Entrevista: Bágdex: O Jogo A entrevista - Neo Fusion
Entrevista
Bágdex: O Jogo
A entrevista
10 de março de 2023

Você talvez já tenha ouvido falar da Bágdex, ou já tenha visto alguma ilustração pela internet. O projeto, que começou como um passatempo e ganhou popularidade entre internautas, vai virar Bágdex: O Jogo, através de uma campanha de financiamento coletivo, uma empreitada totalmente autoral e feita por brasileiros, totalmente em português e que guarda similaridades com Pokémon, grande franquia da Nintendo, a exemplo da possibilidade de captura de monstrinhos.

Para entender mais sobre o game, que tem criaturas pensadas para homenagear todas as regiões e as diferentes culturas brasileiras, entrevistamos Wagner Tamborin, criador do BágDex e Diretor de Arte do projeto. É uma leitura bem legal e ótima para criar uma expectativa em torno deste projeto. Confira a seguir!

Vitor Tibério/Neo Fusion: Primeiramente, parabéns por conseguir realizar este projeto! A Bágdex tinha, desde o início, a intenção de se tornar um jogo? Como se deu o começo?

Wagnert Tamborin: Em seu primeiro momento, quando eu comecei a desenhar os Bágmon em 2021, ela não passava de um passatempo para gerar conteúdo para minhas redes sociais. Na época eu trabalhava exclusivamente como freelancer de design e ilustração, e conseguir trabalhos dependia do alcance que minhas postagens tinham nas redes sociais.

Nesse período, no meu tempo livre, eu fazia várias séries de desenhos, paródias, misturas, fusões e criações no TikTok e Instagram envolvendo personagens. Foi aí que, ao ver o meme do Bemtevi estourando na internet, me veio a ideia de desenhá-lo como um Pokémon. Gravei esse processo e em poucos dias o vídeo teve mais de 1 milhão
de visualizações.

Com isso, as pessoas começaram a pedir mais “Pokémon brasileiros”, e assim eu fui fazendo, um a um. Mas como dito, nessa época a Bágdex não tinha pretensão nenhuma de ser mais do que apenas fanarts, até porque alguns Bágmon eram versões “abrasileiradas” de Pokémon oficiais, algo muito comum em fakedex (coleção de “fakemons”, monstrinhos ilustrados inspirados em Pokémon feitos por artistas independentes).

Após terminar os 151 monstrinhos e postar no Twitter, o projeto viralizou de uma forma que eu não esperava, e com isso vieram muitas pessoas pedindo mais conteúdos sobre. A ideia do jogo se concretizou nesse ponto determinante que divide a Bágdex em dois momentos, a chegada da Nuuvem e a Dumativa para nos auxiliar na criação de uma campanha para fazer um jogo. A partir daqui, o projeto precisou passar por uma imensa revisão para funcionar como produto, coisa que não era previsto no primeiro momento.

Sua inspiração são a cultura e as regiões brasileiras. Há muitas ideias que não couberam neste jogo e tiveram que ficar de fora?

Wagner Tamborin: Totalmente! Durante a criação das primeiras versões dos Bágmon, eu fiz dezenas de esboços que não chegaram a entrar na primeira leva, sem contar que o Brasil é um país enorme e muito rico. Ideias é que não faltam para futuras gerações de monstrinhos e mais alguns que vão entrar agora para substituir outros.

Bágdex: O Jogo traz claras inspirações no mundo Pokémon, uma série adorada mas que ultimamente recebe fortes críticas dos jogadores. O seu jogo obviamente tem um escopo menor, mas quais são os maiores desafios técnicos que a equipe espera enfrentar?

WT: Acredito que o maior desafio técnico que temos atualmente é poder encaixar todas as mecânicas que queremos. Apesar de a inspiração ser Pokémon, Bágdex irá para um caminho um pouco diferente (e até inesperado para alguns). Com isso temos que pensar em novas mecânicas, formas de juntá-las e trazer novidades ao mesmo tempo que não perca a essência e familiaridade do público para com os jogos de monstrinhos que todos já conhecem.

Vários Bágmon iniciais e uma difícil escolha.

Queremos que este projeto tenha uma longevidade e rejogabilidade, isso demanda organizar muito bem as ferramentas que temos para construir algo sólido e principalmente divertido para todos.

Atualmente, o projeto está em financiamento coletivo por uma parceria com a Nuuvem. Então, é certo dizer que teremos uma versão para   computadores. Jogadores de consoles poderão aproveitar Bágdex: O Jogo em alguma de suas plataformas favoritas?

WT: Esperamos muito que sim! Nosso financiamento coletivo tem uma meta extra para fazer a portabilidade para consoles. Fazer isso demanda um esforço (tanto de tempo quanto financeiro) extra. Como não somos uma empresa gigantesca e bilionária, dependemos muito de até onde chegaremos no financiamento coletivo. Nossa vontade é que tenhamos o jogo para todos os consoles da atual geração (e da passada também).

Há alguma forma de conhecer mais das criaturas Bágdex?

WT: Sim! No primeiro momento do projeto, logo após ele viralizar, nós nos juntamos e criamos um servidor no Discord para começar a pensar em um aplicativo da Bágdex. Ele aconteceu, e depois de alguns meses de trabalho lançamos ele gratuitamente para iOS e Android.

No app da Bágdex é possível ver em quais animais os Bágmon se inspiram.

Nesse aplicativo, você pode ver todos os Bágmon, além de suas descrições, suas inspirações, tipagens, vantagens, desvantagens, ataques, fotos de fotógrafos brasileiros convidados, informações científicas e sobre extinção e muito mais. Detalhe: tudo narrado com a “voz da Bágdex”.

Foi um trabalho muito intenso de pesquisa do qual nos orgulhamos muito, pois o aplicativo tem servido como ferramenta educacional em vários contextos. Muitas das informações que estão nele hoje vão mudar para o jogo (e consequentemente, atualizaremos ele também).

Bágdex: O Jogo terá alguma funcionalidade on-line? Quais diferenças na jogabilidade, em relação a Pokémon, podemos esperar?

WT: Recentemente desbloqueamos, no financiamento coletivo, a função de PVP para você batalhar com seus amigos. Estamos aos poucos vendo onde podemos chegar com a questão do on-line, pois é uma feature extremamente importante mas que deve ser pensada com muito cuidado. Queremos que a Bágdex seja um projeto que não tenha funções que dependam do on-line para realizar ações específicas, todo jogador deve poder aproveitar 100% do jogo mesmo estando offline. Queremos trazer coisas diferentes da franquia Pokémon, nosso principal objetivo é que no futuro Bágdex seja uma coisa totalmente desvinculada com a imagem da franquia de inspiração.

É bolacha ou biscoito?

Atualmente, na internet, há discussões acirradas sobre o uso de NFTs, algo que já foi considerado por você em 2019. Hoje, em 2023, há algo relacionado a NTF para Bágdex: O Jogo?

WT: De forma alguma! Bágdex: O Jogo não tem nenhuma relação com NFTs ou transações de criptomoedas. Eu fiz Engenharia de Software, faz parte do meu trabalho entender como novas tecnologias funcionam. Em 2019, quando surgiu o “boom” das NFTs, eu fui atrás para descobrir como esse mercado funcionava, o que me levou a criar algumas para teste usando desenhos superantigos. Logo após isso, eu nunca mais trabalhei com algo do tipo, e qualquer informação que circule atualmente vinculando nosso projeto a isso não passa de fake news.

Quais as empresas envolvidas no projeto e qual o papel de cada uma delas?

WT: Atualmente temos quatro marcas que são os pilares do projeto. Temos a Caramelo Games, empresa da qual faço parte e que cuidará da produção do jogo; temos a Dumativa, nossa parceira que está nos ajudando com o financiamento coletivo e futuramente será a publisher do projeto; temos os Castro Brothers, nos ajudando na parte criativa e marketing; e por fim, mas não menos importante, a Nuuvem, nos ajudando com o financiamento, pré-venda, assessoria e distribuição quando o jogo lançar. Não posso deixar de citar também como menção honrosa Miura Jam, que compôs a magnífica música-tema do projeto e está trabalhando conosco em vários remixes.

Muitas pessoas comentam na internet sobre a possibilidade de a Nintendo processar os responsáveis pelo Bágdex: O jogo por causa das similaridades com Pokémon. O que a equipe tem a falar sobre isso?

WT: É uma questão extremamente comum, dado o histórico da Nintendo de derrubar projetos de fãs. Só que esse é o ponto-chave: nosso projeto não é como um projeto de fã ou hackroom. Bágdex: O Jogo é algo completamente autoral, não usa nenhuma propriedade intelectual de terceiros.

Wagner Tamborin garante que tudo que estará no jogo será 100% autoral.

A Nintendo é dona de personagens, nomes, histórias, visuais, músicas, mas não é dona de estilos e mecânicas de jogo, isso não é algo registrável. Se assim fosse, não teríamos outros monster catcher de sucesso por aí nas lojas (inclusive na eShop, a loja do Switch), como Coromon, Tem Tem, Nexomon… é um medo compreensível, mas podem ficar 110% tranquilos quanto a isso.

No primeiro momento do projeto, quando havia Bágmons que eram versões brasileiras de Pokémon já existentes, aí, sim, teria algum problema caso fossem comercializados ou incluídos no projeto. Mas como eu disse, o projeto não está mais nesse momento, tudo está sendo revisado com muito cuidado e carinho para entregarmos um produto do qual todos possam se orgulhar.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm