Muito se fala sobre serviços que parecem o “Netflix dos games”, especialmente se tratando do Xbox Game Pass, da PlayStation Plus e do Nintendo Switch Online. Cada um com suas particularidades, a analogia não funciona tão bem.

Agora temos um novo nome nesta categoria: o Antstream Arcade. Permitindo o acesso a mais de 1300 jogos retrô via streaming, o serviço oferece uma perspectiva razoável sobre a história dos videogames, principalmente dos anos 1980 e 1990.

Alcançamos o Netflix dos games?

Vou começar falando da proposta e qualidade técnica do serviço. Nós recebemos uma assinatura da versão recentemente-lançada de Xbox. Até 21 de julho, a assinatura custa R$149 anuais ou R$402 por uma opção vitalícia. Não sei quanto será o preço em reais após o período promocional, mas parece ser aproximadamente 25% a mais.

Por este preço, temos acesso ao serviço apenas no Xbox e centenas de jogos estão instantaneamente disponíveis para jogar. A tela principal do aplicativo é um enorme grid de capas, com cada linha representando alguma categoria que pode ser gênero, plataforma original ou ano, por exemplo.

Na primeira linha, estão jogos participando de certos eventos. A cada dia ou semana, alguns jogos são promovidos ao topo com algum desafio coletivo para a comunidade, do tipo marcar X pontos totais em uma determinada fase, ou derrotar um inimigo X vezes. É uma forma interessante de destacar jogos que passariam despercebidos em meio a um catálogo enorme.

Fora isso, a interface é um tanto confusa e bagunçada. Algumas capas têm a plataforma original no canto, mas vários não. Se tratando de plataformas super antigas, saber se um título é de Atari 2600 ou SNES afeta muito minha expectativa do que posso encontrar. Também não parece ter muita lógica sobre quais jogos aparecem perto do topo da lista, e não é possível, por exemplo, clicar onde diz “SNES” dentro da página de um jogo e ver todos os outros títulos daquela plataforma.

Positivamente, ao selecionar um título, em poucos instantes já podemos jogá-lo. Tratando-se de um serviço de streaming, as preocupações naturais são latência e qualidade de imagem. A latência me parece bastante ótima, e achei suficiente para jogar tranquilamente, mas provavelmente não é ideal para jogar um jogo de luta competitivamente. Já os artefatos de compressão são praticamente invisíveis nos jogos bem antigos, mas se fazem perceber em alguns momentos mais complexos de jogos de arcade, SNES ou PS1 por exemplo.

A minha impressão é que o serviço está enviando um sinal em HD (720p ou 1080p? difícil saber) contendo o jogo já escalado para a dimensão da imagem. Porém, talvez fosse mais eficiente transmitir o sinal do jogo em sua resolução nativa e deixar o cliente processar a imagem final. Mas isso talvez seria um problema nas verões de PC e celular que deve atender hardwares diferentes.

Fora isso, é legal que podemos conectar múltiplos controles ao Xbox para jogos multiplayer. Em termos de funcionalidades adicionais, para cada jogo podemos armazenar três pontos de salvamento e ajustar algumas configurações básicas, praticamente só o volume. Uma opção de filtro de imagem CRT seria muito bem vinda.

O catálogo é tudo

Como é de se esperar para um serviço assim, o conteúdo oferecido no catálogo acaba sendo o ponto mais importante. Nisso o Antstream se sai mais ou menos.

Muito já se foi falado sobre como pode ser difícil adquirir os direitos de jogos antigos, porque muitas vezes empresas fecharam, foram adquiridas ou estão dormentes. Além da infinitude de jogos licenciados que exigem autorização de múltiplas empresas. Considerando essa limitação, o catálogo do Antstream é competente. Estão presentes títulos de arcade, NES, SNES, Atari 2600, Amiga, Commodore 64, Mega Drive, PS1 e alguns outros sistemas históricos.

Após alguns minutos navegando, é visível que as parcerias com a Bandai Namco e a SNK carregam o serviço. Graças a elas, temos títulos reconhecíveis como Pac-Man, Galaga, Metal Slug e The King of Fighters. Os anos 80 e 90 são o velho oeste dos videogames, com uma infinitude de títulos de qualidade questionável, então esses nomes dão uma boa primeira impressão.

Mas passando deles, logo chegamos ao velho oeste, e devemos tentar a sorte para encontrar algo que pareça divertido de jogar. Na ausência de nomes como Nintendo, Sega, Capcom, Konami, Square e Enix, a maioria dos títulos que te virão à mente não estão no catálogo. Também há o exemplo da Tecmo, que está presente mas com pouquíssimos títulos. O caso mais peculiar é o de Earthworm Jim, que aparece na tela de carregamento do app mas não está disponível.

Dito isso, é uma interessante oportunidade para explorar alguns títulos menos conhecidos, seguindo os passos do Angry Video Game Nerd. Mas não é só isso: estão presentes alguns jogos licenciados, como a trilogia Super Star Wars, e o serviço também está repleto de jogos de empresas menores que foram emblemáticos de diferentes maneiras: Bubble Bobble, Top Gear, Double Dragon, Worms. Só não espere encontrar Sonic ou Mega Man.

A disponibilidade do serviço

Como dito no começo do texto, a assinatura comprada no Xbox vale apenas para a versão de Xbox. O site oficial mostra o serviço disponível também para PC (seja ele Windows, Mac ou Linux) e celulares (iOS e Android) através de diferentes lojas, e também direto no navegador. Não sei quais são as diferentes estruturas de preço, e entendo que cada plataforma impõe suas limitações, mas acaba sendo um pouco desanimador não poder carregar o serviço e os jogos salvos em outros sistemas.