Um dos maiores indicativos pelo qual um título antigo é elogiado até hoje está relacionado a quão divertido jogá-lo ainda é; as mecânicas conseguem alimentar o engajamento dos jogadores, tal como a parte visual e sonora continuarem atraentes. É comum nos depararmos com estúdios querendo reviver experiências do passado e, quando esses projetos são bem sucedidos, temos uma noção de que o aprimoramento de tecnologias e conceitos de jogo contribuem nessa percepção de que, por algumas vezes, perdoamos falhas de títulos clássicos por uma questão nostálgica e de respeito ao legado que trouxeram aos videogames.
Jogar Kaze And The Wild Masks é notar o quão impressionantes são os três jogos da subsérie Donkey Kong Country, lançados há quase trinta anos para o Super Nintendo. Essa trilogia trouxe novidades técnicas para a época e continuam sendo jogos recomendáveis nos dias atuais, ainda que consideradas as limitações do console em que foram lançados. Em casos recentes, alguns títulos independentes chegam a oferecer uma experiência que de fato pode substituir suas inspirações. No caso de Kaze And The Wild Masks, temos um conjunto bem amarrado de diversos elementos presentes em clássicos de plataforma dos anos noventa. Fazendo uma analogia, o estúdio brasileiro PixelHive construiu um álbum de grandes hits: cada fase é uma música com rearranjos de sucessos do passado e que interage com o jogador por meio de comandos simples e precisos.
O lema do estúdio PixelHive é entregar uma experiência baseada nos títulos clássicos que a equipe cresceu jogando. Tive a oportunidade de experimentar Kaze And The Wild Masks no fim de 2018, durante o SBGames (Simpósio Brasileiro de Games e Entretenimento Digital), ocasião na qual o título venceu como melhor jogo apresentado no evento. Mesmo se tratando de uma versão prévia, a fluidez dos controles já chamava atenção, a movimentação da personagem Kaze lembrava bastante a Dixie Kong. Ao invés das mecânicas envolverem os cabelos da personagem da série Donkey Kong, a coelha utiliza suas orelhas para planar, bater nos inimigos e se pendurar.
Kaze And The Wild Masks apostou na simplicidade nos controles, apesar de algumas inspirações recentes (como o Donkey Kong Country Tropical Freeze, que apresenta mais comandos). O jogo conta com um botão para pular e outro para ações. A única adição de comando em relação aos títulos do Super Nintendo é que a personagem pode executar um impulso para baixo ao pular.
O botão de ação varia sua funcionalidade ao longo da progressão, já que, em algumas fases, Kaze utiliza uma das quatro máscaras de animais. Elas garantem habilidades diferentes: a águia voa e atira um projétil tal qual o papagaio Squawks de Donkey Kong Country 2; o tubarão garante uma movimentação livre na água e uma investida; o tigre permite Kaze se agarrar a paredes e dar um dash para frente; e o lagarto para trechos de velocidade, nos quais o jogador se preocupa mais nos momentos de saltar.
Durante a progressão, o jogador é alimentado com referências, seja nas próprias mecânicas do jogo quanto nas dinâmicas apresentadas nas fases, visuais de cenários e trilha sonora. O jogo compila essas inspirações para garantir sua própria identidade. A trama, por sua vez, envolve a coelha em uma aventura para deter a ameaça de vegetais corrompidos que ameaçam as populações de animais.
Ao todo, Kaze And The Wild Masks se divide em quatro mundos (ilhas voadores), nas quais enfrentamos um chefe próximo à conclusão do cenário. O jogo se preocupa com o fator coleta: além de chegar ao final do percurso, cada fase possui três objetivos que contribuem para alcançar o melhor final. O primeiro objetivo consiste em pegar as letras que formam a palavra “KAZE”, com letras espalhadas no trajeto. A combinação dessas quatro peças garante um bônus por fase: uma arte que vai se somando a outras, servindo para contar a história por trás das máscaras dos 4 animais e a ameaça dos vegetais.
O segundo objetivo é pegar as duas metades de uma runa, coletadas a partir de seções bônus escondidas em trechos nas fases. Essas runas servem de requisito para liberar uma fase extra de cada mundo. O terceiro e último objetivo tem a ver com as gemas, os itens básicos encontrados aos montes, tal como as moedas nos jogos de Mario. Kaze And The Wild Masks não tem vidas limitadas, portanto, você pode morrer quantas vezes quiser. O jogador adquire uma gema maior ao concluir a fase, caso colete no mínimo cem no decorrer do trajeto. Essa tarefa das gemas tem relação direta com o melhor final do jogo, e as fases extras liberadas pelas runas são fundamentais para completar esses colecionáveis.
Essa ideia de coletar itens dá uma impressão de que o jogador precisa retornar a uma mesma fase várias vezes, no entanto, não é algo tão complicado devido às simplificações de outros sistemas do jogo. A ausência de um limitador de vidas é uma preocupação a menos para o jogador. As seções bônus funcionam de maneira mais flexível que nos Donkey Kong Country, pois, caso ocorra a falha, no mesmo momento há uma nova tentativa, não sendo necessário o trabalho de repetir a fase e encontrar novamente o trecho que leva ao bônus. Essa lógica funciona com a coleta das letras “KAZE”: quando o jogador termin a fase faltando uma delas, a necessidade é apenas de pegar a que está faltando ao retornar.
Além desses coletáveis, há ainda mais dois objetivos complementares que o jogador pode cumprir em cada fase: corrida contra o tempo e a conclusão sem levar dano. Durante a progressão, nota-se que os cenários são projetados para que, eventualmente, a coelha Kaze passe de forma apressada — o posicionamento de inimigos e de gemas foi projetado para que, em algum momento, ocorra uma sincronia de situações em forma de um combo. Kaze And The Wild Masks é curto em sua progressão; nesse sentido, os objetivos adicionais soam como bônus de acordo com a necessidade ou não do jogador de querer experimentar ainda mais as possibilidades desse título.
Essas facilidades auxiliam a sanar a curva de dificuldade, não tão suave para jogadores menos experientes com o gênero plataforma. O destaque de novo como um compilado de ideias propagadas nos videogames dos anos noventa enfatiza a proposta de atender a esse público-alvo — interessado em reviver essas experiências. Existe um modo mais fácil que dá a Kaze um coração a mais, aumento de dois para três a quantidade de danos que podem ser sofridos pelo jogador, e que adiciona mais itens de recuperação pelo cenário.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm