Mesmo tendo interpretado meu primeiro papel de treinador há pouco mais de 3 anos em Pokémon Yellow Version: Special Pikachu Edition, sinto-me conflitado (e culpado) pelos sentimentos mistos quando o assunto é Pokémon. Se por um lado eu tenho certeza que há uma variedade de JRPGs narrativa e tematicamente mais interessantes, as aventuras de capturar monstrinhos têm uma essência mágica que só a Game Freak sabe fazer. Eu quase havia me esquecido do quão relaxante e divertido é jogar um ótimo título core RPG da franquia depois dos deslizes em Pokémon Ultra Sun e Pokémon Ultra Moon.
Apesar de retaliações e tentativas de boicote, as duas versões mais recentes atravessaram seus primeiros seis meses de vida acumulando elogios do público e recordes em termos comerciais. Abandonando decisões divisivas, resgatando conceitos clássicos e inaugurando mecânicas e elementos nunca antes testados na franquia, Pokémon Sword e Pokémon Shield são arriscados e ambiciosos — quando comparados a seus antecessores, obviamente. Afinal, quando o assunto é Pokémon, é melhor não sair da caixa da franquia nas comparações.
A cada geração de Pokémon criada, muito mais do que dezenas de novas criaturinhas são apresentadas aos fãs. Fora dos videogames, por exemplo, há as coleções de estampas ilustradas, novas temporadas do anime e outros produtos transmidiáticos. Vamos nos ater, porém, aos elementos, mecânicas e características propostos em cada nova dupla de jogos.
A pitoresca região de Galar se tornou, em poucas horas, uma das minhas favoritas da franquia — atrás apenas das saudosas Kanto e Johto, eternizadas pelos belíssimos visuais e elementos de gameplay em Pokémon HeartGold & SoulSilver. Indicativos meteorológicos assinalam locais afetados por chuva, neve, seca e outros fenômenos naturais que impactam tanto na natureza dos Pokémon encontrados quanto no clima sentido durante as batalhas.
Agora você pode montar sua própria tenda de camping e cozinhar em ambientes externos, preparando refeições que vão aproximar ainda mais treinadores e criaturas. Os cenários explorados durante a aventura variam desde verdejantes campos abertos com poucas casas a colossais cidades industrializadas, uma representação que faz jus à arquitetura e vegetação presentes no Reino Unido — lugar que serviu de inspiração para o design de ambientes externos e temáticos no jogo.
Trazidos de títulos anteriores, os ginásios temáticos voltaram com uma ótima qualidade de desafios — apesar da quantidade incontável de recursos a favor do jogador. A cada novo ou nova oponente especialista em um tipo específico de Pokémon, provas e desafios são impostos a fim de preparar o jogador para a batalha decisiva. No fim, a progressão se assemelha muito aos títulos mais clássicos da franquia.
Um treinador Pokémon pode até ter seus cinco minutos de fama, mas são os monstrinhos de bolso que passam a maior parte do tempo sob os holofotes. Entre os mais de 800 Pokémon conhecidos até o momento (incluindo esta geração), 400 fazem parte da Pokédex em Sword e Shield. O número pode até ter incomodado parte dos fãs mais puristas (e ter impulsionado a veiculação de ódio “gratuito” por parte dos desinteressados), mas isso não me incomodou de forma alguma. Aliás, com 35 horas de jogo, eu me aproximava dos momentos finais de jogo e não havia registrado nem metade dos monstrinhos.
Assim como na região de Alola, Galar apresenta novas formas a Pokémon já conhecidos. Além de mudar o tipo e aparência de criaturas bem conhecidos da franquia (como Ponyta/Rapidash e Zigzagoon/Linoone), algumas evoluções especiais são endêmicas — como é o caso de Perrseker e Cursola, evoluídos das formas galarian de Meowth e Corsola, respectivamente.
Em locais de energia acumulada, como é o caso dos ginásios, a nova evolução Dynamax torna os Pokémon potencialmente mais fortes, resistentes e maiores, resgatando um pouco da experiência de Pokémon Stadium. Para esse último caso, algumas criaturas assumem a forma Gigantamax, tornando-os ligeiramente diferentes de seu design original.
A Wild Area também é uma das características trazidas de volta dos primeiros jogos. Repleto de planícies, lagos e árvores, o local é abundante em Pokémon dos mais diversos níveis — que vão se tornando mais fáceis de capturar à medida que progredimos na aventura. Deslocar-se por aqui é agradável graças à câmera livre, porém todo o resto do jogo ainda mantém o obsoleto conceito de câmera fixa.
Apesar de tramas que variam em qualidade — indo das mais ingênuas às ligeiramente interessantes —, a série nunca emplacou sucessos por meio de suas histórias e personagens. Sempre considerei Pokémon narrativamente interessante de outro ponto de vista emergente: as memórias que fazemos com nossos amigos nessa realidade, fora de Alola, Galar ou qualquer outra região dentro do universo fictício.
Em termos de cooperação coletiva online e local, as épicas Max Raid Battles são o ponto alto do jogo — pelo menos em teoria. Espalhadas em diversos locais da Wild Area, as tocas abrigam criaturas gigantescas imbuídas de energia e que devem ser enfrentadas por uma equipe de quatro treinadores. Quando conectado à internet, outros jogadores podem se juntar à equipe para aumentar as chances de derrota e captura do Pokémon. As trocas simples e do tipo surpresa, presentes em outros jogos, também se tornaram menos burocráticas.
Após a conquista do título de Campeão, as batalhas competitivas em Rose Tower são desbloqueadas. Se a sua intenção é montar equipes para competir em campeonatos, é aqui que o jogo realmente começa para você. Caso esteja interessado apenas em “espiar” o que todo esse mundo competitivo significa (como é o meu caso), você pode alugar uma equipe no balcão e entrar pouco a pouco nessa onda.
De uma forma mais simplista e individual, é possível colaborar com universidades e corporações dentro do jogo por meio dos Poké Jobs. As atividades variam em categorias que exigem níveis mais altos dos bichinhos à medida que a experiência e os itens oferecidos como recompensa melhoram.
A popularidade do Nintendo Switch tem tido um papel fundamental na apresentação de suas franquias mais famosas. Assim como Fire Emblem: Three Houses foi o primeiro título da série tática que joguei, Sword e Shield também se tornaram populares entre o público que nunca foi fã dos monstrinhos de bolso — seja graças ao carisma ou a seu conteúdo acessível. Mas é bom lembrar: ainda estamos falando de Pokémon, por bem ou por mal.
Se a sua intenção é um JRPG que traz uma boa trama, personagens memoráveis, excelente direção de arte e um sistema de batalha ligeiramente diferente, talvez Persona 5 Royal ou Ni no Kuni: Wrath of the White Witch sejam parte das opções disponíveis mais modernas. Digo isso explicitamente pois Pokémon certamente tem seu valor e charme, mas escorrega demais em questões técnicas. O desempenho e direção de arte geral, mesma em um console mais “robusto” como o Switch, deixam a desejar — assim como as pouco funcionais modalidades de multiplayer online.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm