Análise: Mario & Luigi: Superstar Saga + Bowser's Minions - Neo Fusion
Análise
Mario & Luigi: Superstar Saga
+ Bowser's Minions
16 de outubro de 2017

A biblioteca de jogos first-party do 3DS este ano está sendo preenchida principalmente por relançamentos e remakes, que faz sentido quando levamos em consideração o estado atual do portátil no mercado. Enquanto alguns podem se desanimar com a relativa falta de originalidade na lista, outros podem aproveitar a oportunidade para finalmente conferir clássicos que podem ter sido esquecidos, ou rejogar aqueles que marcaram outro tempo de nossa vida.

Este segundo caso é o meu com Mario & Luigi: Superstar Saga + Bowser’s Minions. O Game Boy Advance foi um dos sistemas mais importantes da minha vida — foi meu primeiro da Nintendo e foi onde conheci Mario, Pokémon, Metroid, Kirby e Fire Emblem. Um pouco tarde na vida do portátil, joguei o curioso RPG que protagoniza os irmãos Mario e Luigi (apenas mais tarde conheceria Paper Mario e Super Mario RPG). Apesar de já fazer mais de dez anos, tenho memórias carinhosas do meu tempo com o jogo, e portanto me animei com a prospectiva de um remake dele em 2017.

Tempo passou, pouco mudou

Diferentemente da completa reinvenção que vimos em Metroid: Samus Returns, o novo Superstar Saga é uma adaptação muito mais fiel do original. Os locais, personagens e inimigos são os mesmos, apresentando apenas visuais e sons atualizados, além de algumas algumas mudanças de acessibilidade.

Então, antes de falar das mudanças, vamos falar da obra em si.

Superstar Saga conseguiu fazer, primeiro em 2006 e novamente em 2017, o que poucos RPGs fazem: me conquistar dentro dos primeiros minutos. Não há nele um longo prólogo feito para apresentar os personagens e explicar as mecânicas. A primeira parte já está resolvida pela própria franquia — ninguém precisa ser apresentado aos irmãos, à princesa e ao Bowser. Então a narrativa começa de imediato: Mario deve ir a um reino vizinho (Beanbean Kingdom) para enfrentar a bruxa Cackletta e recuperar a voz da princesa. Já as mecânicas são introduzidas durante o curto voo a bordo da nave de Bowser, que desta vez está colaborando com os encanadores (Luigi é levado por acidente e acaba acompanhando a aventura toda).

Após isso, a narrativa vai se desenrolando através de diálogos curtos e descontraídos, enquanto novas mecânicas são introduzidas à medida em que o jogador progride (com tutoriais obrigatórios para as mecânicas centrais e opcionais para as secundárias).

Tendo jogado muitos jogos da Nintendo nos últimos anos, fiquei impressionado com o quanto o jogo me deixa descobrir as coisas por conta própria, algo que não apreciei direito quando o joguei no GBA. O estilo de combate, por turnos com comandos de ação (assim como outros RPGs do Mario e, mais recentemente, os de South Park), faz com que haja uma variedade de formas de atacar e defender de inimigos, mas nunca há uma explicação direta de como lidar com eles. Como exemplo, em um certo momento há inimigos que fazem referência aos vírus de Dr. Mario e se todos os vírus em tela estiverem da mesma cor, eles são derrotados instantaneamente. Isso é comunicado apenas pelas dicas visuais do combate e a referência ao clássico jogo de puzzle está lá para quem a reconhecer.

Em alguns momentos, essa falta de comunicação é um pouco demais. Há alguns inimigos que são fracos ou resistentes contra determinados ataques, e até alguns que se curam quando recebem golpes elementais. Muitas vezes, isso não é comunicado de forma clara nem sutil, tornando o processo de descobrir as vulnerabilidades dos oponentes um de tentativa e erro. Frustrante quando acidentalmente curamos um inimigo poderoso.

Por um bom tempo, considerei o jogo um pouco fácil demais — e não sei dizer se isso é porque o remake é mais fácil do que o original ou eu simplesmente jogo melhor do que há onze anos. Acredito que seja um pouco dos dois: na primeira metade do jogo, realmente parece que o jogo é mais generoso com moedas e itens, nos recompensando a cada batalha com cogumelos que rapidamente enchem o inventário. Mas, naturalmente, ser mais habilidoso com os comandos de ataque e defesa ajudam muito nos combates.

Porém, perto do final do jogo, há um aumento notável na dificuldade, com inimigos cada vez mais difíceis de desviar e chefes frequentes e desafiadores. Tudo isso conclui com uma sequência final de chefes que exigirá diversas tentativas de quase qualquer jogador, exigindo destreza tanto ao realizar “Bros. Attacks” mais complexos e ao desviar de ataques poderosos em uma batalha que me tomou várias tentativas e cerca de 30 minutos na última. É um tanto preocupante ter um boss tão difícil em um RPG no qual geralmente não há tanta necessidade de subir de nível, mas também aprecio um desafio de verdade no seu final.

Uma história de cogumelos e feijões

Além da mudança na economia do jogo, há pouco a se dizer sobre as diferenças do remake em relação ao jogo original. Os visuais renovados seguem o caminho dos antecessores Dream Team e Paper Jam, e a trilha sonora faz um bom trabalho em modernizar algumas melodias surpreendentemente memoráveis. Enquanto tudo isso é agradável por si só, é notável que o tempo e orçamento apertado da AlphaDream fez com que alguns modelos de personagens fossem reaproveitados de jogos anteriores ao invés de desenhados do zero. Muitos personagens são versões fiéis do que vimos no GBA, mas alguns outros (como, por exemplo, os Hammer Bros. e o Koopa Troopa gigante) perderam o visual distinto que apresentavam em Superstar Saga.

A narrativa de Superstar Saga não é complexa, mas é facilmente uma das partes mais carismáticas e memoráveis do jogo. Além de servir como a base de toda a aventura, ela faz algo raramente visto na série Mario, que é a expansão daquele universo. Através da viagem dos encanadores ao reino Beanbean, podemos ver um pouco de como é a vida cotidiana para os feijões humanoides e seus vizinhos cogumelos. Também há diversas referências a outros jogos dos encanadores — desde Super Mario Bros. até Luigi’s Mansion —, que além de divertidas para fãs, ajudam a traçar ligações entre os jogos da série. Infelizmente, ao usar modelos de personagens mais genéricos (como um monte de Toads iguais), o jogo perde um pouco da profundidade que o original tinha ao representar esse universo.

Complementando isso, há o jogo secundário Bowser’s Minions, uma novidade do remake. Nele, acompanhamos as aventuras de um grupo de goombas, koopas, shy guys e outros buscando pelo desaparecido rei Bowser. Sua história acontece em paralelo à campanha principal e nos dá uma nova perspectiva sobre esses personagens renegados. Após jogar por um tempo, senti até um pouco de pena por todos os goombas que esmaguei ao longo dos anos…

O jogo em si, porém, não é particularmente interessante. A cada fase, devemos montar uma equipe de dez personagens (divididos em três classes com propriedade pedra-papel-tesoura) e encarar uma sequência de grupos inimigos. Os combates em si são praticamente automáticos, exigindo interação do jogador apenas quando um personagem aliado está prestes a realizar um golpe especial ou ao executar comandos de líder que afetam a batalha de alguns jeitos.

Ao meu ver, este jogo teria feito muito mais sentido no ambiente mobile do que como um anexo ao jogo de 3DS. Quando estou jogando Mario & Luigi, prefiro focar no jogo principal do que em Bowser’s Minions, mas, no celular, eu provavelmente teria gasto mais tempo com ele. São raros os jogos para os quais eu diria isso, mas realmente é o que senti neste caso.

O remake de Mario & Luigi: Superstar Saga não traz diferenças suficientes para aqueles que jogaram o original recentemente, mas é uma ótimo forma para novos jogadores conhecerem o jogo ou para veteranos revisita-lo. Sua proposta não é mais tão única quanto era há quinze anos, mas continua divertida e simpática para qualquer pessoa que se interesse pelos personagens do Reino Cogumelo. Porém, o jogo extra Bowser's Minions não acrescenta muito à experiência além de alguns diálogos divertidos.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm