Análise: Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder's Revenge - Neo Fusion
Análise
Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder's Revenge
4 de julho de 2022
Cópia digital da versão de PS4 cedida pela Dotemu via Agência Masamune.

Quando eu era criança, nos idos dos anos 90, um dos meus gêneros prediletos era o dos beat ‘em ups. Passei incontáveis horas me divertindo com jogos com Final Fight, Captain Commando e, claro, Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time, que é indiscutivelmente uma das melhores adaptações de jogo de fliperama que o Super Nintendo já recebeu e um marco entre os brawlers da Konami.

Agora, no século XXI, vivemos uma era de revival retrô, seja por meio de inúmeros indies feitos nos moldes de jogos clássicos dos anos 80 e 90, como Shovel Knight, The Messenger e Cyber Shadow; seja por verdadeiros retornos triunfais de franquias consagradas, com jogos tipo Sonic Mania, Streets of Rage 4 e, claro, TMNT: Shredder’s Revenge, parceria da Tribute Games com a Dotemu que não se resume a um simples apelo nostálgico. Como diz a moçada: “nunca fui triste”.

O bom e velho esmaga botão

Shredder’s Revenge é tudo o que se espera de um jogo das Tartarugas Ninja nos moldes clássicos: uma história simples — o Destruidor quer novamente acabar com Manhattan, cabendo às Tartarugas Ninja impedi-lo — contada através de rápidas imagens estáticas entre as fases e uma jogabilidade fácil de entender, mas que exige uma boa dose de habilidade para ser dominada nas dificuldades mais elevadas ou no modo Arcade, procurando simular a experiência dos fliperamas em que o jogo se inspira, mas sem te fazer gastar rios de moedas.

Falando em modos e habilidades, Shredder’s Revenge é um jogo que traz dois tipos de campanha: o já citado modo Arcade e um tradicional Modo História, onde podemos utilizar um mapa para ver cada uma das fases disponíveis, além de salvar progresso sem depender de continues e coisas do tipo. Logo que escolhemos nosso personagem — Rafael, Leonardo, Michelangelo, Donatello, Mestre Splinter, April O’Neil e, depois, Casey Jones, todos com suas particularidades distintas —, o jogo nos apresenta uma tela de tutorial onde nos ensina o bê a bá da pancadaria: ataques normais, ataques carregados, especiais ou golpes aéreos; esquivas laterais, agarrões, pulos simples ou duplos; por último, provocações para preencher a barra de especial.


Essa barra, aliás, é uma adição interessante: durante as lutas, você a preenche ao atacar os inimigos e a diminui quando leva dano. Caso consiga preenchê-la, seu especial ficará estocado até que você o utilize para controlar as hordas de capangas do Destruidor e causar o mais puro caos. E, claro, também é possível carregá-la com o botão de provocação como citado acima, criando um esquema de risco-recompensa.

Após o tutorial, é partir para a exploração de cada uma das dezesseis fases que o jogo nos traz, seja sozinho, seja com mais 5 amigos localmente ou pela internet. No caso do PlayStation, só é possível jogar com 6 personagens ao mesmo tempo no online e 4 no local, enquanto as outras plataformas permitem tudo isso das duas formas. 

As fases de Shredder’s Revenge se resumem a uma espécie de greatest hits dos jogos antigos das Tartarugas com uma roupagem visual nova e também algumas fases inéditas criadas especialmente para o novo título. Há dois estilos de fases: as tradicionais, no esquema sidescrolling, e as de alta velocidade, nas quais os personagens montam em um hoverboard e desviam de obstáculos ao mesmo tempo que descem a mão nos capangas. Ao fim de cada estágio, há também um chefe com um aumento de complexidade conforme se avança na campanha.

Todas as fases são recheadas de segredos, easter eggs, objetos interativos (muito divertido acertar uma câmera e fazê-la voar meia tela e acertar os inimigos na cara) e coletáveis, o que é sempre um prato cheio para quem gosta de explorar tudo que os jogos têm a oferecer. Num primeiro momento, a sensação de novidade e frescor é muito notória e o ritmo das fases mantém qualquer um engajado, mas também é verdade que a Tribute procura não arriscar tanto uma vez que as ideias e estilos de cenário passam a se repetir um pouco e o jogo acabe tendo um número um pouco maior de fases do que o necessário (o que não é lá tão gritante, já que de qualquer maneira dá para finalizar o game em cerca de duas horas).

Em termos estéticos, a Tribute acerta em cheio já que não só os cenários têm muita personalidade e bom gosto, como também cada personagem é extremamente bem animado, contando com um belíssimo trabalho de pixel art e, mais legal ainda, trazendo o voice cast original do desenho de 1987 para dar voz a cada um dos personagens para deixar a experiência ainda mais autêntica.


Como qualquer brawler que se preze, Shredder’s Revenge também traz uma trilha-sonora viciante, com composições ótimas de Tee Lopes (responsável pela trilha de Sonic Mania e Streets of Rage 4) e uma boa quantidade de músicas cantadas, com participação de artistas como o vocalista do Faith No More, Mike Patton, na música de abertura e do grupo Wu-Tang Clan em um dos raps mais divertidos do game. Não poderia deixar de citar também o quão divertida é a composição Panic in the Sky!, de longe uma das mais memoráveis do jogo, gritando anos 80 em grande estilo.

Cowabunga!

Como já citei lá em cima, TMNT: Shredder’s Revenge traz 6 personagens iniciais e um desbloqueável após terminar o game pela primeira vez. A Tribute Games foi cuidadosa o bastante para fazer com que cada uma das tartarugas tivesse características que as distinguissem umas das outras. Essas distinções vão desde velocidade de movimento, alcance de cada arma e até o tipo de especial e provocação que cada personagem utiliza. Donatello, por exemplo, é uma tartaruga um pouco mais lenta, mas que tem um alcance muito maior graças ao seu bastão. Sua provocação também é uma das mais engraçadas, uma vez que ele para tudo que está fazendo e tira um Game Boy de seu casco e começa a jogá-lo, alheio a todo o resto.

Mestre Splinter e April também são bastante únicos e divertidos de se utilizar, trazendo suas próprias características (o Mestre, exímio nas artes marciais; a repórter, na forma como utiliza seus apetrechos jornalísticos para esbofetear os inimigos) e poder ciclar entre cada um dos personagens disponíveis é sempre uma grata experiência, adicionando ao fator replay. Vale destacar também que cada personagem evolui conforme se avança no modo História, ficando mais forte e dominando mais movimentos especiais.

Jogar Shredder’s Revenge com os amigos também é uma das suas maiores qualidades. Devido à sua curta duração, grande quantidade de personagens jogáveis, simplicidade de comandos e trilha sonora caprichada, este é facilmente um grande jogo de festas. É de se elogiar como os desenvolvedores foram cuidadosos na hora de balancear o jogo levando em conta a quantidade de jogadores, dosando assim a quantidade de inimigos que aparecem nas hordas e o quão agressivos esses inimigos são. 

Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge é um competente retorno das divertidas Tartarugas Ninja. Ele acerta em tudo que faz um beat ‘em up funcionar e tem o adicional de ser um belo jogo para juntar os amigos e se divertir. Ele pode não ser nenhuma reinvenção do gênero e também evitar qualquer tipo de risco em level design e acabar ficando repetitivo, mas nada disso ofusca o que faz dele um jogo muito bom em sua essência.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm