Análise: Severed - Neo Fusion
Análise
Severed
6 de outubro de 2017
Este texto analisa a obra de Severed baseando-se na versão de PlayStation Vita, que é idêntica à versão de Switch em controles e funcionalidades. A cópia de review foi fornecida pela DrinkBox.

Outro dia, um colega me viu usando meu Vita e me pediu para descrever o jogo que estava em tela. Pois bem. Comece pegando o gameplay básico de Infinity Blade, deslizando o dedo pela tela de toque para dar golpes de espada. Adicione características do combate de The Legend of Zelda: Skyward Sword, onde o ângulo e tempo dos golpes são essenciais para ataques eficazes. Incremente ainda uma pitada de Metal Gear Rising: Revengeance, no qual partes dos corpos do inimigo são usadas para aumentar o poder do protagonista. Finalize com um mapa em forma de labirinto, uma direção artística diretamente descendente de Guacamelee! e uma história simples, mas emocionante, sobre como lidar com a morte. O resultado é Severed, da desenvolvedora DrinkBox.

Sinceramente, eu provavelmente nem teria percebido a existência de Severed se não fosse pelo nome da DrinkBox associado ao jogo. Eu acredito no “pedigree” de certas desenvolvedoras; ou seja, se uma equipe criou um jogo que eu realmente gostei, as chances são boas de que eu também curtirei seu próximo projeto. A confiança na DrinkBox foi tal que nem sequer li a respeito de Severed antes de seu lançamento, aguardando por uma surpresa que provavelmente seria agradável. Na minha cabeça, o próximo jogo da DrinkBox provavelmente seria de plataforma com uma estética descontraída, assim como seus precursores Tales From Space: Mutant Blobs Attack e Guacamelee!, então sem dúvida fui surpreendido por Severed.

A morte faz parte da vida

Em meio a tantos jogos independentes que joguei nos últimos anos, Guacamelee! tem uma posição de destaque em minha memória, graças à magnífica interseção entre os gêneros metroidvania e beat-‘em-up. Contudo, por baixo da exploração, da pancadaria e das paródias mexicanas de videogames, o jogo de Juan, Calaca e Tostada tinha uma mensagem interessante sobre o significado da morte. O mundo dos mortos não era necessariamente triste e sombrio — em muitos casos, era mais alegre e empolgante que o dos vivos. Afinal, os mortos se livraram de todas suas preocupações, então podem finalmente se divertir!  Não me surpreendi ao descobrir que um dos artistas da DrinkBox, Augusto “Cuxo” Quijano, é de fato mexicano e permitiu que a cultura de seu país cercando o conceito de morte permeasse o jogo.

Também foi de Quijano a ideia principal por trás de Severed. Enquanto em Guacamelee! o assunto de morte era lidado de forma cômica, desta vez não há espaço para piadas. Sasha, nossa protagonista, vive em um mundo sombrio e destruído, repleto de monstros hostis. Pouco contexto é dado quando o jogo começa: só se sabe que Sasha perdeu um braço e sua família desapareceu, então ela deve enfrentar o mundo para encontrá-los.

O jogo progride com Sasha explorando um mapa em forma de labirinto sob uma perspectiva de primeira pessoa. Criaturas são enfrentadas, habilidades e poderes são adquiridos. Tudo isso para encontrar seu irmão, seu pai e sua mãe. Durante a aventura são encontradas outras personagens que, apesar de inicialmente parecerem hostis, na verdade habitam aquele mundo cumprindo papéis específicos. Nesse mundo não existem vilões: existe Sasha, existe seu objetivo e existem obstáculos que devem ser superados para atingi-lo. O tom é sombrio o suficiente para que eu teria sido repelido pelo mundo se ele não demonstrasse, implicitamente, que aquele não seria um jogo de terror.

Durante toda a jornada, um tom de mistério prevalece. Nada sobre aquele mundo é explicado diretamente, e isso aumenta vontade de conhecê-lo. Pode ser que toda a história não passe de um pesadelo. Pode ser que o mundo seja uma espécie de purgatório e Sasha, na verdade, já esteja morta. Mas isso não importa, não é verdade? O que importa é o que o jogo apresenta e a interpretação que seus jogadores tiram disso tudo.

Um exercício para seu dedo

Severed já foi lançado para 3DS e Wii U, mas a versão de Switch é a que mais se aproxima às de Vita e iOS. Apesar de aceitáveis, as versões dos outros consoles da Nintendo perdem pelas telas de toque resistivas daqueles hardwares. Severed é um jogo para ser controlado diretamente com os dedos, e a tela capacitiva do Switch é ideal para o serviço. Dos controles físicos, apenas o direcional é usado para navegar Sasha pelo mundo. A tela de toque controla ataques, poderes, o mapa e o menu de upgrades.

É uma escolha curiosa, já que muitos jogadores preferem jogos com controles mais tradicionais e, naturalmente, é impossível jogá-lo com o Switch em modo console. Eu não vejo problema com isso: se era a opção que mais fazia sentido com a visão dos desenvolvedores, não há porque não usá-la. Os controles são intuitivos e, na maioria das vezes, divertidos. Perto do final do jogo, após já estar acostumado com os comandos, deslizava meu dedo pela tela tão rapidamente que o atrito fazia minha pele esquentar. Talvez eu tenha exagerado na velocidade, mas estava tão entrosado naquele combate que eu fiz o que parecia necessário.

Era claro, desde o lançamento no Vita, que Severed foi feito com a ideia de ser um jogo “sério” que combinasse com celulares em termos de controle e linguagem. Como alguém que raramente joga em plataforma mobile, eu prefiro a opção de jogar Severed em um Vita ou Switch, mas aceitaria tranquilamente jogá-lo em um celular ou tablet.

Severed não é um jogo tradicional da plataforma mobile, pois é pago, não possui microtransações e funciona ao redor de uma campanha estruturada. O combate de Severed pode ser jogado de forma pontual, mas eventualmente adquire uma profundidade muito além da geralmente vista em plataformas mobile. Além disso, para explorar o mundo do jogo é necessário investimento suficiente da parte do jogador — o mapa é um labirinto, afinal.

No entanto, a simplicidade de sua mecânica central e a relativamente pequena variedade de inimigos faz com que o combate torne-se um pouco repetitivo próximo ao final do jogo. Diferentes combinações de inimigos geram desafios distintos, mas, com a exceção dos chefes, as soluções frequentemente eram previsíveis.

De qualquer maneira, Severed é bem-sucedido em sua missão. Ele une maestrosamente características de jogos mobile com jogos tradicionais e, nisso, é extremamente cativante e viciante. A versão de Switch não chega a ser definitiva, pois não oferece nada a mais que as de Vita ou iOS, mas é tão boa quanto elas e é a melhor que podemos encontrar em plataformas Nintendo.

Um grande labirinto

Tecnicamente, Severed é o que chamamos de dungeon crawler, um jogo no qual exploramos calabouços em busca de uma saída. Ao mesmo tempo, ele integra características de metroidvania e até algumas que remetem à série Zelda.

A melhor forma de pensar no mapa de Severed é como o de um metroidvania, mas olhando de cima para baixo ao invés de pela lateral. Há quatro regiões para explorar e, à medida que progredimos, novos itens e habilidades são encontrados para explorar adiante. Também há uma série de puzzles que por vezes lembram dungeons de Zelda e que nos permitem encontrar salas secretas e colecionáveis.

Após terminar cada uma das regiões, eu tinha vontade de revisitar as anteriores para poder explorar mais delas com meus novos poderes. Inimigos não renascem, então o mundo fica relativamente vazio, mas resolver um novo puzzle sempre fazia valer a pena. Uma opção de fast travel teria sido bem-vinda, mas também foi legal ver como os mapas das regiões se entrelaçaram.

Apesar de estar consciente de que certos aspectos da jogabilidade estavam se tornando repetitivos, eu simplesmente não conseguia largar Severed. Eu jogava antes de dormir e de novo após acordar. A união de estética, jogabilidade e temática é perfeita, fazendo de Severed mais um dos jogos mandatórios do Switch.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm