Análise: Tell Me Why - Neo Fusion
Análise
Tell Me Why
14 de janeiro de 2021

Em determinado momento da indústria dos videogames, desenvolvedores e produtores de jogos decidiram que era chegado o momento no qual uma história contada por meio de consoles ou computadores deveria não só entreter, como também emocionar. Diversas ramificações foram surgindo, vindas em formato de novos títulos, e muitos deles calcados numa narrativa interativa que tivesse algum viés por trás disso. As histórias empáticas se tornaram cada vez mais comuns e ganharam destaque dentro da comunidade gamer. Os novos fãs que foram conquistados sempre esperam por mais uma novidade do gênero. Uma das empresas que vem fazendo isso — além de ser referência na arte de “tocar” emocionalmente — é a Dontnod Entertainment.

Muito provavelmente você já ouviu falar — se não tiver inclusive jogado — da franquia Life is Strange. Dois jogos muito bem recebidos pelos aparatos técnicos, mas principalmente pela proposta singular de contar uma história importante sobre alguém, algo, um lugar e como tudo isso colide entre si. O estúdio francês, que detém outros títulos familiares, como Vampyr e Twin Mirror, lançou em 2020 mais um acerto.

Tell Me Why

Vencedor da categoria Games for Impact no The Game Awards 2020, Tell Me Why é uma história sobre superação, perdão, aceitação e, sobretudo, traumas — e como todas essas coisas impactam nossas vidas. Situada na pacata Delos Crossing, cidade natal dos protagonistas no deserto gelado do Alaska, a aventura acompanha os passos dos gêmeos Alyson e Tyler, que investigam seu passado a partir de memórias que afetaram suas vidas de diversas formas. Tyler é um homem trans, o primeiro personagem transgênero jogável de um estúdio reconhecido internacionalmente. Isso significa demais. E a forma como esse e os demais assuntos são retratados ao longo dos três capítulos disponíveis é certeira e essencial para que você se apaixone por essas duas figuras.

Tell Me Why

Um enredo que conquista desde o início

Um dos pontos altos do jogo é, de fato, sua trama. O game cria uma aura intimista que torna o jogador passível de sentir as convicções dos personagens — principais e secundários — tal como entender de onde vêm suas motivações, vontades e limitações para agir de uma maneira ou outra em determinada situação. Um aspecto à parte muito bem explorado pelos desenvolvedores é a conexão única que os irmãos mantêm. É muito interessante observar a maneira como o jogo apresenta os sentimentos dos gêmeos a partir de sua relação mais que íntima, algo análogo ao que se conversa na vida real.

A ambientação desse local frio e isolado do Alaska no qual estão inseridos intensifica ainda mais isso. Outro aspecto que auxilia na mensagem e nos sentimentos que os dois passam é o uso das cores nas áreas que envolvem o desenrolar dos acontecimentos. Este é um jogo detalhista, que procura dar pistas sobre a vida de cada um não apenas pelo modo como respondem aos diálogos, mas pelos objetos que guardam em suas gavetas, por suas coleções particulares e pelo que os outros dizem sobre eles. Você pode não conversar com todos os personagens secundários, por exemplo, mas se você investigar bem achará o mínimo necessário para materializar como suas personalidade se comportam e o que move suas rotinas.

Tell Me Why

A investigação de cenários como recompensa

Com um bom uso de recursos de interação, Tell Me Why faz o dono do controle investigar cada canto dos mapas quando há a oportunidade. É possível interagir com diversos objetos, úteis ou não, mas que ajudam a fortalecer o vínculo com o personagem que controlamos. Além disso, é possível acessar textos em cartas, achar totens colecionáveis, ler diversos conteúdos em cartazes, panfletos e anotações e utilizar uma “ferramenta de memória” — que acessa algum tipo de informação importante, sendo indicada por luzes douradas ao redor da tela.

Tell Me Why

Embora essa fria imensidão nos cenários demonstre solidão, existem várias paisagens belíssimas, que minuciosamente — e talvez até indiretamente, dependendo da experiência de cada jogador — causam algum tipo de esperança para com o que os irmãos estão vivendo naquele momento. Talvez você gaste alguns minutos apenas admirando o ar puro do quintal ou a aquarela de cores no céu da noite de inverno. Esse é um jogo que sabe dizer muita coisa em pequenas ações, e é puro deleite prestigiar isso em tela.

Por outro lado, quando exploramos os espaços (algo quase automático), é possível encontrar algumas texturas não muito bem definidas, principalmente no chão coberto de neve e nas folhas das árvores, o que são detalhes, já que como um tudo o jogo entrega gráficos bem agradáveis — em especial a textura das roupas, como os jeans de Tyler. Algumas ações e decisões parecem não ter um impacto muito claro posteriormente e são até esquecidas, mas são de contar nos dedos de uma mão.

Tell Me Why

Entre uma cena e outra, Tell Me Why consegue prender sua atenção a todo momento e não transborda suas ações em monotonia e chatice. Os personagens interessam, a linguagem — mesmo poética demais em alguns momentos — é bem compreensível e relacionável e as escolhas são consistentes como um todo, enquanto essas variam entre fáceis e dolorosas. Uma recomendação particular é: não procure nenhum material que se aprofunde muito na história do jogo. Vá sabendo o mínimo. Se você é fã de uma aventura bem contada, você pode se surpreender com esse título.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm