Relato: Abundância e falta de coração simultâneas em Marvel's Avengers - Neo Fusion
Relato
Abundância e falta de coração simultâneas em Marvel's Avengers
15 de setembro de 2020
Cópia digital da versão de PS4 do jogo gentilmente cedida pela Square-Enix.

O interessante sobre os chamados jogos AAA é que, embora carreguem consigo custos elevadíssimos de produção, é difícil encontrar grandes exercícios de individualidade dentro deles. É comum que todo game que entre nessa classificação tenha um apelo quase cinematográfico em seus setpieces e esteja com uma boa quantidade de tendências da indústria em suas mecânicas. Marvel’s Avengers não escapa disso, mas é um caso um tanto quanto interessante, quase ao ponto de dizer que o pacote que vem no disco talvez seja dois jogos em um. Para falar sobre o jogo neste texto, usarei a notação dos famigerados discos de vinil e falarei de Lado A e Lado B para cada uma dessas “facetas” do jogo. 

Lado A: Coração e amor aos personagens

A campanha single player é o Lado A do jogo, bem menos duradouro que seu Lado B e de certa forma sendo um tutorial de 8 a10 horas ao que realmente o jogo quer ser. É comum que muitos jogos te deem um grande aprendizado antes de te jogar aos lobos do multiplayer, mas acredito que poucos podem afirmar que fazem de forma tão engajante quanto este jogo. Se formos pegar em termos de jogabilidade, nada é apresentado que seja suficientemente especial para te manter aficionado no jogo. A pequenos passos durante toda campanha, você irá controlar cada um dos personagens que estão disponíveis no lançamento, aprendendo suas mecânicas e batendo em milhares de robôs enquanto avança pelas missões. Não existe grande variedade, embora o sistema de combos de cada personagem que vai se desenvolvendo com a progressão de níveis e a liberação de novos golpes na famigerada árvore de habilidades permite uma grande gama de opções.

O que faz esse tutorial chamado de campanha é a história, mais especificamente os personagens. Após dez anos de universo cinematográfico da Marvel no cinema, nós já esperamos certas químicas entre os personagens e aqui elas são bem apresentadas e construídas. Os diálogos entre os Vingadores agradam e fazem você sentir que a equipe é uma família, ao mesmo tempo que suas personalidades estão bem colocadas quanto as suas encarnações mais conhecidas hoje em dia. A protagonista, porém, não tem a ver com os bastiões que geraram bilhões no cinema, e sim com uma personagem ainda não tanto conhecida fora das HQs: Kamala Khan, também conhecida como Ms. Marvel.

A adolescente fã de heróis que acaba se tornando uma heroína é o coração da campanha é algo muito legal de se acompanhar. Desde seus dilemas com a percepção da humanidade em geral aos poderes dela e de outras vítimas do grande catalisador dos eventos do jogo (que remetem muito à discussão dos mutantes da Marvel nas HQs e que, por sua vez, sempre foram um comentário sobre racismo). Seu entusiasmo com o mundo dos super-heróis e de estar lutando lado a lado com as figuras mitológicas que sempre povoaram seu imaginário conquista e eleva a narrativa. Esse talvez seja o principal ponto positivo do jogo, pois um personagem que tem um papel de servir como ponto de vista da audiência (e mesmo assim ter agência total na história) pode ser uma combinação muito fácil de se perder a mão. Aqui, Kamala é o maior acerto do jogo.

Lado B: Game as a Service

Terminada a campanha, chega a hora de examinar onde está presente a maior quantidade de conteúdo do jogo: seu modo multiplayer. O loop de gameplay básico dele é a fórmula mágica dos GAAS (Games as a Service) disponíveis a rodo por aí, talvez com seu maior representante atualmente sendo Destiny. Vá em missões, cumpra os objetivos, obtenha equipamentos melhores, continue no grinding até se cansar. A questão aqui é que, diferente de outros jogos desse mesmo tipo, existem poucas variedades reais nos equipamentos para justificar as horas gastas para otimizar seu personagem. O feedback visual também é raro, sendo que as principais mudanças, nesse caso uniformes dos heróis, não afetam em nada a jogabilidade. 

Cerca de 3 horas adentro no multiplayer, a variedade das missões esteve presente de forma bem rudimentar. Ou eram objetivos de proteger um computador, não saindo de uma área demarcada, ou simplesmente bater em todos os inimigos presentes no cenário até chegar em um chefe. Sem o incentivo da narrativa e focando muito mais na jogabilidade, enjoei rápido e a impressão geral que fiquei foi muito mais próxima dos meus julgamentos pré-lançamento do jogo. 

Dois lados constituem um jogo

Os dois lados, sendo experiências diferentes, me deixaram em conflito com minhas reais opiniões sobre o jogo. Enquanto eu amo sua campanha, talvez eu esteja muito perto de desprezar seu multiplayer. Considerando que o jogo se vende com essa intenção de experiência multijogador, eu falo que ele não me satisfez. A parte que eu mais gostei, na verdade, é divulgada como um extra no esquema de marketing do jogo. Logo, embora seja uma surpresa, não é como eles querem que o jogo seja visto. Na visão que eles querem, temos um jogo que talvez cresça nesse formato como tantos outros exemplos presentes no mercado, mas que é extremamente repetitivo e sem grandes incentivos para essa jogabilidade exaustiva de jogos como serviço em um primeiro momento. Por fim, porém, deixo um voto de confiança à Crystal Dynamics acreditando que o jogo pode melhorar e, quem sabe daqui uns meses, não revisito este texto reavaliando o jogo em seu novo estado. 

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm