Colocar o selo “Souls” — mesmo que ligado à palavra light — é provavelmente o pior erro que Flintlock: The Siege of Dawn poderia ter feito em seu processo de promoção. Embora traga algumas semelhanças com os jogos de Dark Souls, como o foco em combates um a um e experiência que pode ser perdida ao morrer, ele está bem longe de ter o mesmo clima de tensão.
Na prática, o trabalho da A44 Games (de Ashen) se assemelha muito mais a um jogo focado na ação, como Star Wars Jedi Fallen Order ou God of War, do que naquilo que diz ser suas inspirações. Ele conta a história de um mundo à beira do precipício, no qual somente a sapadora Nor Varek tem chances de vencer três deuses furiosos.
A engenheira especialista em demolições (papel de uma sapadora) não está sozinha em sua missão. Logo no começo da aventura ela se alia a Enji, um dos poucos deuses dispostos a ajudar, pois não quer ver o mundo queimar e mesmo que, seja por revolta ou responsabilidade própria, decidiu que não é uma boa ideia deixar o mundo dos vivos ser dominado por zumbis e outras criaturas.
Embora Flintlock tenha suas dificuldades mecânicas, o que de fato não parece ser exatamente o foco da aventura. Conforme Nor vai destravando novas opções de equipamentos, upgrades e habilidades, ela começa a dominar rapidamente os inimigos em seu caminho — e até mesmo os chefes são derrotados facilmente.
Ajuda muito nesse sentido o fato de que não há exatamente um grande número de adversários disponíveis. Embora o jogo faça o famoso esquema de “subchefe que se transforma em inimigo normal”, não demora muito tempo até que você decore os padrões dos adversários e tenha as ferramentas para contra-atacá-los com certa tranquilidade.
Ao final da aventura, nem mesmo grandes grupos são mais uma ameaça, já que você vai ter muitos poderes e armas para lidar com eles. Além disso, o jogo é bastante generoso em checkpoints, logo o jogador não ficará muito tempo sem os recursos recarregáveis ou terá que percorrer longos caminhos caso morra.
No entanto, torça para que isso não aconteça muitas vezes nos chefes. Enquanto geralmente sempre há um save na frente deles, todos têm batalhas precedidas por animações, e ter que pular todos elas acabam sendo um processo um pouco burocrático após algumas repetições — que, felizmente são poucas.
Embora o jogo em si não seja muito desafiador, ele traz algumas ideias novas com alguns graus diferentes de acertos. A mais certeira delas é uma aposta maior na exploração vertical de ambientes, que revela alguns desafios de plataforma bem legais e segredos escondidos em lugares um tanto inusitados.
No entanto, essa parte não se aplica tanto no combate, a não ser para dar algumas opções de fuga adicionais para Nor. Em nosso tempo com o jogo, os pulos duplos e as esquivas aéreas só se mostraram essenciais na batalha contra o segundo chefe, que tem golpes dos quais só é possível desviar utilizando desses movimentos.
Outra ideia interessante do game é o multiplicador dos pontos de experiência: conforme você bate em inimigos, pode aumentar a porcentagem de pontos obtidos antes de “sacá-los” para a personagem. No entanto, todos eles são perdidos caso você seja atingido, o que cria uma dinâmica de risco e recompensa bem interessante.
Infelizmente, ideias como as vilas que devem ser resgatadas não mostram todo o seu potencial, e muitas das armas mais avançadas parecem só existir para preencher espaço. Caso você invista em upgrades para seus equipamentos básicos, é possível ir do começo ao fim do jogo sem qualquer necessidade de experimentar com opções novas.
Com uma duração aproximada de 15 horas, Flintlock é daqueles tipos de jogos que não vão ser um marco na indústria, mas que mesmo assim merecem uma chance. Estabelecendo as bases de um universo que merece ser mais bem-explorado no futuro, ele traz uma experiência de ação divertida e que não excede suas boas-vindas.
Flintlock está disponível para Playstation 5, Xbox Series X/S e PC, e possui legendas em português Brasil.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm