Eu gosto demais de Fire Emblem. A franquia sempre me atraiu tanto pela estética anime quanto pelos mapas construídos de maneira fechadinha e funcional – e mesmo que as frustrações ocorressem muitas vezes por conta de um hit crítico, ela se tornou uma das minhas séries do coração.
Então é claro que quando Fire Emblem Engage foi anunciado em setembro do ano passado, eu fiquei muito empolgado. Saindo no final de janeiro, joguei o título bastante e tenho opiniões fortes a seu respeito. Se são positivas ou negativas, você descobrirá lendo os parágrafos abaixo.
Mesmo sendo fã de Fire Emblem, confesso que nunca consegui gostar muito da história dos jogos da série – seus personagens são engajantes (heh) não pela atuação na grande trama, mas sim pela forma que se comportam nos diversos desafios que rolam com certa frequência e também nas interações de suporte.
Porém, mesmo que a história não fosse das melhores, eu nunca me senti irritado com a trama da franquia. Mas existe primeira vez para tudo, e Fire Emblem Engage me gerou essa sensação em doses cavalares.
Resumidamente, a história envolve tons de novelas globais clássicas do começo dos anos 2000, com adoções e filhos de criação que renegam seus pais abusivos após descobrir o carinho paternal por meio de terceiros – tudo isso envolto em uma trama que pela primeira vez em muitos títulos não tem um tom político sequer.
Fiquei um pouco revoltado com isso, admito. Three Houses, por mais que tenha inúmeros problemas, explorou muito bem o vácuo de poder que a religião deixa em estados que a utilizam como um dos pilares governamentais, e Fates antes disso, embora também contando com trama de adoção dependendo da rota, conseguia trabalhar bem como nações rivais se comportavam.
Em Engage, porém, tudo beira o caricato. Algumas das nações que visitamos tem personagens que parecem quase o núcleo do bairro do Bixiga de alguma novela da Globo da faixa das 18h de alguns anos atrás, apelando para suas semelhanças com os países utilizados como inspiração para serem caricaturas e estereótipos – é irritante e um tanto desrespeitoso com o que veio antes na franquia.
Acho que tudo isso piora, ao meu ver, pela nova arte. Embora ela seja linda nos modelos 3D (e também fantástica por estar rodando tão bem no Nintendo Switch, principalmente lembrando da atrocidade que o título anterior era), há algo nela que destoa muito do resto da franquia – quase como se a qualidade de “realeza” presente neles fosse perdida em troca de algo que é muito mais anime.
Sei que isso é uma questão de gosto pessoal, claro, mas eu realmente senti falta daqueles traços com cores mais bucólicas, em vez dessa paleta saturada que agora rege todo o jogo – embora, inegavelmente, na tela do Switch OLED ela destaca-se como poucos títulos do sistema. De se pensar, não é mesmo?
Bom, é possível que pelas minhas palavras no tópico anterior você assuma que eu odeio Fire Emblem Engage. A verdade, porém, é que eu o amo, já que na parte que eu mais gosto, ou seja, jogabilidade, táticas e mapas bem feitos, ele se destaca como poucos da franquia.
Mesmo na dificuldade normal a famosa estratégia de somente deixar mais forte o protagonista e um arqueiro não funcionará aqui – é de extrema importância realmente criar estratégias para avançar pelos desafios impostos pela campanha, e sinceramente foi intensamente satisfatório toda essa jornada.
Como sempre, na primeira jogada de um Fire Emblem, só fiz os capítulos principais – no futuro pretendo jogar uma segunda vez explorando todo o jogo – e nessa progressão mais rápida e cadenciada da campanha eu simplesmente encontrei interações táticas que não via há muito tempo na franquia e no gênero como um todo.
Além disso, as melhores coisas de Three Houses voltaram: a possibilidade de poder escolher livremente a rota de promoção de seus heróis, sem limitações. Os pré-requisitos para a mudança de classe, porém, foram trocados: saem as aulas do monastério, entram os anéis de Emblema.
Os anéis de Emblema são a parte “comemorativa” de Fire Emblem Engage, usando os protagonistas de títulos anteriores, e visualmente se comportam como os Personas da série Persona ou como as stands de JoJo Bizarre’s Adventure. Na prática, ou seja, jogabilidade, eles são itens que dão buffs e possibilitam que os bonecos possam utilizar armas que não estão acostumados, além de herdar habilidades que mudam completamente seu plano tático.
Por isso, um cavaleiro montado, por exemplo, pode virar um espadachim ou um dançarino – basta encaixar o emblema certo e usar ele o suficiente para que a herança de habilidades ocorra. É, de fato, engajante (heh).
Dito tudo isso, não há outra forma de falar sobre Fire Emblem Engage do que como um jogo em que a falta de congruência em qualidade nas partes de história e de jogabilidade. Enquanto o gameplay pode ser considerado o melhor da franquia, a história figura tranquilamente no topo das piores.
Então, vale a pena jogar? Meu papel como crítico não é responder essa pergunta, mas sim dar ao leitor um arcabouço teórico para que ele decida por si só se quer ou não partir nessa aventura. Deixo então o destino deste jogo com você, meu caro internauta – mas independente de sua decisão, espero que ela lhe traga alguns sorrisos.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm