Relato: Activision, remasterizações e a nostalgia dos mascotes da minha infância - Neo Fusion
Relato
Activision, remasterizações e a nostalgia dos mascotes da minha infância
4 de janeiro de 2021

Meu primeiro console foi um PlayStation. No auge da minha infância, o que mais eu gostava de fazer — além de assistir a desenhos animados — era jogar. Como um bom fã de aventura, Crash Bandicoot me conquistou já no primeiro gameplay e o marsupial se tornou meu parceiro de diversão. Desde então, a relação de amor (e ódio, às vezes) veio crescendo e se estendeu para outros títulos da franquia.

De Crash Bash a Crash Team Racing , não havia um derivado que eu não quisesse experimentar. Das propostas mais difíceis, como as fases emblemáticas do espaço em Crash Bandicoot 2: Cortex Strikes Back, até as mais tranquilas, como dar um passeio com Coco e Pura na fantasiosa Muralha da China em Crash Bandicoot: Warped, sempre foi pessoalmente marcante poder desvendar mais e mais conteúdos desse mascote tido como tão simpático. E ele nem sequer falava direito.

Crash Bandicoot: Warped - Coco & Pura

Nesse processo, o dragão roxo com sua amiga libélula cruzaram meu caminho. Spyro the Dragon foi o jogo que me conquistou aos poucos. Sua estética bela e única me agradava, mas havia diversos momentos no gameplay — como ações e passagens secretas — que eu, no auge de meus humildes sete anos de idade, não conseguia assimilar. Nunca havia finalizado a campanha. Tal fato posteriormente mudou, quando revisitei o game já mais maduro, e pude aproveitar cada canto dos mapas de verdade.

O melhor presente para os fãs

Tudo isso faz parte de memórias afetivas muito fortes que tenho particularmente com esses dois jogos. Uma legião de jogadores e jogadoras após os anos 2000 muito provavelmente também tiveram experiências similares às minhas. Crescemos com essas caricatas e significativas figuras, que nos aproximaram e, de certa forma, nos apresentaram ao universo dos games que conhecemos hoje. E hoje, especialmente, além de contarmos com inúmeras franquias novas em plataformas inéditas, vivemos em uma era de revisitação do passado. A nostalgia em sua mais pura forma que, de quebra, começa a criar vínculos com novos jogadores não familiarizados com as raízes desses games.

Spyro: Year of the Dragon

Crash Bandicoot e Spyro passaram pelas remasterizações e ganharam uma imagem repaginada, porém ainda bem firme e leal para com sua identidade clássica. Com o marsupial comedor de wumpas — ou, se preferir, maçãs, mangas, etc. —, o processo se iniciou em 2017, no PlayStation 4, com a coletânea que reunia os três primeiros jogos da franquia, sob o título de Crash Bandicoot N. Sane Trilogy, desenvolvido pela Vicarious Visions e publicado pela Activision. Esta, inclusive, detém há muito tempo os direitos da franquia após envolvimento da Naughty Dog na trilogia original. 

Com gráficos melhorados, habilidades aprimoradas e as frutas mais brilhantes, o jogo se tornou não só a reinserção desse universo no mercado fresco e rotativo de games, como também um presente para os fãs de longa data (vide eu mesmo!). É inegável o capricho que foi dado para essa remasterização: a textura, as cores mais vibrantes, os controles mais precisos. Tudo ambientado de maneira que o clássico dos anos 90 fosse revivido para os tempos modestos em sua melhor essência. Ainda como bônus, duas novas fases foram inseridas no primeiro e terceiro títulos da coletânea (Stormy Ascent e Future Tense, respectivamente). Estes dois estágios bem diferentes e complicados fazem jus ao nível de dificuldade já conhecido por quem gosta do estilo de plataforma. Ainda é possível assumir o controle de Coco, irmã de Crash, personagem que não era jogável no game original.

Spyro recebeu, em minha visão, uma transformação ainda maior. Spyro Reignited Trilogy, desenvolvido pela Toys for Bob e publicado pela Activision em 2018, também para PlayStation 4, praticamente redesenhou toda a fantasia particular do pequeno dragão. As fases que compreendem Spyro the Dragon e suas duas sequências ganharam a melhor direção artística que poderiam. A jogabilidade seguiu parecida ao de sua origem, o que uniu precisamente a excelência da nova geração com a experiência nostálgica. Outro ponto muito característico que se manteve em ambos os clássicos foi a trilha sonora. Nenhuma trilha foi drasticamente alterada, apenas atualizada em seus instrumentais, o que facilitou ainda mais a imersão.

O legado continua

Ao longo desses anos, a Activision vem demonstrando interesse em lançar cada vez mais versões repaginadas de clássicos antigos. Crash e Spyro ganharam bastante destaque, mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem dessas remasterizações pela Activision e estúdios parceiros tenha sido com alguns dos jogos-base mais icônicos do passado, isso não significa que esse universo não se amplie para outros queridinhos do público.

Por outro lado, uma franquia robusta e com bastante material como Crash Bandicoot ainda pode ser muito reaproveitada. E isso é algo que já vem acontecendo. Um exemplo é o jogo de corrida Crash Team Racing Nitro-Fueled, desenvolvido pela Beenox e lançado em 2019, que segue os mesmos passos do antecessor e aprimora aquilo que já era bom, incluindo novas fases e novos personagens — trazendo inclusive crossovers com as figuras de Spyro. 

Crash Team Racing Nitro Fueled

Uma vez positivo o resultado, a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash — o party game da franquia — ou ainda do muito querido pela comunidade Crash Twinsanity, originalmente de PlayStation 2. Quanto ao dragãozinho, uma nova narrativa poderia ser igualmente desenvolvida. Sou suspeito para dizer, mas enquanto a qualidade se mantiver no nível do que já vimos hoje, com certeza não irei rejeitar novas versões…

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm