Análise: Final Fantasy VII Remake - Neo Fusion
Análise
Final Fantasy VII Remake
23 de abril de 2020
Análise contém leves spoilers sobre os personagens.

Nostalgia é uma arma poderosa no contexto mercadológico capitalista. De livros até música, muitos produtos se vendem na onda de “eu irei te remeter a uma coisa que há tanto você experienciou e te marcou”. Junte a isso uma interessante necessidade do público de preservar aquelas memórias, sendo extremamente contra quaisquer que sejam as mudanças no produto em relação ao original, e nós geralmente temos uma receita bem básica para algumas polêmicas ou reclamações. 

Eu, como um ser humano que consome variadas formas de mídia, não estou também fora de ser agraciado com o grande impacto da nostalgia, que obviamente serviu para me deixar extremamente ansioso desde 2015 com o remake de um dos jogos que mais me marcaram: o clássico Final Fantasy VII. Cinco anos depois, cá estamos com ele em mãos e, assim como em 1997, Final Fantasy VII Remake se coloca na boca do povo.

Você não consegue andar em um antro de games sem se deparar com o seu protagonista loiro em algum lugar e isso faz com que seja impossível não o discutir. A pergunta que fica é: ele funciona para quem não jogou original ou só é um agrado para os saudosistas? Qual a verdadeira liberdade da equipe de desenvolvedores? É nisso que essa análise irá se focar. 

Lugares fantásticos e conhecidos

A demo lançada em março no PS4 já deixava claro que pelo menos a primeira hora de jogo estava totalmente focada tanto em impactar novos jogadores com seus visuais fantásticos e sua introdução impressionante ao combate quanto dar tapas na costas dos que jogaram o original, recriando quase identicamente a famosa introdução da invasão ao reator. A partir do momento que o protagonista Cloud Strife pula do trem e começa a combater soldados, você sente que entrou naquele mundo novamente, mas agora em uma experiência um tanto mais cinematográfica.

Enxergar os personagens conversando entre si enquanto passam pelas mais variadas salas e galpões até chegar no objetivo também dá mais personalidade para eles, os atores e atrizes principais dessa grande peça, e faz você criar opiniões sobre eles de forma mais rápida também. Os personagens estão sim conservados de suas interpretações originais, mas ainda assim suas execuções são suficientemente diferentes para trazer um ar de novidade até para quem tiver jogado mais de duas vezes o original. 

Barret, ainda caricato, demonstra mais cores em seu papel de líder. Biggs, Wedge e Jessie, três personagens originalmente bem secundários, se tornam peças importantes para o desenvolvimento e  caracterização de Cloud. Tifa demonstra muito mais suas inseguranças e raivas contidas por tudo que passou na vida, e Aerith é talvez uma das pessoas mais legais que eu tive a experiência de conhecer em um jogo.

Dentro daquele mundo distópico, os personagens respiram e isso é de uma importância enorme. Mesmo conhecendo o arco de cada um, essa vida dada a eles nesse novo mundo é impressionante e consegue transformar o conhecido em algo fantástico e, por que não, novo. Mesmo sabendo o que aconteceria em vários momentos do jogo ainda sofri ou me emocionei, e isso para mim é a principal marca de algo bem feito em nenhum momento eu me senti jogando o mesmo jogo, mas de certa forma eu me senti vendo uma nova versão de uma peça de teatro famosa interpretada por novos atores e focando em outros aspectos. E talvez isso seja a grande sacada de Final Fantasy VII Remake: quanto mais você joga e se aprofunda nele, mais você percebe que ele realmente é algo novo.

O direito de ser diferente

Na introdução deste texto eu citei que, ao fazer um remake, os desenvolvedores se encontram em uma situação delicada sobre o que pode ou não ser feito sem serem “linchados”, principalmente quando se trata de um título que carrega tamanho peso como Final Fantasy VII. No fim, é claro que todos os envolvidos tem noção disso e decidiram seguir por um caminho interessante e que, se formos honestos, é importantíssimo para videogames como um todo: metalinguagem. 

Sem encher o texto de spoilers, posso afirmar que o jogo conquista o direito de ser seu próprio jogo, usando dos mesmos locais e personagens do original e do outline geral da história. Conforme você vai avançando, percebe que o jogo é uma luta contra o consolidado, contra o lugar comum. Queremos nostalgia? Sem dúvidas, mas também algo novo. Seja atualizando cenas para sensibilidades mais modernas (embora, ainda sim, jogando extremamente seguro, talvez por um medo de serem julgados também pelo outro lado) ou simplesmente colocando novas situações para os personagens superarem. Ao final das 39 horas que joguei do remake, eu tinha uma certeza: ele conquistou o direito de ser seu algo próprio sem perder sua camada nostálgica. 

Devemos ser honestos aqui e falar que nem todo fã do original vai gostar, mas dê um voto de confiança. Independente do final inesperado, é inegável o peso e qualidade do jogo. Nota-se, em certas partes, algumas perdas de textura ou até mesmo uma linearidade muito grande, mas mesmo assim, pelo menos para mim, são pontos tão espalhados e pequenos quando colocados no conjunto inteiro da obra que não consigo considerá-los defeitos efetivos.

Final Fantasy VII Remake talvez seja a releitura/remake mais importante da história dos videogames. Claro que, como todos sabemos, sua história não está completa, o que pode fazer no final essa impressão extremamente positiva se perder daqui a uns anos quando sua sequência sair. Entretanto, neste momento, considero que não tem mais como sair dessa locomotiva doida que serão os anos até a conclusão do projeto. Basta embarcar com tudo e ir em frente. Se me decepcionar lá na frente, acontece. O que importa é que o presente me deu forças pra querer experienciar o futuro disso. Let’s Mosey!

Leia também

Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm