Como sequência de um jogo de sucesso, Overwatch 2 é um título que traz mais dúvidas do que respostas em seu lançamento. Embora esteja clara a tática que a Blizzard quer adotar para atrair mais pessoas para o jogo, ainda é muito cedo para dizer se ela vai funcionar — da mesma forma, as mudanças de gameplay adotadas garantem um jogo mais competitivo, mas que corre o risco de perder sua personalidade única.
Mas estou me adiantando: com lançamento programado para esta terça-feira (4), o game é mais do que uma sequência do primeiro Overwatch. Na prática, ele é o sucessor completo do jogo original, que deixa de existir e adota um formato semelhante, mas com diferenças que mudam muito do que os jogadores conheciam.
Jogo de tiro baseado em classes separadas em três categorias (dano, defesa e cura), o título tem como principal diferencial em relação a seu antecessor o tamanho de suas equipes. Enquanto antes tínhamos duas equipes de seis pessoas lutando por um objetivo, agora cada lado perdeu um participante.
Essa decisão aparentemente simples teve consequências profundas: não somente as partidas se tornaram mais rápidas, como os personagens de defesa (ou tanques) ganham uma importância redobrada. Da mesma forma, uma estratégia de jogo baseada em trabalhar de forma próxima com sua equipe se torna ainda mais importante — jogadores do estilo “lobo solitário” dificilmente vão ter sucesso, especialmente nos modos competitivos.
É um tanto complicado evitar a afirmação de que “Overwatch 2 é o mesmo jogo, só que difente”, por mais reducionista que a frase pareça ser. Isso porque, mais do que uma sequência, ele parece uma segunda fase de uma ideia, que passou por diversas transformações para conseguir evoluir e atrair um público maior.
Conforme adiantamos em nossa prévia, o game passará a adotar um sistema free to play que derruba a barreira financeira da versão original. Da mesma forma, ele promete estrear novos tipos de personagens com ritmo frequente, mantendo o aspecto único de cada um — mas evitando que eles sejam poderosos demais para serem indispensáveis.
De certa forma, isso responde a uma tendência que já era bastante forte em Overwatch e resultava da vontade da Blizzard de torná-lo um jogo mais competitivo. Embora isso traga vantagens para quem encara o jogo de maneira profissional, sinto que isso corre o risco de prejudicar quem gosta dele justamente por seus aspectos mais diferentes.
Quando o jogo original estreou em 2016, senti que ele tinha algo realmente especial por ser totalmente diferente do que havia no mercado na época. Enquanto alguns personagens eram parecidos com o padrão encontrado em qualquer FPS — Soldier 76 sendo o maior exemplo —, a grande maioria tinha personalidades e habilidades únicas, em um nível que cada um poderia muito bem ser a estrela de um jogo próprio.
Enquanto esse sentimento se mantém em Overwatch 2, sinto que isso acontece de maneira bem mais fraca. Isso é consequência tanto do fato de que, seis anos depois, as mecânicas e heróis já são bem conhecidos, quanto de decisões da própria Blizzard — as atualizações, mudanças de habilidades e equilíbrio feitas por ela colaboraram para criar um jogo mais equilibrado, mas não necessariamente mais divertido.
De certa forma, a desenvolvedora sofre com o fato de que o único equilíbrio real entre personagens de um game só pode acontecer se eles acabarem se tornando essencialmente o mesmo. Não sinto necessariamente que isso aconteceu com o jogo de tiro, mas é fácil notar que esse é um caminho que ele parece estar perigosamente perto de seguir.
Com isso, Overwatch 2 acaba sendo um lançamento menos empolgante do que seu antecessor, dada a impressão de que ele parece ser mais um passo nessa transição para uma experiência mais uniforme. Sinto que, mais do que no primeiro jogo, a Blizzard tem em mãos uma grande pergunta não respondida sobre qual o caminho a série deve seguir, cuja resposta só vai ser obtida quando ela ver a reação do público ao lançamento.
A principal mudança de Overwatch 2, cujos efeitos não podem ser contemplados por este review, é a adoção de um formato free to play. Como detentor do primeiro jogo, tenho acesso desde já ao elenco completo da sequência, o que não me permitiu explorar a nova experiência de entrada oferecida por ela.
Segundo a Blizzard, novos jogadores não vão ter acesso ao elenco completo de personagens e vão ser obrigados a jogar pelo menos 100 partidas antes de desbloquear o elenco completo do game original. Da mesma forma, eles vão ser limitados a alguns modos de jogo antes de poder explorar todas as opções que o título tem a oferecer — algo que a empresa justifica afirmando que isso vai ajudar a entender e dominar aos poucos a complexidade do game.
O elemento dessa transição que já pude testar é o novo Passe de Batalha, que traz vantagens e desvantagens. Ao mesmo tempo em que é legal saber exatamente o que você vai ganhar ao subir de nível, fica a sensação de que isso resulta em menos recompensas por tempo de jogo — reflexo do fato de que o primeiro Overwatch usava as detestadas caixas de loot, mas elas sempre continham quatro itens em seu interior.
Em geral, a mudança me parece bastante positiva e dá estímulos mais claros sobre o caminho que o jogador está seguindo e o quanto falta para ele chegar em seu objetivo. Ao mesmo tempo, ainda há muitas recompensas que a Blizzard pode nunca colocar no Passe, e a falta de informações sobre quanto ela vai cobrar por elas traz dúvidas sobre se a mudança para um modelo free to play não vai acabar tornando o game menos “justo” do que seu antecessor.
Sei que é frustrante ler um review de um game e não ter respostas sobre muitos de seus elementos: no entanto, devo ser sincero e afirmar que acredito que nem a própria desenvolvedora sabe direito o caminho que o game vai seguir. Como outras grandes apostas da indústria, muitas delas vão depender da resposta do público, algo impossível de se ter ou prever em um ambiente de testes fechado.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm