Em 2008, Crisis Core: Final Fantasy VII foi o jogo que me motivou a comprar um PSP. Assim, fiquei bastante animado com a oportunidade de reviver a antiga aventura portátil, agora adaptada para as telas grandes e consoles mais potentes. No entanto, Crisis Core: Final Fantasy VII – Reunion foi muito além das minhas expectativas, efetivamente transformando o game em algo melhor.
Ao mesmo tempo que o título reviveu minhas boas memórias do passado, essa “segunda chance” para ele revelou algumas questões intrínsecas à maneira como o jogo foi feito. No final das contas, o que a Square Enix acaba entregando é um jogo mais refinado, mas que respeita seu formato original e mantém algumas de suas imperfeições.
https://www.youtube.com/watch?v=65lCz22aopY&t=84s
Crisis Core: Final Fantasy VII – Reunion é uma versão atualizada de um game que surgiu no primeiro momento em que a empresa decidiu revisitar seu game mais famoso. Na época, em vez de tentar recontar sua história, a desenvolvedora decidiu enriquecê-la na forma de diversos spin-offs, lidereados pela aventura estrelada por Zack Fair.
Anos antes dos acontecimentos de Final Fantasy VII, vemos Zack como um Soldier de Segundo Ranking que se vê em uma situação delicada. Após o fim da guerra entre Midgar e Wutai, o Soldier de Primeiro Ranking Angeal desaparece, levando consigo diversos dos soldados de nível menor que trabalhavam com a empresa Shinra. Agora, cabe ao jogador tentar entender o que aconteceu e lidar com uma trama que redefine alguns personagens, adicionando mais camadas narrativas a eventos que podem já ser conhecidos pelo público.
A primeira coisa que fica clara ao ligar a nova versão do jogo é o quanto ela está mais bonita que a original. Sabe aquela coisa de “não é como era na época, mas é como eu lembrava”? Pois é esse o efeito que Reunion deixa em quem teve a oportunidade de jogar o Crisis Core original, e isso é bastante positivo.
A qualidade visual não chega a se aproximar daquela vista em Final Fantasy VII Remake, mas o jogo parece muito bem um RPG de médio orçamento feito para o PlayStation 4 — o que nesse caso é um grande elogio. Curiosamente, o título parece ter recebido mais cuidado do que aquele que a Square Enix cedeu a títulos mais recentes de seu catálogo, como Valkyrie Elysium ou o Star Ocean mais recente.
O jogo só não acerta 100% no upscale feito em suas cenas de animação originais, que surgem com alguns artefatos visíveis e que denotam sua origem em um hardware limitado. Felizmente, isso não chega a incomodar, e o remaster poderia enganar muito bem algumas pessoas de que foi feito para a geração atual, do ponto de vista gráfico.
No entanto, alguns elementos deixam claro que Crisis Core: Final Fantasy VII – Reunion é um jogo que se originou no PSP. O principal deles é o fato de que a maioria das áreas do jogo surge de forma um tanto “compartimentalizada”, sendo divididas em pequenas salas que exigem um carregamento entre elas.
As limitações do antigo portátil também ficam evidentes no combate do jogo, que é acionado de foram aleatória conforme o jogador anda pelos cenários. Quando isso acontece, surge uma pequena área de ação limitada, que só some quando o jogador consegue derrotar todos os seus inimigos ou decide fugir deles.
É também no combate que se sentem os maiores ajustes que a Square Enix fez. Jogar Crisis Core em 60 quadros por segundo torna os comandos mais responsivos, e a troca de uma tela pequena por uma grande faz com que seja mais fácil desviar de ataques e entender o que está acontecendo no jogo.
A Square Enix também aproveitou a quantidade maior de botões que um gamepad tradicional para recriar o sistema de comandos. Usando atalhos criados de forma inteligente, o jogador agora consegue usar diferentes tipos de magias e itens com mais facilidade, colaborando para tornar o jogo menos confuso de entender.
Outra mudança notável é a adição de uma espécie de “barra de espera” quando um adversário vai usar um golpe especial. Durante essa fase, se você atacá-lo rápido o suficiente, é possível diminuir a efetividade do ataque ou até mesmo interrompê-lo. Na prática, isso ajuda a tornar mais justos muitos dos poderes mais “apelões” que existiam na versão original do game.
O que não é a presença do sistema DMW, uma espécie de mostrador de caça-níqueis que surge no canto esquerdo da tela e pode ativar diversos efeitos especiais, que vão da invencibilidade ou recursos infinitos por tempo limitado até a ativação de Limit Breaks ou de invocações. Nesse ponto, a principal diferença é que esses dois últimos agora podem ser ativados quando o jogador preferir, o que possibilita que esses recursos sejam usados de maneira mais estratégica.
A principal questão que impede Crisis Core de ser um jogo tão memorável quanto poderia é seu roteiro. Enquanto o jogo é competente em fechar alguns dos furos de Final Fantasy VII e desenvolve bem relacionamentos como o de Aerith com Zack, ele tem um sério problema em desenvolver seus vilões e personagens secundários.
Desde o momento em que o jogo começa, sabemos que tanto Angeal quanto Genesis não vão estar no jogo original, e o game falha em fazer com que eles sejam tão importantes quanto poderiam. Embora a relação deles com Sephiroth seja essencial para a construção do personagem — e é legal vê-lo como além do vilão que ele se tornou —, ambos parecem vazios e mal desenvolvidos.
Genesis, em especial, é um vilão com o qual é difícil se importar, especialmente porque ele passa a maior parte do tempo declamando versos da peça LOVELESS, que somente os fãs mais hardcore de Final Fantasy VII conhecem. Enquanto mecanicamente os encontros com ele rendem algumas situações interessantes, como personagem e adversário ele me soou um tanto forçado.
No entanto, isso não apaga o fato de que Crisis Core: Final Fantasy VII – Reunion, apesar de seus problemas, tem um dos finais mais poderosos da série. Ele tem um peso ainda mais especial para quem jogou o RPG original do primeiro PlayStation, e é uma das raras ocasiões em que um game soube expressar na forma de gameplay uma tarefa em que, no fim, tudo o que nos resta é desistir e aceitar um destino inevitável.
Crisis Core: Final Fantasy VII – Reunion é um game que consegue ir além da nostalgia, se mostrando um bom RPG de ação para quem procura uma experiência que vai direto ao ponto. Embora a história tenha seus pontos de defeito, ela consegue funcionar muito bem sozinha, não usando outros jogos da série como “muleta” para justificar sua existência.
Vale notar que, na prática, o game se relaciona muito mais com o Final Fantasy VII original do que com seu Remake, então quem só jogou a versão mais moderna pode estranhar algumas coisas — o que não chega a ser um problema. Seja você um fã do original ou alguém que só vai conseguir conferir o jogo em seu Remake, vale a pena conferir o trabalho feito pela Square — que, ao contrário do que aconteceu com alguns de seus lançamentos recentes, aqui entrega um trabalho feito com muito carinho e atenção aos detalhes.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm