Relato: Twelve Minutes e a tentativa de prestígio em apenas chocar o público - Neo Fusion
Relato
Twelve Minutes
e a tentativa de prestígio em apenas chocar o público
17 de setembro de 2021

Quando eu vi o primeiro teaser de Twelve Minutes, eu imediatamente me empolguei. Primeiro por ser publicado pela incrível Annapurna Interactive. Segundo por trazer no elenco três nomes da atuação que admiro (Daisy Ridley, James McAvoy e Willem Dafoe). Além disso, a premissa me chamou a atenção, então eu mal podia esperar pra finalmente ter essa experiência. Hoje, eu descobri que talvez não era exatamente o que eu imaginava.

Twelve Minutes se trata basicamente de um homem preso em um loop temporal que dura exatamente 12 minutos. Ao chegar do trabalho, o personagem encontra sua esposa e se prepara para um jantar especial. Mas, subitamente, um policial invade o apartamento deles e o pesadelo começa. Tendo que reviver as mesmas situações diversas vezes, o jogo nos coloca como agente principal do desenrolar dos fatos, buscando alternativas para quebrar o loop de fato.

12 Minutes

De um ponto de vista estético, acredito que o jogo tenha executado bem a ideia de um local quase claustrofóbico, onde tudo acontece dentro dos três cômodos disponíveis. Isso orna também com a trilha, que traz a atmosfera tensa de um bom thriller.

A minha questão divergente com este título começa em relação ao gameplay. Particularmente, eu sou um jogador que ama narrativas imersivas, que deixam na nossa mão a decisão de trilhar o caminho dos fatos. De início, o jogo é bem sugestivo e dá um panorama legal sobre as motivações dos personagens e o que possivelmente estaria acontecendo ali.

Os primeiros loops são até interessantes e instigam a busca de outros métodos. Porém, depois de um tempo, sinto que o jogo perde um pouco a essência e se torna cansativo e frustrante. E, no caso, não digo nem em relação à demora para avançar na história em si, mas os malabarismos que o lançamento faz para conseguir atingir um desfecho que, no fim das contas, não é tão gratificante de vivenciar.

12 Minutes

Outro tópico também que me incomoda é a queda brusca no desenvolvimento da história que, na minha opinião, não foi bem executada. Eu estava muito curioso como tudo aquilo iria acabar, mas tenho como visão que este título quis buscar sucesso no público em apenas chocá-lo. Não me leve a mal, sei que adoramos plot twists, principalmente quando bem executados. Mas aqui, com toda essa “pressa” e necessidade de espantar o jogador, não me senti contemplado totalmente ao finalizar a campanha. Na verdade, eu fiquei bem pensativo quanto ao que eu estava sentindo sobre o título — meus colegas próximos sabem — e só constatei isso depois.

Também gostaria de mencionar o quão violento este jogo pode ser para algumas pessoas. Se você entra na página de compra nas plataformas digitais, existe uma classificação etária, mas dentro do jogo não há nenhuma indicação sobre possíveis gatilhos. É de responsabilidade dos envolvidos apontarem isso, até porque há ações obrigatórias no gameplay que são problemáticas. Sem isso, o jogador não avança. Fora aquelas atitudes macabras que você provavelmente vai recorrer para tentar avançar na história.

Não vou especificar exatamente o que seria para não prejudicar a experiência das pessoas que ainda querem testar o jogo, mas quem já conferiu sabe o que estou falando. É uma situação complicada com a personagem envolvida que poderia só não ter existido.

12 Minutes

O que eu vou levar deste jogo comigo é o ato de pensar sobre ações e consequências, envolvendo questões morais. Como a exposição e omissão de informações podem afetar relações e possíveis desastres. Nesse sentido, acredito que o jogo tinha uma ideia sólida em mãos, mas que, infelizmente, talvez não tenha sabido moldá-la. Enquanto se escora na tentativa de aclamação em abalar o público, Twelve Minutes é um gole seco de decisões estranhas.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm