” pronta para fazê-lo se arrepender de ter começado a jogar.
Para completar, a desenvolvedora também trouxe um sistema que permite salvar seu progresso em um game para retomá-lo mais tarde. No entanto, nesse ponto eu me senti decepcionado: só é possível fazer um save por vez, e isso tem aspecto geral — ou seja, se você deixou de lado Hyper Street Fighter 2 para jogar um pouco de Darkstalkers, vai ter que apagar seu progresso no jogo anterior para criar um save temporário novo.
Outro ponto que merece elogio é a galeria reunida pela Capcom, que traz diversas imagens conceituais que ajudam a dar uma olhada nos bastidores dos jogos oferecidos. Muito do material disponível é achado facilmente pela internet, mas encontrá-los de forma reunida e organizada é muito legal, especialmente no que diz respeito à preservação de jogos.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm