Já faz pouco mais de um mês que Marvel’s Avengers chegou às lojas, mas você está desculpado se pensar que esse tempo é ainda maior e ter esquecido que o jogo já saiu. Embora tenha feito um certo buzz em sua chegada, o game desenvolvido pela Crystal Dynamics pecou justamente naquilo que um “jogo como serviço” não poderia: não trouxe uma experiência com engajamento suficiente para motivar os jogadores a continuar investindo seu tempo ao fim da campanha principal.

Além disso, não ajudava o fato de o game ter sofrido de questões técnicas — no PC, por exemplo, era impossível jogar com alta qualidade em resoluções acima de 1080p, mesmo com um hardware parrudo. Eu mesmo pensei em nunca mais voltar ao título, mas algumas atualizações recentes me motivaram a dar uma segunda chance e ver se as mudanças prometidas pela desenvolvedora realmente tiveram algum efeito.

Logo de cara, fui surpreendido de maneira bastante positiva: graças à implementação do DLSS, o jogo transformou totalmente seu desempenho. Se antes mal conseguia os 60 FPS em 1440p, agora consigo mais do que isso sem ter que abrir mão de efeitos de qualidade, ao mesmo tempo em que mantenho a estabilidade do desempenho. Sei que pode parecer coisa pouca e “papo babaca de PC Master Race”, mas a transformação foi de uma experiência complicada de aproveitar a algo em que o desempenho não é mais um obstáculo.

Problemas estruturais persistem

Enquanto o desempenho de Marvel’s Avengers está muito melhor — diria até que esse devia ser o estado em que o game chegou —, o mesmo não posso dizer sobre os elementos que me fizeram deixá-lo de lado pela primeira vez. Não somente o conteúdo pós-jogo não é interessante, como ele escancara uma contradição grande do jogo: os personagens só parecem mesmo os heróis da Marvel como o conhecemos a partir do momento em que atingimos o nível 50 e todas as suas habilidades estão desbloqueadas.

O problema é que, quando isso acontece, não há nada de muito interessante onde aplicar essas habilidades. Você pode enfrentar uma versão mais difícil de algum inimigo que já derrotou centenas de vezes em busca de itens que inflam um ou outro número, e é basicamente isso que dá para fazer.

Ir atrás de elementos que desbloqueiam novas roupas não tem graça, seja pelo fato de que a maioria delas é visualmente desinteressante ou por quanto a economia é desequilibrada. Em quase 40 horas de jogo, com um personagem em nível máximo, só adquiri moedas suficientes para comprar uma única roupa da categoria “lendária”, de um dos seis personagens disponíveis no momento.

Em comparação, graças ao “prêmio de compensação” dado pela Crystal Dynamics a quem encarou o lançamento problemático, não tive que jogar nada para comprar duas roupas adicionais mais legais e ainda ficar com moedas sobrando na conta. Para mim, essa situação deixa clara o quanto aqueles dispostos a abrir a carteira são muito mais recompensados do que aqueles que efetivamente dedicaram seu tempo a um game que não tem nada de tão interessante assim para justificar as dezenas de horas necessárias para conseguir dinheiro virtual “na base da honestidade”.

Um novo Anthem?

Embora como jogo Marvel’s Avengers seja bem mais robusto do que Anthem, é difícil não compará-lo com o looter shooter da BioWare. Assim como a desenvolvedora pertencente a EA, a Crystal Dynamics sofre com uma baixa retenção de jogadores, que a fez mudar seu calendário de atualizações e empurrar para frente as versões para a nova geração de consoles e a chegada de novos personagens.

Ainda não estamos falando da possibilidade de a empresa ter que repensar totalmente a estrutura do jogo, mas está claro que algumas mudanças precisam ser colocadas em ação. Em um cenário em que há tantos “games como serviço” (conceito problemático em si mesmo) mais robustos e envolventes, lutar em busca de equipamentos sem graça claramente não é motivação suficiente para continuar no título.

E você, ainda está dando uma chance a Marvel’s Avengers ou foi mais sábio do que eu e decidiu deixá-lo de lado para investir em algo mais interessante? Acredita que o game tem futuro ou que a Crystal Dynamics desperdiçou sua jogada e não há mais como recuperar a experiência? Deixe sua opinião em nossas redes sociais!