Mais focado em apresentar uma história e construção de personagens do que outros games do tipo, Medieval Dynasty é um game que procura recriar a experiência de viver em uma Europa medieval (ou ao menos na visão dela retratada como algo essencialmente caucasiano e romantizado), misturando elementos de construção, sobrevivência e RPG. O jogo chegou há pouco tempo no acesso antecipado do Steam ainda em alpha — versão à qual tivemos acesso para essas primeiras impressões.
Após algumas horas de jogo, fica claro que Medieval Dynasty ainda precisa de alguns ajustes para atingir seu potencial. A maior presença da história e de missões é interessante, mas parece que ela ainda não conversa muito bem com os elementos de sobrevivência do título. Embora a maioria das missões não tenha um tempo limitado para ser realizada, ainda parece que há dois “jogos diferentes” em ação — um no qual você faz favores para ganhar itens, e outro no qual luta contra a natureza para sobreviver.
Nesse sentido, o que mais tomou meu tempo foi a parte de sobrevivência que, ao menos na versão atual do jogo, se mostrou menos prazerosa do que eu imaginava — o que pode ser fruto de uma distorção por minha experiência recente com Valheim. Enquanto o jogo de vikings é ágil na captação de recursos e na oferta de elementos a construir, Mediavel Dynasty é burocrático e um tanto quanto opaco em suas informações.
A primeira missão que o título dá é construir uma casa para seu personagem, o que envolve primeiro coletar gravetos e pedras (incrivelmente complicadas de achar no meio do mato por não se destacarem visualmente) para então construir um machado. Feito isso, será preciso derrubar árvores para coletar madeira (o que logo vai deixá-lo pesado e lento) e, então, iniciar os alicerces da construção — que não pode ser construída muito próxima a outras vilas.
Esse processo, que seria bastante rápido em outros jogos de construção, leva uns bons minutos da primeira vez pelo fato de o game ser péssimo em explicar conceitos básicos. A ideia de usar uma roda de habilidades é boa, mas a quantidade de opções disponíveis confunde sem um guia auxiliar, mesmo quando você já se acostumou um pouco com ela.
Algo que também não ajuda é que o game mostra muitas opções promissoras, mas trava elas atrás de árvores de evolução. Assim como em games como The Elder Scrolls V: Skyrim, a regra aqui é simples: quanto mais você usa uma habilidade de uma categoria, melhor se torna nele e mais possibilidades de uso se abrem.
Isso não seria problema, a não ser pelo fato de que o jogo não é muito bom em indicar por onde você deve começar: com algumas horas de jogo, ainda não sei qual o passo inicial para desenvolver minhas habilidades de caça ou agricultura, por exemplo. Além disso, o processo de evolução é bastante demorado: antes de sequer poder criar uma bacia de água, tive que criar mais de 4 casas (das quais não precisava) para conseguir pontos o suficiente de conhecimento.
Para piorar, o jogo trabalha com limites de criação que não são muito bem explicados, tornando tudo ainda mais frustrante. Ou seja, não dá nem para tentar direito a tática “Final Fantasy II” de ficar repetindo atividades sem sentido para ganhar pontos de experiência — o negócio é tentar ir “na raça” e se frustrar com isso.
Outro elemento que ainda não parece muito bem ajustado é o survival: em intervalos regulares, você vai precisar comer e beber água para sobreviver. Enquanto a água é abundante e simples de conseguir — é só ir no rio para tomar alguns goles e “ficar 100%” —, a comida é mais rara e difícil de recuperar.
No começo do jogo, cogumelos e frutas são abundantes, mas recuperam muito pouco de seu medidor — e, pior, ainda podem deixá-lo envenenado. Até dá para conseguir um pouco de carne (e correr o risco de apanhar de um cervo ou raposa na tentativa), mas ela assada também não satisfaz muito. O que cumpre esse papel são as comidas obtidas por quests, compradas de NPCs (que as vendem por valores extremamente caros) ou criadas por você — boa sorte em conseguir a experiência necessária para fazer os pratos realmente bons.
Em outras palavras, o sistema de sobrevivência sofre das mesmas questões da construção: os recursos são lentos para surgir e a maneira de usá-los e evoluir é obtusa, para dizer o mínimo. Felizmente, é possível desligar completamente esses sistemas ao iniciar uma jornada em Medieval Dynasty, mas a sensação de usar um cheat ao fazer isso é inescapável.
Se estou sendo duro em minhas críticas de Medieval Dynasty, faço isso com a consciência de que é um game em seu início de desenvolvimento e que tem espaço para muitas melhorias. Entre as que mais espero, estão as questões de equilíbrio e recompensas: o game tem um sistema de construção vasto e que parece interessante, mas é frustrante dedicar horas de tempo a uma experiência que barra você de aproveitá-la totalmente.
Da mesma forma, o game ainda tem algumas questões técnicas a resolver: embora seja bonito visualmente, ele é marcado por personagens que se “teleportam” e animações bastante duras. De maneira similar, a tradução para o idioma “Brasileiro” ainda precisa de trabalho: items e elementos ainda surgem em inglês e há diversos elementos de falas e interface que ainda não foram traduzidos para nosso idioma.
Em geral, Medieval Dynasty apresenta um proposta interessante e um ritmo relaxante em sua primeira fase de desenvolvimento pleno. No entanto, prefiro não prolongar minhas explorações nele no momento, especialmente diante de experiências semelhantes que cumprem melhor suas propostas básicas — embora já fique de aguardo para ver o que novas atualizações podem trazer a seu universo.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm