Poucos jogos capturam a essência da diversão tão bem quanto Mario Kart 8. É fácil de averiguar isso: coloque um controle nas mãos de uma criança, de um jogador veterano, ou de um idoso que nunca encostou em um vídeo game. Em poucos minutos, muito provavelmente, todos estarão com um largo sorriso, independente de quantos cascos vermelhos tenha levado. Não há como não se divertir com os visuais vibrantes, personagens carismáticos e pela simples sensação de jogá-lo.

Tudo isso era verdade em 2014, quando o jogo original saiu para Wii U, e continua sendo verdade agora, com Mario Kart 8 Deluxe no Switch. O jogo como um todo é o mesmo, mas um pouco maior, um pouco melhor e, acima de tudo, portátil. Pode ser difícil optar por pagar o preço de um jogo novo em um relançamento, mas esta versão realmente dá nova vida ao jogo de corrida. Para aqueles que nunca tiveram um Wii U ou o jogo original, a escolha passa a ser muito fácil: Mario Kart é um complemento obrigatório para qualquer Nintendo Switch.

Igual, porém diferente

Além de incluir todo o conteúdo do jogo original e ambos pacotes de DLC, a versão Deluxe inclui alguns pilotos adicionais, como King Boo e os Inklings de Splatoon. A quantidade de pistas é a mesma, mas o modo batalha foi completamente renovado, trazendo arenas novas e clássicas para um formato mais similar ao dos Mario Karts antigos: no jogo de Wii U, o modo havia sido criticado por usar apenas pistas comuns.

O jogo também conta com melhorias visuais, particularmente por rodar em 1080p nos mesmos 60 quadros por segundo, ao invés de 720p como no original. No entanto, modos de três ou quatro jogadores no mesmo Switch fazem o jogo passar a rodar a 30fps — nenhuma novidade para a série.

Por fim, há alguns itens novos e agora é possível carregar dois deles ao mesmo tempo, modificando substancialmente algumas estratégias ofensivas e defensivas durante as corridas.

Da telona para a telinha

Todas essas mudanças da versão Deluxe são bem-vindas. Elas tornam um jogo que já era excelente em algo ainda melhor, mas o mais incrível é como Mario Kart 8 se adaptou bem ao hardware do Switch. Mais do que qualquer outro jogo de Switch até agora, é impossível desassociar Mario Kart 8 da proposta do console. Parece que todas as peculiaridades do sistema são úteis de alguma forma para Mario Kart.

Primeiro, temos pela primeira vez um Mario Kart completo rodando, sem a necessidade de ajustes, em um portátil. Por mais que Mario Kart DS e Mario Kart 7 sejam entradas sólidas na série, nunca foram plenamente comparáveis aos jogos de console. Mario Kart 8 Deluxe é o grande Mario Kart atual, e podemos carregá-lo para qualquer lugar. Basta separar os Joy-Cons para termos uma experiência multiplayer local robusta com apenas um sistema. E, confie em mim, você vai querer fazer isso com frequência.

A versão de Switch também incorpora um aspecto que, antes, era exclusivo dos Mario Karts portáteis: multiplayer local com diversos sistemas. Com vários Switches disponíveis, é extremamente fácil montar uma sessão de até doze jogadores presenciais (dois em cada Switch): perfeito para longas noitadas e torneios rápidos.

Uma ajudinha no volante

Jogar com apenas um Joy-Con não é ideal, mas é perfeitamente aceitável. Algumas pessoas se mostram confusas quando as entrego um dos controlinhos, não tendo certeza se devem segurar de lado ou de pé (sendo perfeitamente honesto, isso acontecia com o Wii Remote também). Mas, após explicar que elas devem pensar na posição dos botões, ao invés de seus rótulos, e contar o que cada um deles faz, dava tudo certo.

Uma importante novidade para jogar com novatos é a adição de assistências de direção. Agora, é possível permitir que o jogo auxilie o jogador a fazer curvas e evitar cair em buracos. É sempre divertido perguntar quem quer esse tipo de ajuda ou não, e ver algumas pessoas que jogaram Mario Kart 64 se sentido aptas a encarar Big Blue em 200cc. As que optam pela assistência frequentemente acabam se divertindo mais, pois não precisam se preocupar em acertar todos os drifts da Rainbow Road, e é um jeito de tornar uma corrida com novatos e veteranos mais equilibrada.

Um prazer para os olhos e ouvidos

A apresentação visual em 1080p deixa extremamente claro que Mario Kart 8 é um dos jogos mais bonitos que a Nintendo já produziu. Com a abundância de cores, as animações carismáticas dos personagens e os cenários cheios e vivos, é difícil não se maravilhar.

Como complemento, o jogo também possui uma das melhores trilhas sonoras que a Nintendo já lançou. Quase todas as músicas foram gravadas usando instrumentos reais no estilo big band que marcou a era Wii U, incluindo novos arranjos de músicas clássicas da série e temas de Animal Crossing, Zelda e F-Zero para as pistas temáticas. Mario Kart não precisava ter uma trilha sonora original — a série Mario tem várias músicas que poderiam ter sido adaptadas para o jogo de corrida —, mas a dedicação em produzir uma trilha original de alta qualidade é louvável.

Algumas das músicas, inclusive, são dinâmicas de acordo com a pista. Sessões embaixo d’água têm sonoridade diferente e elementos sonoros da própria pista se integram no ritmo da música. Uma das pistas mais marcantes do jogo, Mount Wario, é uma longa descida por uma montanha, dividida em algumas sessões; sua música também é dividida em sessões, que tocam de acordo com o progresso do jogador na pista. Então, certos temas melódicos sempre acompanham determinados lugares, tornando cada momento da corrida memorável.

Diferente, porém igual

É muito difícil tentar analisar Mario Kart 8 Deluxe objetivamente como jogo, independente das características do Switch. O jogo em si não é particularmente revolucionário: é a mesma base de Mario Kart que existe há décadas, em sua maior, mais bonita e melhor forma até agora. Mas isso já era verdade no Wii U. Mas esse mesmo jogo faz mais sentido no Switch do que em qualquer outra plataforma, e é uma adição perfeita para a biblioteca do console, especialmente em seus primeiros meses.

Infelizmente, Mario Kart 8 continua tendo poucas opções para jogadores solitários, além de jogar online indefinidamente. Não há qualquer campanha similar à de Sonic & All-Stars Racing Transformed, nem a amplitude de desafios de Mario Kart DS. Este é um jogo para jogar com a galera e, em geral, apenas isso.

Mas, no fim das contas, depois passar dezenas de horas em Breath of the Wild e Super Mario Odyssey, provavelmente é disso que nós precisamos.