Como dito anteriormente no nosso texto sobre Celeste, nós do Nintendo Fusion adoramos ver jogos com envolvimento de desenvolvedores brasileiros fazendo sucesso internacionalmente. No caso de Celeste, o jogo tem tido um impacto enorme fora do país, em parte graças ao excelente trabalho de arte realizado pelo Pedro e pela Amora, ambos do estúdio paulista MiniBoss.
Hoje, apresentamos uma entrevista com o Pedro “Santo” Medeiros, que criou a pixel art vista em Celeste.
Gostaria de começar perguntando um pouco sobre a história do estúdio MiniBoss. Qual é a relação de vocês com videogames, e o que os levou a desenvolvê-los?
Antes da MiniBoss, eu já fazia jogos de maneira mais amadora (desde criança), fazendo desde jogos com RPG Maker e outras ferramentas simples até mesmo sistemas de RPG e jogos de tabuleiro. Por volta de 2010, eu e Amora começamos a fazer jogos juntos, por hobby, mas uma coisa foi levando à outra e, eventualmente, nosso hobby virou profissão. A Heidy começou a trabalhar conosco no ano passado (2017).
Celeste já é a segunda colaboração da MiniBoss com o canadense Matt Thorson. Como que vocês começaram a trabalhar com o Matt e como foi a transição de TowerFall para Celeste?
Tudo começou com o Chevy Ray, outro game developer, amigo de Matt. Nós o conhecemos por causa de um de nossos jogos, Out There Somewhere. O Matt estava procurando artistas para ajudá-lo com seu protótipo, que viria a se tornar o TowerFall, e comentou com Chevy que gostaria de algo no estilo de um outro jogo nosso, o Deep Dungeons of Doom, assim o Chevy nos apresentou.
Depois de TowerFall, nós acabamos colaborando em alguns jogos de Jam e outros protótipos.
Juntos com Noel Berry começamos Skytorn, este depois também teria a participação do Matt.
Originalmente o Celeste era para ser um jogo muito menor, que faríamos durante o desenvolvimento de Skytorn, mas ele cresceu MUITO mais do esperávamos e virou nosso foco durante, mais ou menos, dois anos.
A arte de Celeste é um dos aspectos que mais chama a atenção de imediato, até porque o jogo emprega uma mistura de pixel art com artes em alta resolução em determinados momentos. Qual é o processo para garantir que essa combinação fique coerente?
Essa mistura é controversa e foi uma decisão difícil. Acredito que qualquer mistura de resoluções pode funcionar muito bem, desde que haja uma consistência. O jogo utiliza pixel art para tudo que acontece no mundo do jogo, como se a “janela” para ver o mundo tivesse uma resolução baixa. Toda a interface, diálogos, ou qualquer outra coisa que não pertença diretamente à essa “janela”, utiliza alta resolução – tanto que, o mapa, por exemplo, utiliza 3D. Eu acho que foi uma mistura bem maluca, mas que no fim combinou bem.
A jogabilidade desafiadora é complementada por uma história surpreendentemente impactante e personagens carismáticos. Em particular, Madeline e Theo são personagens lindos. Como foi a criação desses personagens?
Toda a parte de criação de personagens ficou com a Amora. O Matt passava uma ideia, ela fazia o concept e os dois iam decidindo juntos a partir daí. O processo da Madeline foi em cima do sprite que eles já tinham da versão de Pico-8.
Celeste tem um modo de speedrun e várias seções parecem ser feitas para permitir progresso rápido para os jogadores mais habilidosos. Desde quando a equipe teve speedrun em mente no design do jogo e como vocês esperam ver a comunidade evoluir ao redor disso?
Acho que Celeste, desde o protótipo do Pico-8, é um jogo que tem bastante potencial para speedrun. Inclusive ele já foi jogado no “Awesome Games Done Quick” no ano passado. Isso fez com que o jogo tivesse, desde o início, um grande foco em speedrun.
O Kevin, da “Power Up Audio”, responsável pelo som do jogo, também é um speedrunner bem ativo na comunidade e ajudou muito com todo o processo de otimizar e testar o jogo para corridas.
Vários jogos independentes prestam homenagem a grandes clássicos como Zelda, Metroid ou Castlevania. Mas Celeste, junto com jogos como Slime-San e The End is Nigh, parece dar continuidade a um subgênero criado por outro indie, Super Meat Boy. A influência de outros jogos foi levada em consideração no design do jogo? O que Celeste traz de especial para esse gênero de plataforma-difícil-pra-caramba?
Na verdade, o Matt já vem explorando esse gênero desde antes do Super Meat Boy, com Ogmo (nota do NF: Ogmo refere-se ao protagonista da série Jumper, criada por Matt Thorson em 2004). Mas a maior referência dele é Mario, especialmente o 3. A Nintendo sempre tem esse cuidado de fazer jogos que sejam acessíveis para todo mundo e que não façam a pessoa se sentir mal por não conseguir jogar. Se tem uma coisa que o Celeste está fazendo de “novo” no gênero é isso, tem material pra quem gosta de ser desafiado, mas também para quem só quer jogar de boa e ver a história até o final.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm