Relato: Final Fantasy VII Remake - Neo Fusion
Relato
Final Fantasy VII Remake
11 de maio de 2020
Este texto contém leves spoilers sobre os acontecimentos de Final Fantasy VII Remake.

Quando a Square Enix anunciou que estava trabalhando em um remake para Final Fantasy VII, ela imediatamente criou expectativas que jamais seriam realizadas. Lançado em 1997 para o PlayStation original, o RPG se transformou em referência para o gênero e se transformou em parte da memória coletiva dos games em geral.

Final Fantasy VII Remake

Junto a títulos consagrados e honradas franquias — como Half-Life, Metal Gear Solid, Halo e Super Mario, para citar somente alguns exemplos —, ele virou um daqueles jogos que “você precisa jogar”. Com o tempo, mesmo quem nunca teve a oportunidade (ou o interesse) de jogar Final Fantasy VII já tinha uma opinião sobre o jogo e uma ideia própria do que um remake poderia (ou deveria) trazer.

A maneira mais segura de a Square Enix responder a isso era simplesmente entregar o mesmo game do passado e somente melhorar sua apresentação para coincidir com o que esperamos de um título atual. É só ver o que foi feito com a última versão de Shadow of the Colossus para o PlayStation 4: precisava nem mudar o estilo de câmera, só dar aquele “tapa” nos gráficos e botar à venda. Ele certamente iria trazer muito lucro desta forma.

Além do simples “refazer”

Felizmente não foi esse caminho que a empresa seguiu. Com o risco de desagradar aos fãs, ela decidiu manter a base da história e o cenário e mexer em tudo que sentiu que era adequado. Isso fez com que desde o sistema de batalha até o desenvolvimento de personagens e o ritmo da trama sofressem mudanças com diferentes níveis de dramaticidade.

Muito disso se deve ao fato de que Final Fantasy VII não é uma obra que permaneceu intocada desde seu lançamento. Fora os ports para as plataformas atuais, o game passou por uma reinterpretação e diversas adições a sua lore (incluindo uma dose generosa de “revisões”) com a Compilation of Final Fantasy VII, iniciada nos anos 2000 e cujas contribuições foram totalmente incorporadas ao Remake.

Final Fantasy VII Remake

Mas não foi somente essa bagagem que ditou o direcionamento do jogo. Fica claro que a Square Enix, sabendo que não teria como escapar de comparações e comentários, decidiu abraçar essa possibilidade e torná-la uma parte da próprio lore do jogo. No melhor estilo metafórico do diretor Tetsuya Nomura (também responsável pela “loucura” da série Kingdom Hearts), temos no RPG um elemento narrativo que representa visualmente as “obrigações” que a empresa tinha ao recriar um jogo tão influente.

Enquanto durante boa parte do tempo essas representações sejam bem-sucedidas na intenção de fazer com que as coisas “aconteçam da maneira como precisam”, aos poucos elas mostram que podem ser vencidas. A mensagem é clara: as coisas não precisam ser iguais simplesmente porque “eram assim no passado”, mesmo que haja quem pense que isso é algo obrigatório.

Conversa para todo mundo ver

No fim das contas, Final Fantasy VII Remake resolve seu conflito com o passado de maneira nada sutil. Quando os próprios personagens vencem o destino, não dá mais para saber o que esperar daqui em diante: quem vive, quem morre ou os lugares que serão visitados a partir de agora são um mistério. O que assusta, mas é bom: presos ao passado, os desenvolvedores teriam uma missão que jamais seria bem-sucedida.

Final Fantasy VII Remake

Um Remake de FF VII é FF VII, mas também não é. Nesse caso, abraçar a diferença dá à obra chance de se desvencilhar das correntes do passado e ser algo que tem a chance de ser diferente. Se isso é melhor ou não, só o tempo dirá — já que, dividida em capítulos, essa recontagem da história ainda não tem data para terminar.

Espero que, nos capítulos futuros, essa nova versão de Final Fantasy VII realmente abrace o diferente e nos mostre uma visão mais diversa e ampla desse mundo. E que, com o fim das correntes e fantasmas do passado, a Square Enix possa usar metáforas e conexões mais sutis. Da primeira vez funcionou, dado todo o contexto em que o lançamento se encaixa. Da próxima, pode ficar exagerado: algo que o bem-sucedido, mas confuso, Kingdom Hearts já provou que pode não ser a melhor solução para todos.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm