Análise: Streets of Rage 4 - Neo Fusion
Análise
Streets of Rage 4
29 de abril de 2020
Cópia digital da versão de PS4 do jogo gentilmente cedida pela Dotemu.

As locadoras de minha cidade natal tiveram, por muito tempo, os consoles da geração 16 bits, mesmo eu sendo “cria” de uma época onde os jogos piratas de PS2 eram encontrados na esquina de qualquer rua do bairro. Nesse exercício minimamente interessante, visitar locadoras era ter contato com um universo não tão antigo quanto enxergamos eles hoje em dia, mas também visitar a história dos videogames e descobrir vertentes variadas. Também era um esforço social, já que em uma locadora você nunca jogava sozinho: sempre tinha alguém te “secando” ou ao seu lado.

O fato é que, entre as centenas de títulos presentes em um estabelecimento desses, sempre alguns gêneros se destacam mais que outros. Lembro de jogar muitos beat ’em ups tanto no Super Nintendo quanto no Mega Drive e ficar extremamente impressionado com a estética de alguns deles — destaco aqui a série Streets of Rage.

Em geral, não há muito o que variar em jogos desse tipo, mas a franquia sempre trouxe um ar extremamente atraente,passando uma sensação punk urbano anos 90 que remete muito a tudo que a Sega fazia naquela época. Em 2018, recebemos a feliz notícia que um novo jogo da franquia estava por vir, cerca de vinte e cinco anos depois do último lançamento.

Agora, com o jogo entre nós, se estabelecem três perguntas: O jogo é bom? Beat ’em Up em 2020? Nostalgia ou algo próprio? É com base nesses três questionamentos que essa análise será conduzida. Vamos lá?

O jogo em si

Já para começar, o jogo te coloca em uma viagem urbana noventista com cores vibrantes que em nenhum momento tenta ser algo mais moderno ou vulgarizado do que era nos três jogos originais. A arte, totalmente HD sem pixels visíveis, transforma os cenários em artes digitais gritantes que, com cada detalhe (seja no plano de fundo ou onde seu personagem anda), trazem vida aos ambientes.

Em certa fase perto do final da campanha, o famoso e clichê ringue de luta aparece para acalorar uma luta contra chefes, mas a estética é tão bonita e charmosa com os espectadores e os vilões sentados em seus tronos olhando a luta que não deixa de se tornar algo muito mais pulsante do que se espera de uma simples fase.

Os personagens que você controla (inicialmente contando com quatro opções) são bem animados e cheios de personalidade, contando com novos rostos e surpresas agradáveis à medida que a campanha progride. Axel anda confiante e dispara seus ataques de fogo enquanto sua roupa fica levemente chamuscada. Blaze continua sendo a mais equilibrada de todos os personagens, sempre mostrando a intensidade de seus golpes. Adam não mudou tanto, mas conta com combos interessantes. Os que talvez deixem mais a desejar são justamente os dois personagens novos: Cherry e Floyd. Embora sejam interessantes no design estético, os dois não deixam de ser versões diferentes de Adam e Axel, trazendo em si poucas variações dentro do jogo.

Beat ‘em up em 2020?

A simplicidade desse gênero faz com que alguns encarem Streets of Rage 4 com certo preconceito, pensando que o produto é mais um imã para saudosistas do que um título propriamente novo. Existem, nos anos recentes, exemplos de alguns outros jogos do tipo que foram lançados, uns meio que apelando para a nostalgia total (99 Vidas), outros indies tentando apresentar temáticas interessantes (Mother Russia Bleeds), mas em geral é comum que eles não se tornem tão famosos ou comentados quanto outros títulos que saem com jogabilidade diferente — é meio que comum pensar que é um gênero ultrapassado.

Streets of Rage 4 não faz nada para mudar essa impressão, honestamente. Ele não é a nova evolução dos jogos do tipo ou faz algo muito novo. Porém, não há dúvidas que das experiências modernas ele é uma das mais polidas, se não a mais. Vale a pena dar uma chance. Afinal, por mais que seja um dos tipos mais antigos de jogos que existe, ainda é interessante vez ou outra revisitá-lo — e neste ano de 2020 não tem exemplar moderno melhor que SoR4.

Nostalgia ou algo próprio? 

Retomar franquias depois de 25 anos é um exercício tanto de nostalgia quanto de como inovar e adaptar para as sensibilidades dos videogames modernos. É interessante pensar que muitos podem amar o jogo não pelo que ele é e sim pelo peso do nome, mas também tentar encarar o que ele faz de bom sem depender de surfar na onda do nome.

Eu vejo Streets of Rage 4 como uma mistura competente de ambos. Sua campanha principal conta com opções e fases suficientemente variadas para serem coisas novas ao mesmo tempo que remetem a momentos de jogos anteriores, e os personagens, embora sendo conhecidos do público em geral, apresentam diferenças em relação a suas encarnações anteriores que os tornam um estilo novo de jogabilidade. É algo interessante e efetivo.

E é por isso tudo apresentado que eu acredito que Streets Of Rage 4 seja uma sequência digna que irá agradar o público mais velho e também será o exemplo de brawler moderno que a maioria terá para uma jogatina rápida com amigos. Parabéns aos desenvolvedores por terem entregue algo com uma bagagem histórica tão relevante, mas extremamente competente para os dias de hoje..

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm