Análise: Star Wars: Squadrons - Neo Fusion
Análise
Star Wars:
Squadrons
22 de dezembro de 2020
Cópia digital da versão de Xbox One cedida pela EA.

Eu cresci na era de ouro de videogames Star Wars. A franquia sempre foi uma boa base para jogos, desde a época do Atari, mas foi na era das prequels que a LucasArts teve seu ápice. Jogos como Knights of the Old RepublicBattlefrontJedi KnightEmpire at War e Rogue Squadron permitiram que jogadores experimentassem diversos aspectos diferentes do universo Star Wars, no comando de Jedi, piloto, Stormtrooper ou estrategista. Após Vingança dos Sith, o volume de jogos reduziu e, com a recepção fraca de The Force Unleashed, parecia que nunca mais veríamos grandes jogos de Star Wars.

Em 2013, após a aquisição da Lucasfilm pela Disney e o fechamento da LucasArts (cancelando também o misterioso Star Wars 1313), foi anunciado que a EA teria direitos exclusivos para produzir jogos baseados em Star Wars. Para mim, isso soou estranho, porque escolher times competentes em gêneros diferentes foi grande parte do que deu certo na década anterior. Porém, o primeiro jogo anunciado era nada menos que Star Wars: Battlefront, produzido pela DICE (conhecida pelas séries Battlefield e Mirror’s Edge). Talvez isso fosse funcionar.

Star Wars: Battlefront (2015) teve uma recepção mediana quando lançou, em grande parte pela ausência de uma campanha e conteúdo limitado. As coisas pioraram quando a continuação, Battlefront II (2017) foi o centro de uma grande controvérsia envolvendo lootboxes, enquanto outro projeto da EA, desenvolvido pela Visceral (conhecida por Dead Space), foi cancelado junto com o fechamento do estúdio.

Quando tudo parecia perdido, foi da Respawn que veio, literalmente, uma nova esperança. O estúdio estava desenvolvendo Star Wars Jedi: Fallen Order, que a EA anunciou como sendo single player, sem microtransações nem lootboxes. Vindo da ótima recepção de Titanfall 2 e Apex Legends, o jogo trouxe o que eu chamo de “Sekirocharted Prime” e se tornou um dos meus jogos favoritos de 2019.

É nesse estado de incerteza misturado com esperança que a EA Motive, que auxiliou o desenvolvimento de Battlefront II, nos traz Star Wars: Squadrons, um jogo de simulação de combate espacial que nos coloca nos cockpits de naves rebeldes e imperiais.

Navinhas e tirinhos

Pode parecer que Squadrons é o sucessor espiritual de Rogue Squadron, mas suas origens vão além disso: nos anos 90, a LucasArts lançou a série de jogos X-Wing para PC, que também eram simuladores. Tanto nesses clássicos quanto no novo Squadrons, jogamos sempre com a perspectiva de primeira pessoa, e informações importantes sobre o estado da nave são apresentadas no próprio painel ao invés de um HUD.

Imersão é o grande objetivo de Star Wars: Squadrons e, apesar de não ter jogado em VR, o jogo muitas vezes impressiona nesse sentido. Realmente temos a sensação de estar controlando uma icônica X-Wing ou TIE Fighter, incluindo também todo o desafio que isso envolve. A nave nem sempre responde exatamente como queremos, porque precisamos saber gerenciar bem quanta energia é direcionada aos motores, às armas ou aos escudos. Isso tudo resulta em combates bem estratégicos, e permite que cada jogador encontre seu estilo diferente.

Também incluso nisso são as naves que podemos pilotar. Do lado rebelde, temos X-Wing, A-Wing, Y-Wing e U-Wing; já os imperiais contam com TIE Fighter, TIE Interceptor, TIE Bomber e TIE Reaper. Elas compõem quatro categorias (caça, interceptador, bombardeiro e suporte), cada uma com abordagens completamente diferentes para combater naves inimigas ou auxiliar seus companheiros. Por exemplo, interceptadores são naves extremamente ágeis mas com pouca resistência, enquanto bombardeiros têm alto poder de fogo mas pouca mobilidade. Mesmo entre naves da mesma classe, as versões rebeldes e imperiais contam com suas próprias características, como a presença ou não de escudos. Também podemos customizar cada nave ao nosso gosto, com opções diferentes de armas principais e auxiliares, além de carcaças e escudos com diferentes vantagens e desvantagens. Para completar, uma atualização gratuita ao jogo no começo de dezembro adicionou as naves B-Wing e TIE Defender, adicionando ainda mais opções e flexibilidade.

Voltando a uma galáxia muito distante

Eu quase sempre gosto das campanhas de jogos Star Wars, pois nos permitem experienciar a Galáxia sob perspectivas completamente diferentes dos filmes, explorando temas e personagens que geralmente ficam de segundo plano na Saga Skywalker. O prólogo de Squadrons se passa logo após a destruição de Alderaan, com imperiais eliminando os fugitivos sobreviventes restantes. Porém, o Comandante Javes decide que atacar naves civis é demais, até para o Império, e se une à Aliança Rebelde. O restante da história se passa no período após a destruição da Estrela da Morte II e a morte de Palpatine, colocando o jogador em ambos lados do conflito e exibindo a rivalidade entre Javes e sua antiga colega imperial, a Capitã Kerill.

Antes de cada missão, podemos explorar uma parte das naves-mãe de cada facção, vendo a vida diária dentro delas e nos permitindo conhecer nossos colegas de esquadrão. Apesar da boa intenção, senti dificuldade de simpatizar com qualquer um dos personagens auxiliares. Talvez porque maior parte do tempos só os vemos dentro de suas respectivas naves.

Há uma certa repetitividade entre as missões, afinal a maior parte dos objetivos é destruir os caças inimigos, mas há um esforço para adicionar variedade. Às vezes devemos proteger naves aliadas ou armar uma emboscada no meio de um campo de asteroides. Particularmente em dois momentos, passamos por missões suicida que são puro conteúdo Star Wars, remetendo às milagrosas destruições das Estrelas da Morte. Teriam sido bem-vindas algumas missões sob a atmosfera de algum planeta famoso da série.

A parte mais complicada do jogo, porém, é que a perspectiva em primeira pessoa acaba atrapalhando o senso de orientação do piloto. Este não é um simulador de voo, pois as naves não respondem ao efeito da gravidade, e é sempre divertido lembrar que podemos abordar um combate de ponta-cabeça ou de lado se quisermos. Porém isso também me confundiu algumas vezes, me fazendo perder a noção de onde estava meu alvo, os meus aliados ou o próximo objetivo da missão. É muito difícil entender o que está acontecendo e quem está nos atacando dentro da própria nave, mas nem sempre podemos tirar um momento para respirar e se orientar novamente.

Não tive a oportunidade de jogar o multiplayer com amigos, mas imagino que seja divertido formar esquadrões e focar não apenas em derrotar o inimigo, mas também em se comunicar com a equipe, formar estratégias e se ajudar a evitar ataques. Há dois modos multiplayer: o simples combate de cinco contra cinco naves, ou um modo cujo objetivo é destruir a nave-mãe da facção oposta.

Puramente Star Wars

Um bom jogo de Star Wars tira proveito das características audiovisuais da série para fazer o jogador se sentir legitimamente parte do universo. Especialmente a direção de som é fundamental aqui, contando com o memorável som do motor de uma TIE Fighter e o igualmente reconhecível tiro laser de uma X-Wing. Na parte visual, nada supera pilotar uma Y-Wing e enfrentar uma gigante Star Destroyer. Squadrons impressiona também no aspecto técnico; nas minhas avaliações o jogo sempre manteve 60 quadros por segundo tanto no Xbox One X quanto no Xbox Series X, oferecendo ainda um modo 120 fps no console de nova geração.

A base de Star Wars: Squadrons é sólida, mas muitas vezes o excesso de informação deixa o jogador perdido meio ao combate. A repetitividade da campanha e os poucos modos multiplayer impedem o jogo de ser verdadeiramente estelar, mas não deixa de ser uma experiência única para fãs do universo Star Wars.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm