Análise: Horizon Chase 2 - Neo Fusion
Análise
Horizon Chase 2
14 de setembro de 2022

O primeiro Horizon Chase chamou muito a atenção quando foi lançado em 2015: em meio a tantos jogos de corrida para celular que pareciam cópias uns dos outros, a desenvolvedora brasileira Aquiris inspirou-se nos primórdios do gênero para trazer um jogo colorido e refrescante. Sou novo demais para ser saudoso de Top Gear, mas, de qualquer forma, pude apreciar o que foi feito ali, em termos de mecânicas e estética. A trilha sonora em particular chama a atenção — uma nova obra de Barry Leitch, mesmo compositor do clássico de SNES.

Joguei um tanto do jogo no meu iPad, mas foi com Horizon Chase Turbo, versão aprimorada do jogo para consoles e PC, que acabei jogando mais — mas, admito: apesar de ter curtido a experiência, nunca terminei a campanha. Chegando nas corridas mais desafiadoras, não tinha vontade de repeti-las múltiplas vezes para aprimorar meu desempenho. Na época, eu não saberia dizer exatamente por quê.

Horizon Chase 2 respondeu essa dúvida: sete anos após o jogo original, o estúdio gaúcho não traz apenas novas pistas e carros, mas uma excelente reimaginação desse jogo de corrida retromodernista.

Horizon Chase 2 é uma volta ao mundo

Comparado a outras modernizações de jogos de corrida retrô (como 80’s Overdrive), o legal do primeiro Horizon Chase foi a ideia de ter pistas ao redor do mundo, evitando ficar apenas nos locais e cidades mais turísticos e óbvios. Porém, os cenários eram praticamente só um elemento estético, servindo de plano de fundo para a ação em alta velocidade.

É aí que está o principal diferencial de Horizon Chase 2 em relação ao seu antecessor. Sem exceções, as pistas estão muito melhores desta vez. Pelas minhas contas, há uma quantidade menor delas, mas cada uma vale a pena, ao ponto que eu estava genuinamente empolgado ao desbloquear novas corridas.

Há uma integração muito mais forte entre as pistas e o cenário ao redor. Vamos tomar de exemplo San Francisco, cenário presente em ambos jogos: em Horizon Chase sabemos qual é a cidade pela presença da Golden Gate Bridge ao fundo. Na continuação, a pista é desenhada para corrermos na ponte em si, e também ao redor e embaixo dela.

Horizon Chase (esquerda) e Horizon Chase 2 (direita) — imagens capturadas no iPad Pro.

Uma quantidade surpreendente de pistas é baseada em locais que já tive a oportunidade de conhecer: nesses casos, fiquei genuinamente impressionado com o cuidado que a equipe teve de representar o lugar. Obviamente são versões fantasiosas, para satisfazer a necessidade de velocidade, mas há uma forte autenticidade. Certamente me senti mais convencido dos lugares do que quando joguei Dirt 5.

Cinco países foram escolhidos para protagonizar a campanha, representando diferentes continentes — As Américas, África, Europa e Ásia. Estados Unidos e Brasil são escolhas óbvias, mas os lugares escolhidos destes países continentais podem surpreender. O Rio de Janeiro ficou de fora dessa vez — mas temos Olinda, Gramado, Foz do Iguaçu e Ouro Preto. Até São Paulo parece gloriosa enquanto corremos pela selva de concreto e atravessamos a ponte estaiada e o bairro Liberdade.

Admito que me emocionei um pouco quando a primeira região italiana representada é Abruzos, onde moro desde 2018. A pista de Gran Sasso talvez seja a mais difícil do jogo, mas adorei percorrê-la de novo e de novo até conseguir o troféu de ouro.

Imagem capturada no MacBook Pro.

O jogo também tem algumas pistas “sprint” — com começo e fim, sem voltas —, ou com bifurcações ou mudanças de condições ao longo da corrida. Tanto em termos visuais quanto em termos de interatividade, as pistas são uma enorme evolução de Horizon Chase 2.

Vroom

Em outros aspectos, o jogo se manteve relativamente conservador. Como antes, para obter a melhor pontuação numa corrida devemos terminar em 1º lugar e simultaneamente coletar todas as moedas espalhadas pela pista. Isso é fácil no começo, mas exige múltiplas tentativas perto do final do jogo. O medidor de combustível foi abandonado, para alegria da nação.

A variedade de carros é bem-vinda e até divertida, mas em questões práticas não vi motivo pra usar qualquer carro que não fosse o mais rápido possível. Passamos a maior parte do jogo pisando fundo no acelerador, então me pareceu importante otimizar isso. Reflexos rápidos são fundamentais, mas é o jeito de conseguir o melhor tempo.

Imagem capturada no iPhone 11 Pro.

Falando no acelerador, este é um aspecto peculiar de um jogo feito primeiramente para celular. Eu o joguei num Mac com um DualSense mas, apesar dos visuais do jogo serem extremamente satisfatórios numa tela maior, uma herança mobile permanece: o acelerador e os direcionais são comandos digitais. Ou seja, você está pisando fundo ou não está. Minha memória mecânica de Gran Turismo e Forza me fez querer ajustar a velocidade com um pouco mais de nuance, mas não existe essa possibilidade.

Sinceramente, achei Horizon Chase 2 ótimo em quase todos os sentidos. Não sei se isso faz parte do plano do jogo, mas eu ficaria feliz de ver mais países, locais e pistas adicionados.

Esse tal de Apple Arcade

Em meio a discussões sobre Xbox Game Pass e PlayStation Plus Extra, uma outra empresa grande está apostando em um serviço de assinatura para games: a Apple. O Apple Arcade foi lançado em 2019 e, surpreendentemente, contém alguns dos meus jogos favoritos dos últimos anos: Grindstone, Sayonara Wild Hearts e What the Golf? faziam parte da lista inicial de games disponíveis e me fizeram acreditar no potencial do serviço.

Há algumas diferenças bem gritantes entre o Apple Arcade e o Xbox Game Pass. Enquanto a Microsoft quer seus jogos no maior número de telas possível, a Apple disponibiliza o serviço apenas para iPhones, iPads, Apple TVs e Macs. É mais uma forma de criar um laço de fidelidade com quem compra seus dispositivos, além de integrar a assinatura Apple One — que inclui também Apple Music, Apple TV+ e outras parafernalhas. Também não há a opção de comprar um jogo separadamente; os jogos originais do Arcade estão apenas no Arcade.

Para mim, o Apple Arcade é um salvador dos jogos mobile. Enquanto quase todos os jogos parecem esquemas em pirâmide tentando extrair o máximo de dinheiro possível dos jogadores, jogos no Apple Arcade são marcadamente isentos de microtransações. Para os meus interesses, o serviço é populado primariamente por dois tipos de jogos: aqueles que inovam na plataforma, com mecânicas e narrativas empolgantes, ou as continuações de alguns jogos que fizeram história nos celulares, como é o caso de Horizon Chase 2. Ambos teriam muita dificuldade de sobreviver no cenário atual dos jogos mobile.

Por mim, fico feliz que Horizon Chase 2 tenha tido a chance de existir.

Horizon Chase 2 chega ao Apple Arcade com muita energia. Apesar de similar à versão original, o jogo traz muitas melhorias evidente, especialmente no design das pistas. Se você tem uma asssinatura do Apple Arcade e um dispositivo compatível, vale a pena conferi-lo!

Leia também

Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm