Análise: Torchlight Infinite - Neo Fusion
Análise
Torchlight Infinite
8 de junho de 2023
Jogamos Torchlight Infinite com um boost de perfil oferecido pela XD

Quando o segundo Torchlight foi lançado em 2012, ele se mostrou um jogo tão bom que a série acabou virando uma das minhas favoritas desde então. Infelizmente, diversos problemas envolvendo seus criadores e suas vendas fizeram com que ela tomasse caminhos estranhos, resultando em sua encarnação mais recente, Torchlight Infinite.

Disponível para sistemas mobile (Android e iOS) e PC, o game mantém os elementos que ajudaram a consagrar a franquia, como o foco no loot e no combate com inimigos variados, mas acaba diluindo um pouco o que a tornou especial. Agora, em vez de montar seu próprio personagem, o jogador escolhe entre algumas figuras pré-definidas, cada uma delas cumprindo o papel de uma classe distinta.

Logo após isso acontecer, somos jogados em uma história que parece ter se iniciado há algumas horas atrás, mas acabamos chegando no meio dela porque nosso ônibus atrasou. O que fica claro é que somos parte de um grupo que está sendo atacado por uma força maligna, e cabe ao protagonista e a seus companheiros derrotarem tudo o que aparece no caminho para impedir que algo de muito ruim aconteça.

Torchlight Infinite se divide entre o mobile e o PC

Uma das coisas que mais chama a atenção em Torchlight Infinite é sua interface, e não exatamente por motivos positivos. Durante os testes do jogo, me alternei entre sua versão para o iOS (usando um iPhone 13) e o PC, e nunca encontrei em nenhuma delas um sistema de controle que me fosse 100% confortável.

No smartphone, o jogo traz um sistema de controles por toque bem feito, mas parece que tudo fica muito “apertado”, e o uso de dois dedos na tela não ajuda muito nesse sentido. No PC, esse problema não existe, mas a maneira como os atalhos são configurados faz da experiência um pouco confusa.

Torchlight Infinite

Divulgação/XD

No final das contas, a melhor maneira que encontrei de aproveitar o jogo foi usando um gamepad tradicional, o que é bem estranho para um jogo desse estilo. Quando a barreira da interface é vencida, temos um game que lembra muito os capítulos anterior da franquia, mas que não necessariamente mantém o que fez deles tão interessantes.

Para começar, Torchlight Infinite não dá aos jogadores o controle direto sobre como crescem os status de seus personagens, somente dos poderes que eles vão usar. Enquanto a seleção disponível é grande (e cada um conta com diferentes níveis de evolução), a impressão que fica é a de que suas escolhas não são assim tão importantes.

Isso porque os inimigos tendem a ser verdadeiras “esponjas de bala”, que acompanham muito de perto o crescimento do personagem controlado. Isso significa que falta ao game um sistema de evolução que dê a sensação de que estamos ficando mais fortes — ou de que as dezenas de equipamentos que coletamos pelo caminho valem à pena.

Torchlight Infinite

Divulgação/XD

O jogo compensa isso permitindo usar de maneira bastante livre as habilidades especiais de cada personagem — usando o mago, raramente fiquei sem recursos de mana para aproveitar todos os poderes de que ele dispunha. Ao mesmo tempo, isso tira um pouco o sentimento de estratégia dos combates, já que não há aquela sensação de que usar um golpe no momento certo pode “virar o jogo”.

A exceção a esses momentos são algumas batalhas contra chefes, que exigem uma maior movimentação pela tela e a percepção rápida dos padrões de ataque e movimentação que eles têm. No entanto, como eles também acabam sendo “esponjas de bala”, muitas batalhas acabam se arrastando por um tempo que parece muito maior do que deveria.

Divertido, mas só mediano

Dada as características descritas, o loop de gameplay de Torchlight Infinite acaba não sendo tão atraente quanto poderia ter sido. No final de minhas horas com o jogo, fiquei com a sensação de que todas as batalhas que enfrentei, níveis que evolui e itens que coletei, foram mais para “manter as coisas como estão” e evitar ficar para trás do que para realmente evoluir meu nível de poder.

Torchlight Infinite

Divulgação/XD

E esse é o principal pecado que um jogo como esse pode cometer, especialmente dada a qualidade de suas outras partes. O título tem um visual estilizado atraente e funciona muito bem nas plataformas em que o testei, além de contar com poderes variados que correspondem bem às classes associadas a cada um deles.

Até mesmo as microtransações do jogo parecem ter sido bem-feitas, apesar de seu claro caráter “pay to win”. Isso porque, apesar de acelerarem a maneira como personagens crescem, elas não barram qualquer coisa de quem deseja jogar sem pagar (alo Diablo Immortal), só faz com que essas pessoas tenham que dedicar mais tempo ao grind — que é a essência desse tipo de RPG de ação.

Acabei me decepcionando com Torchlight Infinite mais pelo que ele tem do que por suas ausências. Embora ele tenha a base de um grande jogo de ação, a maneira como sua evolução é configurada faz com que tudo pareça sem muito sentido, e a repetição de matar inimigos e coletar loots acaba perdendo qualquer significado. Vale a pena conferir o jogo por seu caráter gratuito, mas, a não ser que haja uma mudança grande em seus sistemas, sinto que essa vai ser uma experiência que muitos vão acabar deixando de lado em questão de pouco tempo.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm