Gears Tactics parece aquele tipo de ideia tão óbvia que é estranho pensar que demorou tanto para acontecer. Desde que o primeiro game chegou ao Xbox, suas características táticas baseadas em pontos de proteção pareciam feitas para serem adaptadas a um título no mesmo estilo de Final Fantasy Tactics ou X-COM.
Felizmente, toda essa demora para que essa adaptação fosse feita foi compensada com um jogo bastante interessante. Ao mesmo tempo em que há inspirações claras de outros títulos (como os já citados acima), os desenvolvedores conseguiram dar toques pessoais que garantem uma personalidade ao que encontramos.
Em Gears Tactics somos apresentados a Gabe Diaz, que abandonou seus dias da CGO e agora vive como um mecânico. Com o surgimento dos Locusts e a falha do governo em destruí-los, o protagonista é novamente convocado a voltar à sua vida militar. Seu objetivo é destruir Ukkon, responsável pelo desenvolvimento de criaturas como Burmaks e outras monstruosidades.
Para isso, você vai reunir uma série de personagens aleatórios com classes diversas e encarar uma série de missões em ordem pré-determinada com uma ligeira dose de experimentação. A cada capítulo, o jogador tem à sua disposição uma série de missões paralelas com regras variadas — como ter menos ações ou receber mais dano —, cada uma com recompensas aleatórias de equipamentos.
O ritmo, embora se torne previsível a partir do segundo (de um total de três capítulos), é muito bem-balanceado. Como não há como repetir unidades em diferentes missões secundárias, eu me vi forçado a conhecer todas as classes e evoluir personagens que não possuem muita personalidade, mas que tinham as habilidades das quais eu necessitava.
Aqui há uma divisão clara: os membros que atuam de forma ativa na história possuem nomes e visuais bem definidos e que não podiam ser alterados — fora os detalhes de suas armaduras. Os demais podem ter seu visual, cor de cabelo e outros detalhes customizados livremente, mas possuem zero participação direta no decorrer da história.
A escolha parece um meio-termo entre os personagens aleatórios de X-COM e as características mais bem-definidas (que são o DNA dos protagonistas de Gears). O resultado final nem sempre funciona: em geral, me senti muito mais compelido a investir meu tempo nos rostos que faziam parte da narrativa principal do que nos membros “descartáveis” da equipe, que eram tão pouco utilizados que sequer consegui desenvolver uma conexão sentimental com eles.
Infelizmente, a narrativa em geral toma esse tom “meia-bomba” no que diz respeito ao impacto dos eventos em geral. Como tudo acontece antes dos eventos dos demais Gears, os desenvolvedores não tinham liberdade de mexer em muita coisa ou adicionar eventos grandiosos demais que colidissem com o futuro já pré-estabelecido. O resultado final é uma narrativa em que a grande ameaça derrotada parece não ter um impacto muito grande no universo como um todo.
Se em matéria de narrativa o jogo não se destaca, no gameplay o jogo acerta bastante. Enquanto as bases podem ser comparadas à títulos modernos do gênero — com direito a comandos para “vigiar” uma área —, as regras em geral são bem diferentes. A cada turno o jogador pode fazer 3 ações, e não há um comando específico que determine o fim do que você faz.
Ou seja, você pode se mover 3 vezes, dar 3 tiros, usar 3 habilidades ou fazer qualquer uma dessas coisas na ordem que quiser. Isso permite agir de maneira tática bastante variada e tomar alguns riscos que seriam impensáveis em outros jogos. Por exemplo, é bem comum sair da cobertura para um ângulo de ataque melhor, atirar e matar um inimigo e depois usar o ponto que sobra para voltar a uma cobertura segura.
Somando a essas possibilidades há também as habilidades únicas de cada herói, que garantem um leque tático ainda maior. Minha classe favorita foi o atirador de elite: combinando os poderes que garantem pontos de ação extra ao matar ou atingir inimigos sob certas condições, dá para destruir mais da metade do esquadrão inimigo em um só turno com frequência constante.
Isso não quer dizer que Gears Tactics é um jogo fácil. Lembra das restrições e variedade de regras que citei lá em cima? Então, elas são bem efetivas em barrar o uso de personagens excessivamente poderosos e manter as coisas balanceadas, fazendo com que você tenha que pensar muito bem no que faz se quiser progredir.
Destaque deve ser dado às batalhas contra chefes, que vão testar de verdade todo o conhecimento das unidades inimigas — cada uma com comportamentos, fraquezas e forças próprias. O ponto em que eles pecam é na quantidade: há somente um a cada final de capítulo. Em contrapartida, essa quantidade limitada favorece o impacto de cada um deles que, felizmente, repetem poucas mecânicas a cada encontro.
Aproveitando bem as raízes táticas que vêm desde o primeiro jogo da série, Gears Tactics se prova uma bela adição ao catálogo da série. Apostando em um gameplay diferente de sua base, o título se mostra uma experiência com gameplay viciante e variedade suficientes para manter o jogador se sentindo desafiado em suas mais de 20 horas de campanha.
Mesmo apresentando personagens que os fãs de longa data já conhecem, o jogo peça em não aprofundar ainda mais a história. Ele infelizmente cai no mal de toda prequel de, incapaz de interferir significativamente em eventos futuros que já foram contatos, acabar não tendo uma trama muito relevante no escopo geral das coisas.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm