Resenha: The Last of Us Episódio 7 - Neo Fusion
Resenha
The Last of Us
Episódio 7
28 de fevereiro de 2023

Lançado em fevereiro de 2014, Left Behind é o ótimo DLC de The Last of Us (2013) que coloca os holofotes sob Ellie, cobrindo os eventos ocorridos entre Joel se machucar ao fim do capítulo da Universidade e o seguinte, já no inverno, quando Ellie procura remédios para cuidar dos ferimentos do companheiro. Ao mesmo tempo, também somos transportados ao passado, para a época anterior à descoberta da imunidade da garota, quando esta viveu não só um de seus dias mais felizes, como também o pior de todos até ali. O sétimo episódio da série de The Last of Us foca exatamente nesse recorte temporal.

Com direção de Liza Johnson e roteiro de Neil Druckmann, “O Que Deixamos Para Trás” é talvez o episódio que mais segue à risca os eventos do jogo, ainda que traga certas diferenças relevantes. Ele abre com um plano mostrando uma casa, local em que uma desesperada Ellie (Bella Ramsey) se abriga com Joel (Pedro Pascal), gravemente ferido do episódio anterior. O velho contrabandista implora para que a garota o deixe ali e retorne aos cuidados de Tommy, irmão de Joel, mas ela se recusa a deixar seu velho amigo para trás e sai pela casa procurando algo que possa conter o sangramento – e nisso somos transportados ao passado.

quarto

Diferentemente da versão jogável, o flashback da série procura detalhar melhor alguns pontos da história de Ellie, incluindo seu gosto musical. Enquanto no jogo nós apenas ouvimos falar a respeito dos treinamentos militares que rolam nas Zonas de Quarentena, a série resolve mostrar um pouco de como eles são feitos: da maneira tradicional como você pode imaginar mesmo, com aqueles treinos que lembram muito aulas de educação física do colégio, com direito a bullying, troca de socos e uma visita à sala do diretor.

Ir à sala do diretor não é novidade alguma para Ellie, que já foi colocada na “solitária” pelo menos três vezes, fazendo com que seu superior questionasse se a punição surtia mesmo algum efeito. Veja, portanto, que Ellie sempre foi uma garota que marcha ao som da própria batida. Rebelde, teimosa, mas muito perspicaz. É esse comportamento que faz com que o superior proponha uma posição de destaque à Ellie, desde que ela se comporte dali para a frente.

Cortando para o quarto da jovem, visivelmente incomodada com algo enquanto lê uma das edições dos quadrinhos de Savage Starlight. Ela logo adormece mas é acordada durante a madrugada, quando Riley (Storm Reid), sua melhor amiga, entra pela janela de seu quarto, retornando após semanas desaparecida (o que fez a própria Ellie duvidar se continuava viva e é esse o motivo de seu incômodo).

Tanto na série quanto no jogo vemos esse evento e o motivo do sumiço de Riley: ela decidiu se juntar aos vagalumes, para desprezo de Ellie. No entanto, Riley tinha uma razão para se encontrar com a amiga novamente e propõe mostrar uma surpresa a ela: levá-la a um shopping, experiência inédita para a jovem, ainda mais no contexto pandêmico em que ela nasceu e onde o simples ato de passear pelas lojas sem grandes preocupações é algo impossível. Uma das belezas dessa proposta tanto no jogo quanto na série é que ela justamente abre espaço para mostrar como ainda é possível sonhar, se divertir e curtir a vida apesar de todas as desgraças que rodeiam aquela realidade.

carrossel


Bella Ramsey e Storm Reid convencem em suas atuações por entregarem momentos muito naturais e críveis, revelando a bela amizade entre Ellie e Riley e até mesmo como aquela vê um certo exemplo nesta, que é dois anos mais velha que ela. Qualquer pessoa que já tenha passado pela adolescência deverá se identificar com essa relação de admiração e influência – além de paixão – e também nos diálogos entre as duas, suas brincadeiras, medos e… bem… até mesmo com o famigerado livrinho de piadas que a Ellie tanto adora.

Aliás, falando em Ellie e Bella Ramsey, a esta altura da temporada eu já posso dizer que qualquer ceticismo que eu tinha quanto à atriz já foi deixado para trás. Os últimos três episódios – cobertos aqui pelo meu querido amigo Pedro – já deram mais tempo de tela à atriz, o que ajudou a provar seu talento, mas é neste sétimo que vi ainda mais nuances em sua performance, especialmente nas entrega das fala e em suas expressões faciais. Ela forma, sim, um belo par com Pedro Pascal, tal qual Troy Baker e Ashley Johnson na versão de videogame, guardadas as devidas proporções (ainda acho as versões do jogo superiores).

Voltando aos eventos do shopping, Ellie e Riley passam por diversas “atrações” que encantam Ellie. Vão desde andar numa escada rolante (!), brincar num carrossel e se divertir num fliperama – com direito novamente a uma cabine de Mortal Kombat II, o que se liga diretamente a um dos eventos do episódio 2.

fliperama
Como aparentemente nada realmente feliz em The Last of Us pode durar muito tempo (e talvez nisso apenas o terceiro episódio seja de fato alegre), toda a empolgação e barulho das garotas acaba por despertar um infectado. Daí, logo após uma bonita cena em que Ellie, após discutir com Riley pela sua decisão de ir embora com os vagalumes, fazer as pazes com a amiga, beijá-la e pedir para que ela não vá embora, temos o fatídico momento em que o infectado ataca as garotas. Elas conseguem matá-lo, mas não sem consequências: as duas foram mordidas. É o fim da linha para elas e hora de serem poéticas e perderem suas cabeças juntas. Ou quem dera fosse realmente isso…

~

O Que Deixamos Para Trás” faz um bom trabalho em cobrir o passado de Ellie. Diferentemente de Left Behind – em que nós jogamos com Ellie em duas linhas temporais: a do flashback e a do presente, em que ela também explora um shopping, mas procurando um kit de primeiros socorros para salvar Joel – na série somos apresentados ao presente apenas no início e no fim do episódio, com o grosso da narrativa sendo dedicada ao passado. Na conclusão, vemos novamente o maior medo de Ellie: perder mais uma vez alguém importante para ela e se ver completamente sozinha e abandonada.

No geral, eu achei o episódio ótimo por respeitar e adaptar bem o momento a momento do que acontece em Left Behind. Aliás, é até curioso ver uma das minhas impressões lá de 2014 tomando forma de certa maneira: eu sempre achei que o DLC praticamente nem precisava de combate, podendo ter todo seu escopo dedicado a apresentar minigames e mecânicas que exploram a criatividade para além do tiroteio. A série acaba por fazer isso, mas não sem seus próprios problemas – talvez a narrativa role lentamente demais para algumas pessoas, o que não é algo que tenha me incomodado em particular, mas é relevante.

Nos restam apenas mais dois episódios para a conclusão da primeira temporada de The Last of Us. Agora é ver se conseguem entregar um final tão memorável quanto o clássico de 2013.

infectado maldito

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm