Análise: Observer: System Redux - Neo Fusion
Análise
Observer: System Redux
17 de dezembro de 2020
Cópia digital da versão de PS5 cedida pela Bloober Team.

Lançado em 2017 para PC, PS4 e Xbox One — posteriormente chegando ao Switch em 2019 —, Observer obteve crítica razoavelmente positiva. Com raízes fortes nos chamados walking simulators — jogos em que a principal ou única atividade é andar e interagir com o ambiente —, o título ainda se propôs ser uma aventura de detetive com trechos de horror psicológico em um contexto cyberpunk.

Observer: System Redux, versão expandida e retrabalhada para PC e consoles da nova geração, chegou em novembro deste ano. Para além das mudanças visuais a partir do poder dos novos hardwares, o marketing do título para o PS5 enfatizou o uso do controle DualSense como um novo aspecto da experiência.

O controle, diga-se de passagem, possui características e funcionalidades a princípio empolgantes e cheias de possibilidade quando pensamos em jogos de horror ou terror psicológico. Penso, inclusive, que games do tipo tem muito a ganhar com uma boa utilização do DualSense.

Quando tratamos da atmosfera e do retorno ao jogador, o novo controle do PS5 de fato aprimora esse tipo de experiência, acompanhando os batimentos cardíacos ao corrermos — além de estremecer aos passos de um grande perseguidor, dando uma noção razoável ao jogador de onde está a criatura. Para além disso, entretanto, não existem variações mais extensas vindas da interação com o DualSense.

Embora o título não seja exclusivamente um jogo de horror, sua atmosfera e proposta de jogatina levam a esse caminho. O personagem principal é um Observador, um funcionário da polícia investigativa encarregado de se conectar ao cérebro das pessoas para interrogar e extrair informações a partir da atividade cerebral desses mesmos depoentes. Situada na cidade polonesa de Cracóvia em 2084, a trama se inicia quando Daniel Lazarski, o protagonista, recebe um chamado de seu filho e o segue até um condomínio para investigar os eventos.

A união de alta tecnologia organizada de maneira tosca, “gambiarresca” e grosseira — passamos a maior parte do jogo em um prédio residencial de baixo padrão — com as alucinações vindas do inconsciente geram múltiplos momentos de tensão e terror. A construção imagética, aliada à resposta do controle, de fato me fizeram sentir medo e até mesmo desconforto. Nesse sentido, o título desenvolve bem seu ambiente de terror psicológico.

Observer: System Redux é também um jogo de detetive, walking simulator e título cyberpunk. Do ponto de vista das atividades de investigação, o título propõe o convencional esquema de analisar pistas no cenário, bem como ler relatórios e mexer em computadores alheios. A diferença está em dois modos de visão distintos do comum: um para analisar e ver objetos eletrônicos e outro para identificar matéria orgânica.

É interessante alternar entre os modos, e inclusive há bom uso dessa alternância em alguns quebra-cabeças. Estes, infelizmente, são poucos e concentrados na parte final. De qualquer forma, o jogo funciona de maneira bastante direta em relação ao que estamos investigando. Não há nada como um waypoint, mas o título guia bem o caminho do jogador, mesmo nos momentos de exploração mais aberta.

O aspecto de andar e interagir, no fim das contas, é o mais forte aqui. Mas esse andar, como apontado acima, está intimamente ligado à criação da atmosfera e ao horror psicológico construído a partir do embaralhamento entre realidade cibernética e imaginário onírico. Há, ainda, a apresentação de um ambiente Cyberpunk — gênero distópico no qual avançada tecnologia convive com caos e desgraça social.

Daniel Lazarski é um policial (corporativo), uma das figuras mais opressivas desse tipo realidade — e da nossa, para todos os efeitos. Seu contato com uma região mais empobrecida da cidade revela o esperado temor e asco da galera em relação a pessoas de seu tipo, e seu próprio ofício coloca um ponto importante: poder entrar nas memórias e inconsciente das pessoas é a forma de dominação e desvelamento mais absurda possível. Coloca-se, naturalmente, a pergunta: seríamos, enquanto sociedade, a favor de deixar pessoas e seus pensamentos nus e expostos ao estado e a corporações? Em troca de quê? Já não é algo em processo? Para além dessa questão, o título passeia sobre alguns outros questionamentos comuns ao tema, bem como faz sua dose de referências aos clássicos.

Observer: System Redux traz uma tensa jornada de horror psicológico a partir de mecânicas de investigação e, sobretudo, de interações simples e jogabilidade de andar. Constrói seu visual e atmosfera a partir da união entre ambiente distópico, composições da memória e sonhos das pessoas. Coloca, por fim, uma reflexão em relação ao poder sobre as pessoas e até qual ponto Estado e corporações pretendem tomar e vigiar até mesmo os pensamentos e corpos.

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Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm