Análise: Hi-Fi Rush - Neo Fusion
Análise
Hi-Fi Rush
10 de fevereiro de 2023

Após as várias aquisições feitas pela Microsoft, a Bethesda certamente foi a mais valiosa devido aos estúdios que estão debaixo de seu guarda-chuva junto à Zenimax. E nesse bolo, o mais significativo e interessante foi a Tango Gameworks, estúdio de Shinji Mikami, conhecido por The Evil Within e Ghostwire Tokyo. Esperava-se que após o fim do período de exclusividade de Ghostwire Tokyo com a Sony ele fosse o primeiro jogo a surgir nas plataformas Xbox vindo do estúdio, mas como uma bela surpresa, já que no mesmo dia de seu anúncio ele foi lançado, apareceu Hi-Fi Rush, um jogo totalmente na contramão do que o estúdio de Mikami produzia e sendo amplamente amado por todos em pouco tempo, com carisma, originalidade e qualidade.

Hi-Fi Rush
Hi-Fi Rush é um jogo de Hack N`Slash com elementos musicais, utilizando vários conceitos vistos em jogos rítmicos. Na história, acompanhamos Chai, um rapaz completamente sem vergonha alguma do que é, cujo sonho é se tornar uma estrela do rock. Ele viaja até a ilha Vandelay, de propriedade da maior empresa de tecnologia do mundo, para participar como voluntário de um projeto onde ele ganharia um braço robô.

A questão é que seu aparelho musical, que se assemelha muito a um iPod, é inserido na operação, concedendo a ele poderes rítmicos e, assim, tornando Chai um defeito de projeto, o que faz com que ele seja caçado pelos funcionários da companhia. Na sua tentativa de fuga, conhecemos aliados, descobrimos mais sobre a empresa e lutamos contra os chefes da companhia. Tudo isso com diversas referências à cultura pop ocidental, oriental e com muito humor, podendo sim categorizar o jogo como uma comédia.

HiFi Rush
A narrativa do game em si não é nada demais, mas é executada de forma brilhante, justamente pelo seu texto bem humorado e o carisma dos personagens. Desde Chai até chefes que aparecem pouco na campanha, são todos muito divertidos, únicos e com um design muito bem construído que dá alma e personalidade a todos. É simplesmente impossível não se pegar rindo com as situações que o jogo te coloca e os diálogos e as interações que o grupo de heróis e vilões possuem. Chai, por exemplo, é um personagem completamente imprevisível, muitas vezes irresponsável de forma bem ciente e lúcida, o que resulta em momentos realmente memoráveis e engraçados.

Isso tudo é reforçado pela excelente dublagem do estúdio Unidub, de propriedade do conhecido dublador Wendell Bezerra, responsável por dar voz a Goku de Dragon Ball Z e Bob Esponja. A dublagem é um ponto muito positivo do game e certamente é um reflexo da aquisição da Microsoft, já que seus jogos são totalmente localizados na nossa língua pelo menos desde 2012.

Outro grande destaque são as animações do jogo, que são totalmente em Cel Shading, se assemelhando muito a um anime e, em diversos momentos, uma graphic novel. As cutscenes são lindas e muitas vezes parecia que eu estava vendo um filme de animação de altíssima qualidade, já que o estilo adotado pelo estúdio lembra filmes como Gato De Botas 2 e Aranhaverso. Claro que estamos falando de um jogo de videogame e as comparações são feitas pensando na mídia, mas mesmo que não esteja no mesmo nível dessas obras cinematográficas, a tentativa é mais do que bem vinda e o resultado é extremamente positivo.


A estrutura de jogo de Hi-Fi Rush funciona como quase qualquer outro jogo do seu gênero, lembrando muito o que jogos como Devil May Cry e Bayonetta apresentam. Você tem um hub onde pode melhorar as suas habilidades antes das missões, comprar itens e até novos golpes especiais. Quando estiver pronto, você entra nas fases, mete a porrada nos inimigos e segue em frente. Existem pequenos puzzles durante as missões, segmentos de plataforma e diversos locais secretos com itens e coletáveis. Porem, Hi-Fi Rush brilha mesmo é em seu combate –  o elemento mais  original do jogo e, claro, onde boa parte da diversão se encontra. Chai tem à sua disposição uma guitarra e com ela é capaz de desferir diversos combos, combinando ataques fortes e médios e, ao final de cada sequência, tendo que acertar um golpe final dentro do ritmo para fazer um combo perfeito e musicalmente harmônico.

O combate é muito bem feito e criativo, dando diversas possibilidades de combos ao jogador e ainda te possibilitando chamar por um breve período a ajuda de seus aliados, seja para quebrar escudos ou armaduras mais robustas. As lutas contra chefes também são magníficas, tanto por serem de fato boas quanto pela trilha sonora, já que o jogo apresenta uma série de músicas licenciadas e originais, construindo as lutas ao redor delas, o que deixa tudo realmente muito legal e divertido. Não teve uma batalha de chefe no jogo que não me causasse ao menos um sorriso no rosto de satisfação. É interessante dizer que ligar a trilha sonora com a construção do gameplay é realmente algo muito interessante, e mesmo que simples, funciona muito bem aqui. Para mim, o único ponto negativo é o fato de Chai só possuir uma arma. Seria muito legal se ele tivesse baquetas e até um baixo para lutar mas, ainda que não tenha, isso não tira de forma alguma o quão bom esse jogo é.


Hi-Fi Rush é um jogo que o Xbox precisava em seu catálogo. A Microsoft ficou quase um ano sem ter um jogo realmente novo em sua biblioteca, algo muito ruim para quem quer vender seu sistema de assinaturas, como é o Gamepass. E por mais que a biblioteca do serviço seja boa, muitos assinam justamente pelos jogos da empresa. A Microsoft construiu sua marca muito em cima de shooters. É maravilhoso ver que um sinal verde foi dado para projetos como Hi-Fi Rush e que deu certo. Além de uma surpresa, é um ótimo jogo e uma adição maravilhosa ao Gamepass, valendo cada centavo de sua assinatura e de hora jogada. Com toda certeza, já é um dos grandes jogos de 2023.

Hi-Fi Rush é maravilhoso, criativo, prazeroso e muito divertido. É um jogo obrigatório para todos que gostam de vídeo games e prova que projetos de médio orçamento ainda tem muito valor no mercado, e também faz justiça a um dos estúdio mais legais do mercado, que é a Tango Gameworks. Sem dúvidas, é um dos melhores jogos no catalogo do Xbox Game Pass e certamente um dos grandes jogos do ano.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm