Por ser descendente de imigrantes italianos, sempre gostei muito de massas, principalmente quando minha avó prepara lasanha ou alguma sobremesa italiana. Também sempre admirei filmes clássicos, encontrando em “O Poderoso Chefão” uma trama que retrata a máfia siciliana na cidade de Nova Iorque, mas que também mostra como os italianos são unidos como família. Além disso, recordo-me de como zumbis eram criaturas grotescas e assustadoras em Resident Evil, um dos jogos que mais joguei quando criança.
Quando descobri que há um jogo justamente sobre as três coisas que mais me lembravam da minha infância, não hesitei em adquiri-lo no Switch. Curioso sobre como uma história de mafiosos poderia ser contada em meio a um apocalipse zumbi, eu me perguntei: o que a sobremesa italiana tem a ver com tudo isso?
Apresentando um visual cartunesco autêntico e uma combinação de temas incomum, Guns, Gore and Cannoli é um shoot ’em up 2D resultado de uma parceria entre dois estúdios independentes — Crazy Monkey e Claeys Brothers. Lançado exclusivamente para PC em 2015, o jogo foi portado mais tarde para outras plataformas e chegou ao híbrido da Nintendo em dezembro de 2017.
A década é 1920 e, logo no início do jogo, somos apresentados a Vinnie Cannoli, gangster contratado por um dos chefes da máfia para resgatar um cara chamado Frankie dos perigos de Thugtown (cidade dos bandidos, em tradução literal). A metrópole é controlada por duas famílias rivais, os Bonnino e os Belluccio, que competem pelo contrabando ilegal de bebidas alcoólicas importadas — já que a Lei Seca impede o comércio legal destes produtos. Mas não são somente as máfias que colocam Frankie em risco: por algum motivo, as ruas e telhados estão infestados com zumbis, prontos para atacar e devorar o primeiro cidadão desprevenido.
Misturando elementos de plataforma com seções de run and gun, o título traz mecânicas de tiro e movimentação simples — os disparos podem ser efetuados em pé ou agachado, causando dano em dobro para disparos certeiros na cabeça. Vinnie conta originalmente com oito armas de fogo e dois explosivos (coquetéis molotov e granadas), podendo atingir praticamente tudo em seu caminho — muitos dos elementos do cenário são destrutíveis e podem ser usados para potencializar o dano contra inimigos. Caso você seja atingido ou atacado — você provavelmente se machucará com a quantidade e imprevisibilidade dos inimigos em algumas áreas —, procure pelos deliciosos cannoli, que regeneram parcialmente sua barra de energia.
Falando em inimigos, estes vêm em duas formas: zumbis e mafiosos. Curiosamente, os dois grupos combatem entre si e podem se eliminar caso o jogador não intervenha, o que me fez pensar que, independente do que aconteça, Thugtown está arruinada e não pode ser salva. São prédios que foram derrubados, carros de polícia abandonados e sistemas de esgoto tomados por hordas de mortos-vivos, tudo isso com um capricho da direção de arte do jogo, que o deixou com um visual cel-shaded que faz lembrar histórias em quadrinhos amadoras.
Em contrapartida, as cutscenes não têm uma qualidade tão boa, parecendo um tanto desconexas quando comparadas ao ritmo do jogo — isso sem mencionar o tempo de carregamento entre cenas. As legendas parecem ter sofrido cortes para evitar o excesso de palavrões, linguagem imprópria e gírias. Isso seria menos notável se o jogo tratasse os temas com uma abordagem mais séria, mas o fato de ser mais uma sátira fictícia do que uma crítica não justifica esse tipo de censura. Além disso, apesar do gameplay dinâmico, algumas fases sofrem com a queda de framerate.
As batalhas contra chefões não são frequentes e nem um pouco variadas em termos de como abordar um inimigo poderoso da maneira mais eficaz. A estratégia é sempre a mesma: atirar quando o inimigo abrir a guarda, e se manter protegido embaixo de plataformas cobertas. Por outro lado, a segunda metade do jogo apresenta um pouco de interconectividade nos níveis — em especial, no esgoto — e o jogo começa a desafiar o jogador por habilidades de plataforma, exigindo pulos ágeis e controles mais precisos.
O jogo está cheio de referências ao cinema italiano. O protagonista Vinnie Cannoli, intolerante e corajoso demais, assemelha-se com Sonny Corleone (filho do Poderoso Chefão de Mario Puzo) enquanto Mr. Belluccio, obviamente, é uma referência ao próprio Don Corleone — com todos os trejeitos do lendário Marlon Brando. Na opção multiplayer local, incorporamos Paulie, referência ao companheiro de Clemenza que traiu a confiança da máfia italiana, Paulie Gatto.
A trilha sonora é bem simples e combina com a temática do jogo, trazendo ritmos italianos que são populares ao redor do mundo, bem como algumas composições no estilo muzak (música de lobby, elevador, etc.). Porém, é pouca variada e poderia ser mais bem aproveitada se congregasse com o passo ágil e frenético de gameplay.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm