Se tem uma coisa que a trupe de Mario sabe fazer é ganhar as pessoas com seu carisma. Desde os primeiros jogos, quando os personagens eram apenas blocos de pixels, sempre existiu um charme por trás dessas figuras, e não necessariamente isso dependia da trama ou dos cenários. O simples fato de estar com eles bastava.
Do outro lado, os Rabbids, da famosa série de videogame, também conquistavam público, mas com um humor e insanidade muito mais intensos, típicos dos clássicos desenhos animados. Unir esses dois nichos em um projeto com uma narrativa interessante seria um desafio, mas de alguma forma a Nintendo e a Ubisoft conseguiram tirar isso de letra.
Mario + Rabbids: Sparks of Hope é a sequência direta de Kingdom Battle. A ironia desse título é que, ao mesmo tempo que soa familiar, ele oferece uma experiência bem diferente do seu antecessor. A base de personagens permanece, a essência de gameplay também, mas o restante foi completamente atualizado — e, felizmente, para algo melhor.
Após os eventos do primeiro jogo, Mario e sua turma estão vivendo tranquilos e serenos no Reino do Cogumelo, contando com a ajuda dos Rabbids para aprimorar o espaço. Em dado momento, fantasmas malignos surgem para perturbá-los. Mas eles não são o alvo: uma estrela voadora com orelhas de coelho — chamada de Spark — está sendo caçada para ser usada como energia para Calamita, a vilã cósmica que busca a dominação da galáxia.
Rapidamente, os protagonistas começam a defender os Sparks e, para isso, precisam viajar para outros planetas e eliminar os resquícios das criaturas malignas, salvando todas as poderosas estrelas. Consequentemente, fazer isso resgata a vida desses mundos consumidos por Calamita.
Se em Kingdom Battle a trama era mirabolante, aqui ela dá cinco passos para frente. Construir mais uma narrativa envolvendo espaço-tempo pode cair fácil no clichê, tendo em vista o tanto de conteúdos já disponíveis. Mas, neste caso, Sparks of Hope consegue contornar o problema oferecendo elementos que unem o útil ao agradável.
Toda a equipe de Mario embarca em uma espaçonave para viajar em uma aventura interplanetária. Isto é, fazer conexões entre os mundos infectados pela vilã e seus mandados para restabelecer a paz entre todos os reinos e proteger os Sparks.
Cada mundo possui sua temática particular, sendo alguns deles bem previsíveis e remanescentes do jogo anterior — como um planeta gelado ou praiano. Porém, a escolha de design consegue vender a imagem de mapas “galáticos”, costurando tudo.
Este não é o lançamento mais profundo e bem desenvolvido da franquia de Mario quanto a decisões de história, mas é o suficiente para fisgar o jogador e mantê-lo interessado em todas as mecânicas e novidades de gameplay contidas nele.
Por se tratar de uma sequência, é inevitável comparar duas versões de uma mesma proposta: criar um RPG tático em turnos com esses amados personagens. O que é mais interessante, no entanto, é observar como cada uma delas consegue se sustentar sem ofuscar o trabalho um ao outro.
Spark of Hope é genuinamente diferente, mas tão empolgante quanto seu antecessor. A começar pela equipe de personagens jogáveis, que expande demasiadamente. Temos nove figuras com habilidades e armas únicas que, em conjunto, demandam certa estratégia do jogador para combiná-las todas em harmonia.
Enquanto Luigi usa seu arco e flecha para atingir inimigos a distância, Rabbid Mario usa superluvas para golpear em curto alcance. Cada personagem contém dois poderes especiais básicos, que consomem barra de energia. É preciso utilizá-los com sabedoria para garantir um abate. A cada rodada, apenas uma rasteira está disponível. Além disso, há a adição da mochila de itens, que permite uma estratégia especial, seja de defesa ou ataque. Os itens vão de cura a bombas.
A primeira maior evolução deste aqui é a possibilidade de andar por um campo predeterminado, o que oferece novas visões de jogadas. Em comparação ao título anterior, que reduzia a locomoção ao clique único, o novo Mario + Rabbids consegue superar o que já era bom em uma escolha de jogabilidade interessante e refrescante.
A segunda mudança, talvez a principal do jogo, se refere ao poder dos Sparks. Cada personagem pode levar consigo uma dessas criaturas, cujas habilidades variam entre si (proteção, impulso, intensificador de dano e mais). Elas podem ser encontradas por meio de missões e adicionadas à equipe a qualquer momento. Uma novidade no gameplay muito bem-vinda, que conseguiu tornar toda a experiência ainda mais versátil.
Quem jogou Kingdom Battle deve se lembrar das batalhas contra Rabbids modificados que aconteciam ao longo do percurso. Em Sparks of Hope, a configuração muda: ao cruzar com um inimigo, um outro mapa é apresentado — isto é, um à parte daquele pelo qual o jogador é conduzido. Este, por sua vez, é muito bem feito. Eventualmente, os inimigos mudam e a formatação dos mapas também, o que é um detalhe vital para que a ação não se torne repetitiva demais e tediosa. Além do mais, nas batalhas secundárias, é possível pulá-las sem perda de progresso (apesar de não eliminar o obstáculo).
Falando ainda sobre combate, cada inimigo possui uma fraqueza ou resistência. Sob uma visão mais ampla, o jogador pode preceder e calcular cada movimento antes de iniciar a partida.
Não bastassem todas as incríveis mecânicas, o jogo escolhe aplicá-las em cenários estonteantes. As missões principais, que desenrolam os acontecimentos da trama, oferecem as melhores aplicações visuais da saga. Da água ao fogo, é tudo muito bonito e surpreendente.
Sobre demais características relevantes, o jogador agora tem suporte de um mapa com marcações de itens e atividades para realizar em cada planeta. Uma loja ambulante permite que itens especiais sejam comprados para uso posterior em confrontos. Cada ativação da habilidade especial oferece uma animação linda de seu personagem. As árvores de habilidades voltaram no mesmo esquema, mas com um design mais bonito. São várias adições e complementações que elevam bastante a experiência para veteranos da franquia ou iniciantes no título.
A Nintendo possui um histórico bom de desempenho no que diz respeito aos jogos de seu domínio. Sparks of Hope raramente peca nisso, e o motivo de quando acontece é a quantidade excessiva de artifícios que o sistema do Nintendo Switch precisa carregar ao mesmo tempo.
Estamos falando de efeitos abundantes e cheios de cor e vida para serem sustentados. De qualquer forma, isso não atrapalha a campanha como um todo.
O jogo inteiro parece ter sido passado por um filtro Ultra HD se fosse colocado ao lado de Kingdom Battle. No entanto, algumas texturas não são tão polidas quanto o restante, como no caso de áreas terrosas que sofrem da falta de tridimensionalidade. Campos aquáticos extensos também passam essa impressão, mas são mais inofensivos. Isso, na verdade, são pequenas pontuações em um mar de qualidades.
O resultado de Sparks of Hope é além do esperado. Um jogo que consegue captar e referenciar todas as suas benfeitorias passadas para expandir esse universo rico e valioso. Com um lançamento desses, a jornada tática de Mario com os Rabbids já não combina mais como uma opção secundária, e sim como franquia obrigatória para quem busca referências no assunto ‘qualidade’.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm