Análise: Just Dance 2018 - Neo Fusion
Análise
Just Dance 2018
9 de novembro de 2017
Código do jogo fornecido pela Ubisoft.

Sempre tive diversos preconceitos com a série Just Dance. Em primeiro lugar, porque nunca gostei tanto de dançar — prefiro tocar um instrumento ou cantar para apreciar uma música. Segundo, porque sempre me pareceu como uma relíquia da era Wii/Guitar Hero/Kinect, mas que sobreviveu ao longo dos anos por… algum motivo? Terceiro, porque meus gostos musicais nunca se alinham como que faz sucesso na música pop. E, por último, por eu não confiar tanto assim nos sistemas de controles de movimento para acreditar na pontuação do jogo.

Só Dance!

Minha opinião mudou no final de 2015, quando comprei Just Dance 2014 em promoção para o PS4, a pedido da minha namorada. Ela claramente estava mais empolgada sobre o jogo do que eu, mas eu realmente estava curioso sobre como seria. Aos poucos, percebi que havia mais músicas interessantes do que inicialmente esperado e logo me diverti dançando com clássicos como “YMCA”, “Ghostbusters”, “Gimme! Gimme! Gimme!” e “I Will Survive”… Sim, eu sou uma pessoa de gosto tradicional.

Mas claro que eu, sendo gamer de longa data e cientista da computação, tinha que levar aquilo a sério demais. Ao invés de me preocupar em relaxar e balançar, eu ficava olhando para os bonequinhos e tentando replicar exatamente cada movimento principal para tentar fazer o que a câmera do PS4 entenderia melhor… Até que eu cheguei ao ponto de admitir que a pontuação de Just Dance é longe de ser importante, e que o jogo fica muito mais divertido usando as ilustrações apenas como guias gerais.

No final de 2016, comprei Just Dance 2015, que teve um efeito similar ao revelar um número surpreendente de músicas que eu achei interessantes, mas naturalmente foi uma experiência muito menos reveladora do que antes. Nunca comprei as edições 2016 ou 2017, porque só havia uma ou duas músicas que realmente me chamou a atenção.

Just Dance 2018 segue a mesma linha de seus antecessores, então, para fãs de longa data da série, realmente não há muito a ser dito sobre ele. O que vou compartilhar neste texto são as minhas opiniões sobre a lista de músicas e sobre como a versão de Switch se compara à do PlayStation 4.

Dance com um controle a mais

O principal fator que diferencia a versão de Switch em relação à de PS4 e Xbox One é a necessidade de segurar um Joy-Con. No PS4, a mesma câmera “pseudo-Kinect” que eu uso com o PlayStation VR serve para rastrear meus movimentos dançando. Em tese é uma experiência melhor, porque o jogo pode pontuar todo o meu corpo ao invés de apenas uma mão… Mas também tem seus problemas. Primeiro, porque exige um espaço mais amplo do que o quarto onde meus consoles ficam, e, segundo, porque a câmera tem a mania de adicionar “jogadores fantasma” ao placar (e às vezes trocar um jogador real por aquele fantasma no meio da música). Visão computacional é algo bem difícil.

Mas a série se originou no Wii, no qual havia apenas um Wii Remote com sensores rudimentares (comparados aos atuais) para rastrear movimentos. Assim como em qualquer jogo desse tipo no Wii, é possível jogá-lo sentado mexendo o braço, mas isso derrota o propósito do jogo tão fundamentalmente que eu não entendo porque alguém jamais faria isso.

A versão de Switch, da mesma forma, usa um Joy-Con na mão direita para rastrear e pontuar cada jogador. Uma novidade é que existe a possibilidade de usar dois Joy-Cons, um em cada mão, se aproveitando do HD Rumble, mas isso só está disponível em pouquíssimas músicas. Com isso, posso jogar tranquilamente no meu quarto, sem precisar me atentar demais com a minha posição em relação à câmera, mas, é claro, a maior parte dos meus movimentos não valem de nada para a pontuação do jogo.

No fim das contas, jogadores sérios da franquia são melhores servidos no Xbox One, mas o Switch em si tem tudo a ver com a proposta. Poder jogá-lo em qualquer lugar sem a necessidade de configurar um console com câmera é ótimo e, mesmo com o dock, o console é pequeno e leve o suficiente para ser carregado para qualquer festa.

Dance sem limites (até acabar o limite)

Então, chegamos ao principal fator que distingue Just Dance 2018 de seus antecessores, as músicas. Como eu disse antes, meus gostos para música são bem fora do comum para um jogo assim, então foram poucas que me agradaram.

Sempre fico feliz de ver uma música do Queen presente, então é claro que curti “Another One Bites the Dust”. Sou um trouxa para musicais da Disney, então me encantei com “How Far I’ll Go”. E não tem como não amar a clássica composição de Grieg transformada e música de videogame com “In the Hall of the Pixel King”. Mas, se fosse eu depender só delas, não teria jogado Just Dance 2018 por mais de um dia.

A salvação é que o jogo vem com 90 dias de acesso ao serviço Just Dance Unlimited, que nos permite acessar todo o catálogo que a série vem montando desde 2009. Daí não tem erro: há músicas para todos os estilos e gostos, inclusive, para mim, mais músicas dos anos ’70 e ’80, mais músicas da Disney, mais músicas clássicas e mais músicas de videogame (inclusive “Just Mario”, que estreou no Wii em 2011). Perfeito.

Aliás, Just Dance Unlimited melhora tanto o jogo que, a esta altura, não sei porque a Ubisoft insiste em lançar iterações anuais da série (que raramente inovam em algum aspecto além das músicas) ao invés de simplesmente focar no serviço. Eu até consideraria pagar os 30 dólares anuais que a empresa pede, mas me parece completamente sem propósito quando, daqui a um ano, novas músicas serão lançadas com Just Dance 2019 e não poderei jogá-las. Um serviço contínuo com novas músicas mensais me parece muito mais interessante. Eles tomaram um caminho similar com Rocksmith 2014 Edition (apesar de cada música ser um DLC ao invés de haver uma assinatura), e parece ser satisfatório.

Nos EUA, Just Dance 2018 mais um ano de Just Dance Unlimited resulta em 90 dólares anuais, que é um valor salgado para uma série tão iterativa. E, ao lançar jogos anualmente, cada jogo precisa ter uma variedade de músicas que agradem um pouco a todos os jogadores, mas nunca os satisfaz por completo. Talvez o serviço não seja o modus operandi da série porque ainda existam versões para Wii, Xbox 360 e PS3, que não têm acesso à assinatura.

A boa notícia é que o final do ano está chegando, e esses 90 dias de Just Dance Unlimited que acompanham a compra de Just Dance 2018 são o suficiente para dançar em qualquer festa com família e amigos. A versão de Switch pode não ser a melhor para aqueles que levam o jogo a sério, e a série toda está em uma situação estranha, mas uma coisa é inegável: é muito divertido.

Oito anos após o lançamento original da série, o princípio fundamental de Just Dance — literalmente, apenas dançar — continua divertidíssimo para todo tipo de jogador. Just Dance 2018 não inova em qualquer maneira significativa, e sua lista de músicas não é a melhor da série, mas a assinatura Unlimited garante o suficiente para entreter até mesmo os mais caretas. Só é uma pena que nosso aproveitamento do serviço parece ser restringido pelo inevitável lançamento de Just Dance 2019 ano que vem.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm