Análise: Evergate - Neo Fusion
Análise
Evergate
27 de agosto de 2020
Cópia digital da versão de Switch do jogo gentilmente cedida pela PQube.

Na apresentação Indie World da Nintendo este mês, Evergate passou meio despercebido pelos jogadores, mas me chamou a atenção em especial. Naturalmente, percebi primeiro sua estética, que remete a Ori, mas logo em seguida pelo estilo de jogo: uma combinação de puzzle e plataforma, dois dos meus gêneros preferidos. Claro, essa combinação não é única nem particularmente inovadora, mas enquanto a maioria desses jogos tendem mais para um lado ou outro, Evergate parecia atingir um bom equilíbrio.

Cristais e mais cristais

Essa impressão persistiu quando eu comecei a jogar. Já no primeiro capítulo, enquanto me habituava às mecânicas e à lógica do jogo, entendi que eu iria gostar bastante dele. No começo as coisas são muito simples: usamos um raio de energia chamado “soulflame” para destruir cristais que nos impulsionam na direção oposta. Ou seja, planejamos pulos e usos do soulflame para poder atingir distâncias e alturas maiores.

A cada novo capítulo, um novo tipo de cristal é apresentado, sempre começando com fases simples para introduzir a mecânica e escalando para desafios cada vez mais complexo, envolvendo também os cristais de capítulos anteriores. A melhor parte é que os cristais nunca são explicados por texto: cada mecânica se torna aparente pela união do level design e intuição do jogador.

Além de alcançar a porta para a próxima fase, cada nível do jogo tem também três desafios opcionais: o primeiro é colecionar três itens espalhados na fase; o segundo é quebrar todos os cristais; e o terceiro é alcançar a porta dentro de um limite de tempo. Esses desafios adicionais fazem com que o jogador tenha que pensar cuidadosamente como vai prosseguir pela fase, e na sequência na qual cristais serão usados. Atingir esses objetivos também desbloqueia habilidades que podem ser usadas para facilitar o jogo. Só podemos equipar uma de cada vez, então cada uma é relevante em diferentes situações.

Porém, é fácil de notar que os dois primeiros desafios são um tanto contraditórios com o terceiro. Considerando isso, o que fiz foi primeiro focar nos colecionáveis e, ao final de cada capítulo, jogar as fases novamente otimizando velocidade. Creio que é possível atingir os três objetivos simultaneamente (eu fiz isso apenas duas vezes), mas isso requer bastante estudo e habilidade. Para mim, alcançar a porta o mais rápido possível se tornou uma outra camada de quebra-cabeça a ser resolvido.

O mais interessante do level design de Evergate é que, pela própria natureza das mecânicas, várias fases têm múltiplas soluções. Várias vezes percebi que eu estava fazendo algo que parecia ser fora das intenções dos desenvolvedores, mas que era a solução mais natural ou divertida para mim. Não vi as soluções de outros jogadores, mas creio que o jogo tem um bom potencial na comunidade de speedrunners, pois me parece que a otimização de caminhos requer bastante estudo.

Almas perdidas porém unidas

Narrativamente, o jogo acompanha uma alma chamada Ki, que recentemente chegou ao mundo espiritual, mas descobrimos que Ki tem uma alma gêmea que já a acompanhou por diversas vidas. Os capítulos em si são memórias dessa outra alma, onde descobrimos eventos em diversas eras envolvendo as duas almas.

A apresentação da história não me agradou muito por um bom tempo, e eu estava preocupado que o final do jogo seria anticlimático e pouco satisfatório. Felizmente, posso dizer que isso não aconteceu: as últimas seções do jogo são desafiadoras, mas sem exageros, e usam tudo que foi ensinado até lá de forma competente. E, enfim, até a história das duas almas perdidas tem um desfecho agradável.

Outro ponto que merece menção é a trilha sonora, claramente composta e orquestrada com carinho. Cada música reflete a paz espiritual ou a ação presente em tela muito bem.

Evergate saiu de surpresa como um exclusivo temporário ao Nintendo Switch, mas é realmente uma surpresa agradável. Com uma ótima combinação de puzzles e de plataforma, o jogo já deixou sua marca como um dos meus indies preferidos deste ano e certamente merece a atenção dos jogadores.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm