Já presente em sua versão japonesa desde 2020, Labyrinth of Galleria foi localizado e publicado no mercado ocidental em Fevereiro de 2023. Tal situação ocorreu também com seu antecessor Labyrinth of Refrain, cujas publicações tiveram 2 anos de diferença, em 2016 e 2018 respectivamente. The Moon Society é um RPG do tipo dungeon crawler (ou DRPG) no qual controlamos o espectro Fantie, cujo nome verdadeiro é dado por quem joga, durante a exploração de distintos calabouços, sempre na procura de artefatos.
Alguns meses após a chegada do título em nosso mercado, pude experimentar e saio com a certeza de que Labyrinth of Galleria: The Moon Society não é apenas um bom jogo de seu subgênero, como um dos destaques em termos de RPG nos anos recentes. Trata-se de uma experiência densa e vasta. Há muitas horas de jogo e um número bem largo de sistemas e mecânicas. Temos uma boa abrangência de builds da equipe, além de uma série de aspectos para a jogadora ir se familiraziando e aprendendo ao longo da campanha.
Como apontado acima, controlamos o fantasminha verde em incursões nos labirintos. Aliás, durante a batalha controlamos nossa equipe de soldados fantoche, enquanto os guiamos no papel de Fantie. Fora das dungeons acompanhamos o desenrolar da trama principalmente a partir da protagonista dramática Eureka, na primeira história, e de uma outra personagem na segunda. Sim, ao terminar a campanha com todos os artefatos e tendo cumprido alguns requisitos, uma nova se abre. Depois as tramas se conectam e o próprio salto de uma história para a outra é até impactante e inusitado.
A narrativa se dá a partir de cenas que se assemelham a Visual Novels, apenas acompanhamos os diálogos e as imagens, com pouquíssimas interações quando podemos concordar ou discordar de algo com o Fantie. Também existem cenas dentro dos labirintos, além de algumas boas conexões mecânicas e sistêmicas construindo a narração do jogo. Seu antecessor era mais focado em trazer mais personalidade, inclusiva em termos de enredo, para os labirintos, enquanto Galleria traz esse foco em outro lugar, deixando aos calabouços a expansão de mecânicas.
Labyrinth of Galleria não é um jogo curto ou simples. Veja, ele não é difícil a partir do momento em que estamos engajando com todos os sistemas e mecânicas, além de prestando atenção e aprendendo como fazer as coisas. Mas como existem muitas mecânicas, a coisa pode parecer pouco acessível. Não é o caso, The Moon Society nos faz ir e vir dos labirintos, sempre colocando checkpoints e dando tempo para acostumarmos com cada habilidade do Fantie e com as especificidades e possibilidades da batalha.
Aliás, talvez o jogo peque mais por pegar muito na mão, principalmente no começo, do que pelo contrário. Existe alguma limitação no ritmo quando devemos voltar sempre para a base. De qualquer forma, existe tanta coisa importante e útil também para se fazer no QG que a coisa acaba não sendo um problema muito grande. Dessa forma, Labyrinth of Galleria acaba entregando um bom ciclo de jogo: exploramos um calabouço, batalhamos e coletamos itens e Mana, voltamos para a base onde podemos expandir habilidades, recuperar fantoches e melhorar equipamentos além de vermos as cenas que vão tocando a trama pra frente, e depois seguimos de novo para as dungeons.
Há um bom ritmo aqui, que só vai ficando mais engajante conforme a campanha avança. A trama também fica cada vez mais engajante, principalmente na segunda história. Ainda assim, existem algumas coisas esquisitas e até ofensivas que me incomodaram no roteiro, mas como é 2023 e a juventude tem pavor com spoilers, deixarei a discussão para uma outra ocasião.
De qualquer forma, o foco de Labyrinth of Galleria, como bem aponta seu nome, é explorarmos os labirintos de Galleria. Para tal, é necessário criar fantoches e alocá-los em diferentes Covens. Cada soldado boneco é customizável, com destaque para as características (que aumentam ou diminuem o crescimento de determinados atributos) e as naturezas (que também favorecem o crescimento do guerreiro na direção desejada). Além disso, cada Coven possui seu número de espaços para membros ativos e de suporte, e mais importante que isso, cada espaço possui diferentes efeitos a depender de cada tipo de Coven.
Por exemplo, existe Covens que melhoram ataque, outras desvio, outras trazem efeitos ligados ao HP ou uso de magia, chamadas aqui de Donums. Temos 5 espaços para Covens, e cada uma pode ter até 3 personagens ativos, tendo aí um limite de personagens de batalha de 15, com mais um total de 25 possíveis espaços de suporte. Existem muitos equipamentos e há a possibilidade de ir melhorando-os com fusões entre eles. Já dá pra ter uma ideia do tanto de possibilidade existente aqui.
Existem outras mecânicas de batalha como o uso de Machinas (na falta de melhor termo para explicar, são uns bichinhos que se unem ao grupo de batalha e também tem seus diferentes efeitos e ações), além das ressonâncias e ecos, multiplicadores de dano que dependem de que golpes e habilidades combamos. Além destas, também podemos usar habilidades do Fantie na qual gastamos RP, nesse grupo temos o modo ofensivo, defensivo, tático e de velocidade. Cada um deles gasta pontos e pode ser essencial em como tocamos as batalhas. O tático, por exemplo, nos dá uma visão geral dos turnos, qual golpe os inimigos darão e em quem.
Falando em golpes e habilidades, Labyrinth of Galleria é um jogo por turnos. No início do turno damos a ordem para todas as Covens, e depois as ações aliadas e inimigas vão se desenrolando de acordo com a ordem estabelecidade pela velocidade. Todas essas mecânicas colocadas podem parecer muita coisa, mas o jogo é bastante didático e te dá um bom tempo para se acostumar com elas. No fim das contas, a densidade da batalha é muito bem vinda e se torna um dos pontos altos.
The Moon Society funciona dessa forma também na exploração. Existe muita coisa e elas podem ser desafiadoras, mas como o jogo te dá ferramentas e oportunidades, tal relação é na verdade um ponto de empolgação para pessoas que gostam de mexer com sistemas e mecânicas e compreender como funcionam as coisas.
Falando da exploração dos labirintos, existem uma série de mecânicas interessantes como pulos longos, plataformas visíveis apenas com uso de uma habilidade de luz, respirar embaixo d´água ou desbravar uma parte na qual os soldados do time vão ficando loucos se não tivermos um talismã. Temos também a criação de portais dentro de uma dungeon, ou de dentro para fora. Existem modos para nos escondermos dos inimigos, bem como podemos deixar armadilhas ou barrá-los. Enfim, há muita e se explorar e para tal é preciso utilizar muitas dessas habilidades. A mais recorrente delas é poder quebrar as paredes, com exceção daquelas sinalizadas em laranja indicando impossibilidade ou limite da área.
Tudo é muito bem sinalizado, e embora os labirintos da primeira parte se pareçam muito entre si, a direção de arte geral é compentente nesse sentido. O ponto alto nesse sentido são os inimigos; figuras estáticas com alguma animação mais simples, mas todos bem desenhados e com alguns designs excelentes. A trilha sonora também é bem pensada, sendo até gostosinha na maior parte do tempo. A faixa da dungeon da segunda parte, aliás, me agrada bastante. De qualquer forma esse é um daqueles jogos no qual realizar atividades de exploração pode muito bem ser acompanhado por escutarmos música ao nosso gosto enquanto isso.
Com um ciclo de jogo divertido, e muita coisa para se fazer e completar, Labyrinth of Galleria justifica suas dezenas, quase centena, de horas. É um título que coloca obstáculos, mas sabe dar as possibilidades através de seus muitos sistemas, regras e mecânicas.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm