Final Profit: A Shop RPG é ao mesmo tempo uma homenagem aos RPGs clássicos das eras 8 e 16 bits quanto uma crítica ao sistema capitalista. No papel da monarca de um reino que está sendo ameaçada por uma guilda econômica poderosa, você decide que vai vencer seu inimigo no próprio jogo dele e embarca em uma missão para criar o maior império econômico de todos os tempos.
Obviamente, esse processo não vai ser nada fácil e envolve ter que lidar com negociantes, traições (não muito inesperadas) e com os segredos do mundo do comércio para obter lucro da maneira mais fácil e eficiente possível. Ao mesmo tempo, o jogo possui uma história de fundo focada em sacrifícios e no relacionamento entre pessoas, e como um objetivo nobre pode acabar sendo a base para corromper uma pessoa.
Mecanicamente, Final Profit: A Shop RPG consiste em tomar domínio sobre uma série de lojas, estabelecer a linha de obtenção de produtos e garantir que haverá um fluxo constante de consumidores para eles. Ao mesmo tempo, será preciso lidar com sócios de negócios gananciosos, impostos altos e empréstimos feitos de maneira bastante suspeita.
Enquanto tudo isso parece animador (e realmente é), infelizmente a parte do gameplay é um pouco mais recheada de burocracia do que parece inicialmente. A maior parte do tempo gasto no jogo vai ser dedicada a gerenciar uma loja, processo que envolve garantir que há itens suficientes no estoque e colocá-los no balcão assim que uma unidade é vendida.
Antes disso, é preciso andar pela cidade conversando com todos os NPCs, na esperança que eles se tornem fornecedores de novos itens ou consumidores daqueles que estão colocados à venda. Ao subir de nível (o que acontece vendendo produtos), o jogador abre novos compradores e fontes de renda, que o ajudam a acelerar todo o processo de lucro.
Isso seria realmente interessante, não fosse o fato de que Final Profit: A Shop RPG faz de tudo para que o processo seja simples, mas também entediante. Até mesmo por isso, boa parte de seus esforços a partir de determinado momento vão ser dedicados a automatizar o processo de oferta de itens — o que, em si, envolve algumas etapas burocráticas.
Para conseguir automatizar a venda de uma bebida, por exemplo, primeiramente você vai ter que obtê-la. Em seguida, é necessário vender uma quantidade mínima dela para ter acesso à linha direta com seu fabricante, que vai colocar uma máquina dela em sua loja — cumprido esse requisito, você deve obter a chave de automatização do item e alimentá-la com pontos de magia para, finalmente, conseguir fazer com que o item seja reposto sem nenhum esforço em seu balcão.
Enquanto todo esse processo é rápido quando aplicado a um item, as coisas ficam um pouco repetitivas quando se aplicam aos diversos produtos que você pode ter em sua loja. E claro, enquanto isso não acontece, você continua tendo que repor todos eles de forma manual, conversando de forma constante com fornecedores para repor estoques com o pouco dinheiro que sobra no fim do dia.
Nos momentos em que não exige que o jogador se concentre no comércio, Final Profit é um RPG que acaba se destacando pelos segredos divertidos e por trazer um texto genuinamente interessante. Enquanto algumas das críticas ao capital feita pelo jogo são meio clichês (como o Reino de Marx, por exemplo), é interessante ver como os roteiros e falas estão repletos de ironias sutis — algo ainda raro de ver em jogos eletrônicos.
Da mesma forma, algumas das ações feitas pela protagonista acabam se mostrando claramente cruéis, o que rendem algumas cenas inusitadas. Um dos primeiros itens que você pode colocar à venda são caixas de loot (que depois viram caixas de criação), que se mostra uma das opções favoritas entre os compradores.
No entanto, elas também provocam efeitos de vício claro em alguns compradores, o que faz com que o jogador perca acesso a certas partes de uma cidade. Afinal, os familiares de alguém cujo vício foi explorado por dinheiro não ficam nada feliz quando o “fornecedor” entra em suas casas e vem conversar com eles.
São esses pequenos detalhes e comentários que me fizeram continuar apostando em Final Profit, apesar da parte central um tanto burocrática. Felizmente, aqui não é preciso lidar com nenhuma batalha aleatória ou limite de tempo pré-definido, o que permite respirar um pouco e explorar o mundo no intervalo entre uma venda e outra.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm