Análise: Horizon Chase Turbo - Neo Fusion
Análise
Horizon Chase Turbo
14 de abril de 2020
Cópia digital da versão de Nintendo Switch do jogo gentilmente cedida pela Aquiris Game Studio.

Nem sempre conseguimos reunir todas as variáveis da maneira mais adequada a replicar uma experiência do passado. Tendências em gêneros de videogames, formatos de comercialização e sucessos pontuais são popularizados e descartados ao longo dos anos, sem muitas regras ou previsões minuciosas. Jogadores e jogadoras também envelhecem uns deixando de ter contato com esse meio, outros somente relutantes com a complexidade de um controle moderno e suas (quase) duas dezenas de botões. A verdade é que o tempo passa para tudo e todos.

E não é que um singelo estúdio brasileiro conseguiu resgatar essas experiências do passado na palma de nossas mãos? Horizon Chase, lançado em 2015 para iOS e Android, uniu o espírito dos clássicos arcades “noventistas” às facilidades dos dispositivos móveis (como tela de toque e giroscópio), propiciando uma experiência mais moderna e acessível aos mais jovens e menos dedicados ao gênero de corrida. Em 2018, Horizon Chase Turbo arrancou rumo aos consoles e PC, deixando um rastro de sucesso por onde passava.

Volta ao mundo

Jogos de corrida não necessariamente precisam trazer longas campanhas em termos de quantidade de fases ou duração de cada corrida para serem um sucesso de crítica e público. Na verdade, quando o assunto é Horizon Chase Turbo, temos uma sequência de percursos projetados para serem jogados individualmente e em doses não muito longas. Por esse principal motivo que considero World Tour, modo clássico do jogo, ideal para quem quer começar com o pé na estrada sem mais delongas.

Tratando-se de uma intensa jornada por diferentes continentes, climas e cenários, esse modo cresce em dificuldade de diferentes maneiras. As pistas propriamente ditas vão se tornando cada vez mais sinuosas e perigosas, exigindo mais habilidades na dirigibilidade, aceleração e frenagem. O relevo também pode ser um fator impeditivo na hora de observar curvas acentuadas não muito distantes de onde estamos logo aquela “espiadinha” de canto de olho no mapa durante o trajeto pode ser decisiva para a vitória.

Os desafios crescem a cada nova localidade desbloqueada, porém veículos mais potentes e estáveis também dão as caras para serem escolhidos. Fases especiais habilitam melhorias para sua frota automotora, portanto recomendo que se atente em completá-las o mais rápido possível.

Se as partidas contra vinte competidores do modo clássico são desafiadoras demais para seu gosto, o modo Rookie Series, trazido posteriormente em formato de DLC, pode ser uma boa alternativa. Pensado para jogadores mais inexperientes com videogames e/ou jogos de corrida, essa opção apresenta corridas mais “diretas ao ponto”, subtraindo os coletáveis extras e reduzindo habilidade dos pilotos rivais. São pistas mais fáceis de serem navegadas e que geralmente apresentam circuitos de apenas duas voltas.

Além de modos que concentram desafios diários e partidas ininterruptas em formato de torneios, o jogo também traz uma campanha mais recente com elementos tropicais em seus cenários e veículos. Summer Vibes é uma versão ainda mais descontraída do conteúdo que encontramos originalmente no jogo e que dá direito a carros conversíveis e estradas costeiras.

Atmosfera cativante

Visualmente falando, os gráficos lowpoly parecem simples quando observados de relance, mas a quantidade de detalhes e carinho dedicados a cada uma das localidades é digna de elogios. Nos cenários brasileiros, por exemplo, atravessamos planícies que beiram as serras da Chapada Diamantina. Já nos Emirados Árabes, enfrentamos ameaças “envenenadas” na elegante Dubai dos arranha-céus imponentes.

O jogo também apresenta situações inusitadas e bizarras por meio de suas referências à cultura popular brasileira. Exaltados e praticamente considerados patrimônios nacionais, os veículos carro de firma e novato destoam bastante da variedade esportiva e luxuosa de veículos disponíveis. Isso se torna ainda mais cômico quando um dos carros populares atinge velocidade máxima e ultrapassa todos os outros competidores em plena Reykjavik, capital Islandesa mundialmente conhecida pelo fenômeno da aurora boreal.

O desempenho do jogo no Switch é elogiável. A taxa de 60 quadros por segundo se mantém estável até mesmo no multiplayer local. Outra característica destacável — e que vai muito além de apenas uma referência — é sua trilha sonora. As composições resgatam as batidas enérgicas da era do chiptune e das limitações de samples instrumentais com muita fidelidade, remetendo às séries Rush, Lotus Challenge e à icônica franquia Top Gear. E não era para menos: Barry Leitch, compositor de grande parte destas séries do passado, foi convidado a ser a principal mente por trás das trilha sonora de Horizon Chase.

Apesar da versão mobile munida de opções diversas de controle, Horizon Chase Turbo derrapa em algumas questões de acessibilidade na versão para consoles. Especialmente sentida no Nintendo Switch, a ausência de controle de movimentos torna o jogo mais burocrático em algumas corridas e aumenta ainda mais a quantidade de botões necessários para que possamos pilotar com segurança e eficiência. Mario Kart 8 Deluxe e títulos advindos dos dispositivos móveis contam com essa opção a mais — e ela seria muito bem-vinda se estive sido implementada.

Horizon Chase Turbo é do tipo que mistura nossas memórias de jogos de corrida do início dos anos 1990 com controles mais modernos, mesmo que amparando-se em um estilo audiovisual mais simplista e até saudosista. Sendo uma evolução natural de sua versão para dispositivos móveis, o título cumpre com excelência o papel de ser uma experiência arcade para todos os públicos, com memoráveis detalhes e referências às culturas ao redor do mundo.

Leia também

Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm