Por mais que eu seja contra a cultura de listas e rankings, sou do tipo que costuma lembrar quando a maioria dos jogos foram lançados. Mesmo quando distantes as propostas e os orçamentos, é inevitável comparar as experiências que mais me marcaram em um determinado ano. Nomes como The Last of Us e Grand Theft Auto V se destacaram em premiações ao redor do mundo em 2013, mas é um outro jogo bem mais casual e divertido que resgata com mais intensidade memórias e sensações muito agradáveis dessa época.
Super Mario 3D World é, em poucas palavras, a fusão perfeita entre o que foi estabelecido nos primeiros jogos da série (2D) e o que veio após Super Mario 64 (3D). Exclusivo ao Wii U até poucos dias atrás, o jogo mistura a visão isométrica (quase) fixa presente em Super Mario 3D Land com uma jogabilidade mais ágil e multijogador presente na sub-série New Super Mario Bros., entregando um belíssimo jogo que desafia e encanta tanto nos estágios quanto na estética — isso sem mencionar o power-up mais fofo da história da franquia.
Esse é, com toda certeza, o título de Wii U que eu mais sonhava em ver chegar ao Nintendo Switch. Após quase quatro anos do lançamento do console, Super Mario 3D World + Bowser’s Fury desembarca não somente para me fazer recordar bons momentos ao lado de meus companheiros felinos, mas para me impressionar novamente com a criatividade de sua nova expansão.
Super Mario 3D World se passa no Reino dos Cogumelos, abandonando a vastidão do espaço sideral e a calmaria de uma ilha paradisíaca. Desta vez, Bowser capturou sete fadas, as Sprixies, aprisionando cada uma em um pote de vidro. Nosso objetivo mais simples é percorrer oito mundos, libertar as simpáticas criaturas mágicas e impedir o vilão de dominar o mundo com suas atrações circenses. Mas por que estamos falando da trama de um jogo de Mario mesmo?
Pois é, a princesa e seu leal sudito não foram raptados dessa vez. E esse é o motivo pelo qual considero 3D World meu segundo jogo de Mario favorito — abaixo apenas de Super Mario Galaxy 2. A possibilidade de controlar Mario, Luigi, Peach e Toad em conjunto, dividindo a TV em um multiplayer local para até quatro jogadores, é algo que me faz sorrir só de lembrar. Esse foi meu primeiro contato com o jogo: uma confusão para lá de engraçada com tanta gente desajeitada tentando ajudar, mas atrapalhando mais do que deveria.
Apesar dos personagens, inimigos e cenários modelados em 3D, a câmera aqui é fixa em quase todas as oportunidades, rotacionando automaticamente e nos deixando à vontade para contemplar os detalhados ambientes. Os estágios são bem lineares e guiados, e os maiores desafios se concentram na exploração e na superação de obstáculos de plataforma. O tempo de conclusão de fases quase nunca é um impedimento, mas os cronômetros pontuais de desafio podem dar mais trabalho do que você imagina — especialmente à medida que caminhamos para as dezenas de fases extras do pós-jogo.
E eu realmente não estou exagerando nos números: 3D World talvez tenha o maior e melhor post-game que já vi em um jogo do bigodudo até então. A quantidade de elementos de plataforma combinados em um só estágio é de assustar (para bem e para mal, viu Champion’s Road?!), e alguns dos conteúdos desbloqueados são nostálgicos o suficiente para nos fazer investir mais algumas horas em boa companhia. Além do mais, a adaptação do jogo para o Switch recorreu a alguns truques, mas se saiu bem na hora de ajustar elementos que só funcionavam na telinha de toque do console anterior.
Entre os diversos tipos de fases e surpresas que encontramos em Super Mario 3D World, duas merecem destaques: as seções de coleta de estrelas no papel de Captain Toad e as investidas aquáticas sobre o graúdo Plessie. Mesmo sem a opção de saltar por plataformas, as aventuras foram tão bem recebidas pelo público que o mascote recebeu um jogo próprio no Wii U — relançado também para o Switch com uma nova seleção de fases baseadas em Super Mario Odyssey. Já a criatura alaranjada ganhou destaque na nova expansão que falaremos a seguir.
Exceto por algumas adaptações de controle, uma leve “acelerada” na movimentação dos protagonistas e pelo ótimo desempenho técnico — com agradáveis 60 quadros por segundo estáveis durante toda a jogatina —, Super Mario 3D World é essencialmente o mesmo jogo que foi lançado originalmente no Wii U, um fato que já convidaria uma boa parcela dos jogadores e jogadoras a experimentá-lo pela primeira vez. Desta vez, porém, a Nintendo incluiu o que eu gostaria de chamar de uma demonstração premium do que pode vir por aí em suas próximas entradas da franquia.
Com cerca de 5 horas de conteúdo, Bowser’s Fury é o novo conteúdo exclusivo à versão de Switch do jogo. Trata-se de uma expansão que muda consideravelmente a forma como as fases são propostas (estruturalmente falando), mas conservando elementos de jogabilidade presentes em 3D World. Se no jogo base a progressão é linear e direta ao ponto, aqui os objetivos são mais espaçados e graduais, nos forçando a explorar mais e mais em busca de Cat Shines.
Com um zoom mais aproximado em Mario — que divide o palco com Bowser Jr. na tentativa de salvar seu pai de sua própria ira —, nossa relação com o mundo exige mais observação na hora de explorar e desvendar seus segredos. Assim como em grande parte dos Marios 3D, há uma necessidade de atenção maior — o que automaticamente já exclui o relógio para garantir mais tempo nas ilhotas e construções nelas presentes. O jogo também permite que um segundo jogador assuma o papel de Bowser Jr., auxiliando com um pincel no combate aos inimigos e na descoberta de itens pelo cenário.
Cat, Tanooki, Fire e outras versões de Mario obtidas via power-ups estão presentes na expansão — e isso é tanto um ponto positivo quanto negativo. Apesar de podermos nos transformar no colossal Giga Cat Mario, grande parte dos obstáculos nos cenários exigem a escalada do “Mario Gato” — algo que poderia ter sido evitado caso as opções de salto tivessem sido modificadas para se adequar a um game design à la Super Mario Odyssey. É compreensível que o salto triplo ou salto de costas não estejam presentes em 3D World, mas deixá-los ausentes na presença de uma câmera livre é um desperdício.
Os elementos de jogabilidade mais divertidos e criativos do jogo base são bem implementados nas ilhas — e a imprevisibilidade do despertar de Bowser também assusta. Após certo tempo, o vilão se levanta das águas turvas e viscosas para desferir ataques e baforar chamas pelos ambientes, o que pode ser um pouco incômodo enquanto cumprimos uma série de pequenas tarefas em busca de um objetivo maior. De qualquer forma, quase sempre podemos usar sua fúria para quebrar blocos estilizados e revelar novos brasões coletáveis.
Apesar de levemente insatisfatório em questão técnicas (framerate instável realmente incômodo) e pouco memorável em seu conteúdo audiovisual, Bowser’s Fury deixa impressões positivas. Não é tão extenso quanto eu gostaria que fosse, mas cumpre seu papel enquanto expansão, costurando ideias criativas bem executadas a um estilo de jogo mais livre e que se afasta da linearidade de 3D World.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm